Bruno envolveu meus ombros com um de seus braços e eu apoiei minha cabeça em seu ombro. Dinho, Fera e Lia se entreolharam, obviamente incrédulos com o que viam.
— Vocês estão... Namorando? — Dinho perguntou ainda confuso.
Não respondi a pergunta, apenas esbocei o maior sorriso do mundo quando Bruno fez que sim com a cabeça. Mas logo ele se desfez... Uma risada irônica saltou sobre a boca de Fera.
— A santa Maria de Fatima? — Ele ainda gargalhava. Revirei meus olhos — Quando dizem que os opostos se atraem, não estavam brincando — Ele ainda riam, e eu pude sentir que Bruno deu uma risada baixa também.
Mel fuzilou os dois com os olhos.
— Ok, ok, Fera, acho que já deu para você, né? — Ela disse levantando-se e sendo observada por dois olhos castanhos e confusos. Ele não estava entendendo. Nem eu... — Por que não vai dar uma voltinha na rua? — Deu um sorriso sínico e o puxou pelo braço, fazendo-o levantar.
Lia, Dinho eMalu riram.
— Você vai me expulsar do meu próprio quarto, Mel? O que quer fazer comigo agora? — Um sorriso malicioso brotou de seus lábios. Ela revirou os olhos.
— Bem, para a primeira pergunta: sim, eu vou lhe expulsar do seu próprio quarto. Já para a segunda: nada, esqueceu que eu tenho bom gosto? — Ela deu um sorriso falso e o empurrou para porta — Agora saia.
— Mas o quarto é meu.
— Saia — Ela repetiu rindo. No momento, todos já estavam rindo também. Ele saiu. — Ufa, pensei que ele não ia embora nunca — Sorriu inocentemente e sentou-se onde ele estava sentado antes. Todos gargalharam.
— Oh, você é sempre tão doce, Mel... — Dinho ironizou.
— É, eu sei.

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Gil e Ju estavam chegando ao quarto. Eu sabia disso porque conseguia ouvir as risadas dela desde quando ele ainda estava abrindo a porta. Impossível não ficar feliz com Gil por perto, mesmo que o próprio motivo da tristeza seja ele.
Eles entraram.
— Ei, o que é isso? Festinha e nem me convidaram? — Ela brincou referindo-se a quantidade de pessoas que tinha no quarto.
Ju sentou-se em uma cama que estava vazia e Gil sentou-se ao lado de Lia, que estava lendo alguma revista. Sim, ele era curioso.
— Que sono! — Falei tentando quebrar o silêncio.
— Também, você não dormiu nada essa noite — Malu falou brincando. Eu ri mostrando a língua para ela.
— É... — Resmunguei e fui para onde Ju estava sentada e deitei-me em seu colo — Boa noite — Sorri em brincadeira.

As últimas coisas que eu ouvi foram algumas risadas. Eu realmente estava cansada, e adormeci muito rápido.
Tanta coisa estava acontecendo em tão pouco tempo, eu estava tão sobrecarregada e dormindo tão pouco...
Quando acordei eu não estava mais no colo de Ju, não estava mais rodeada com os meus amigos e Lia. Olhei em volta. Eu estava em um travesseiro e sozinha no quarto. Mas por pouco tempo, logo a porta do banheiro se abriu e Bruno saiu apenas de toalha. Ele tomara banho, obviamente.
Depois de quase morrer vendo-o daquele jeito, percebi que ele ainda não tinha percebido que eu estava acordada. Botei minha cabeça no travesseiro novamente e fechei meus olhos até a metade. Não que eu queria o ver pelado, mas... Ah... Ele não faria isso. Pegou alguma roupa no seu armário e voltou para o banheiro. Suspirei baixo. Que bom que ele não fez o que eu achei que faria. Bem, vocês sabem...
Depois voltou e a toalha que estava em sua cintura, agora estava em suas mãos, secando seu cabelo. Ainda estava fingindo dormir. Respirei fundo e ele olhou para mim sorrindo. Aproximou-se e deu um selinho em meus lábios. Sorri e abri os olhos “acordando”.
— Queria acordar todo dia assim — Ri acompanhada dele.

— Onde estão todos?
— Mel foi mostrar o Campus para eles...
— E você? Estava fazendo o que? — Sorri.
— Antes de ir tomar banho? Velando seu sono.
Meu sorriso ficou maior. Senti o sangue fervente subindo minhas veias e parando em minha bochecha. Eu estava corando.
Eu ainda estava deitada e ele sentado ao meu lado. Levantei-me, sentando também, fazendo meu rosto ficar bem próximo ao dele. Ele levou suas mãos para o meu cabelo, arrumando-o, provavelmente eu estava descabelada. Mas logo as levou em minha nuca, puxando meu rosto delicadamente, até nossos lábios se selarem.
Uma manada de elefantes dançava em meu estomago. Tudo era tão perfeito... Seu beijo, seu cheiro, seu toque.
Eu estava ficando ofegante com a velocidade que nossas línguas e lábios se moviam. Mas eu não me importava com isso. O simples fato de seu perfume invadir minhas narinas, já me era o suficiente.
Ele parou o beijo e roçou seus lábios em minha bochecha. Abracei-o pela nuca, encaixando minha cabeça em seu ombro. Ainda estava tentando fazer minha respiração ficar normal. Tentativa inútil, foi só olhar em seus olhos novamente que eu me esqueci completamente de que o ar era fundamental para alguma coisa.

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Ele levantou foi até o banheiro pendurar sua toalha. Levantei-me também e arrumei meus cabelos, ainda tentando me recompor.
— Quer ir ver a faculdade? — Ele perguntou.
— Sim — Virei-me para trás, dando de cara com um Bruno muito próximo de mim.
Dei um passo à frente, selando novamente nossos lábios, mas desta vez mais rápido, separando-os logo. Ainda estava com os olhos fechados, tentando me lembrar como se respirava.
Mas logo senti uma mão tocando a minha e me puxando para fora do quarto. Andávamos pelo corredor um ao lado do outro. Não agüentei e o abracei de lado, ainda andando, pela cintura. Ele riu e envolveu meus ombros com um de seus braços. Ri também.

Separamo-nos quando estávamos chegando à sala que dividia a ala dos meninos e das meninas. Ele sorriu cumprimentando alguns amigos e logo se dirigiu até a grande porta de vidro, que dava para o jardim. Acompanhei-o.
Ele me mostrou cada parte daquela universidade, e só naquele momento pude ver o quão popular ele era, e o quanto eu iria sofrer com isso. Todos o cumprimentavam. Meninos, meninas, santas e vadias.
Terminamos de ver o pátio e ele me levou para a ala de esportes. Com o enorme campo de Futebol Americano no centro. Entramos no mesmo e eu sentei-me no primeiro degrau da arquibancada, ele ficou em pé na minha frente.
— Então é aqui que você brilha? — Perguntei sorrindo. Este ano, Bruno provavelmente seria o capitão do time.
— É — Disse muito modesto e depois riu. Sim, eu estava sendo irônica com o “modesto”.
— E é sentada aqui que eu vou olhar para trás e morrer de ciúmes com todas as vadias olhando para você? — Meu sorriso sumiu.
— Você não vai precisar.
Logo, meu sorriso voltou. Argh, Bruno, quer parar de ser tão perfeito? Não, não pare, por favor. Ri com os meus próprios pensamentos.
— Rindo do que? — Ele perguntou sentando-se ao meu lado.
— De como a vida é irônica — Blefei — Você se lembra do que estávamos fazendo há vinte e quatro horas atrás?
— Sim. Nós estávamos conversando sobre como não daria certo, de como eu era galinha e blábláblá — Ele gargalhou.
— E veja onde estamos agora.
— Pois é — Ele disse puxando-me para um abraço.

Ainda estávamos abraçados quando eu ouvi uma espécie de sino muito alto que me fez dar um pulo.
— O que foi isso?
— Sinal. O almoço está servido — Falou levantando e estendendo a mão para mim — Você vem?
Sorri e peguei sua mão, levantando-me também.
— Claro.
O toque de sua mão gélida na minha fez meus músculos – do topo de minha cabeça até meu último dedo do pé – contraírem-se. Meu coração batia mais forte a cada segundo.
Chegamos ao refeitório e todos já estavam lá. Tantas meninas fuzilando-me com os olhos, obviamente, me intimidaram.
Respirei fundo e sentei-me à mesa ao lado de Ju, que estava na ponta. Bruno foi em outra mesa cumprimentar alguns amigos. Sim, incluíam mulheres.
Suspirei irritada. Eu nunca fora ciumenta a esse ponto, mas sabia que eu tinha motivos de sobra para isso.
— Calma, fatinha, você sabe que é de você que ele gosta — Ju tentava me reconfortar.
Apenas assenti e peguei minha bandeja, indo servir-me de calorias.

O almoço passou rapidamente, e a tarde também. Estávamos todos, incluindo Lia e Fera, no jardim, combinando os detalhes da festa que seria naquela noite.
— Ah, não sei se vou — Murmurei.
— Por quê? — Malu perguntou.
— Não tenho um bom histórico de festas.
— Mas dessa vez nada de ruim vai acontecer — Bruno sussurrou em meu ouvido, estávamos abraçados de lado. Estremeci com seu hálito quente em meu rosto. Oh céus, você quer me matar, Brunor?
— Obrigada, mas não quero ir mesmo... Pode ir, eu confio em você — Falei baixo para ele, sorrindo.
— Não. Eu não vou sem você, fatinha — Cochichou.
— Tudo bem, eu vou — Disse um pouco mais alto, para todos ouvirem: Bruno estaria acompanhado na festa.
Ele sorriu e apertou mais o abraço.