— Eu. Quero. Matar. Você! — Falei pausadamente enquanto ela entrava em meu quarto.
— Não quer, não. Na verdade, você quer me agradecer — Ela sorriu.
— Por quê?
— Por eu ter deixado vocês a sós para conversarem.
— E quem disse que eu queria conversar?
— Tudo bem, desculpe! Mas o que aconteceu lá?
— Nada... Quero dizer, a mesma coisa de sempre, chegamos à conclusão que o melhor a se fazer é deixar tudo isso para lá.
— Não, não é! — Ela levantou um pouco a voz — Fatinha, fala sério, você não consegue mais viver sem ele! Desde que vocês decidiram serem só “amigos” você está triste, admita!
— Mas é claro que eu estou!
Ficamos um pouco em silêncio, e eu me deitei em seu colo.
— Eu ainda não falei tudo o que eu queria para ele... — Conclui.
— E por que não fala?
— Não sei... Vergonha, talvez.
— Por quê? não se esqueça que ele também está apaixonado por você!
— É... — Levantei-me da cama — Eu já volto.
Saí do meu quarto e fui a sua procura.

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Procurei-o na cozinha, sala e em seu quarto; nada. Achei Gil vendo televisão.
— Onde está Bruno?
— Saiu...
— E onde ele foi? — Perguntei curiosa. Ele riu.
— Acho que na casa de Mel...
Meus olhos faiscaram de raiva. E, confesso, de ciúmes. Deitei-me no sofá ao lado. Ele olhou para mim com uma expressão de quem sabia o que estava se passando. Bruno contara para ele, claro.
— Gil, o que eu faço? — Falei botando minhas mãos em meus olhos para segurar as lágrimas.
— Em relação a o que?
— Por favor, não se faça de bobo... Não agora.
— Você sabe que ele está tão confuso quanto você.
— Não parece...
— Claro que não parece! Você sabe aquilo que dizem? Homens não costumam demonstrar seus sentimentos...
— Pois deveriam! — Desisti de segurar as lágrimas e comecei a chorar.
— Não chore... — Gil odiava ver meninas chorando. Desde pequeno era assim.
— Então se ponha no meu lugar, e, por favor, diga-me o que eu faço — Pedi.
— Você já falou tudo o que pensa para ele?
— Não...
— E ele para você?
— Não. Na verdade, ele não falou nada do que ele pensa para mim. Esse é o problema.

— E agora? O que ele foi fazer na casa da Mel? — Perguntei.
— Você está com ciúmes — Ele disse.
— Não!
— Não foi uma pergunta, foi uma afirmação — Lembrou rindo.
— Tudo bem, eu estou com ciúmes — Admiti.
— É, eu sabia...
— Gil! — Ri.
— Tudo bem, desculpe! Mas você não era tão confusa assim antigamente...
— Eu não sou confusa! Eu apenas estou...
— Confusa?
— É...
Ele fez uma expressão divertida.
— Sabe o que eu penso disso tudo? — Ele começou — Que vocês dois são orgulhosos e não querem aceitar tudo o que está acontecendo.
— Mas não daria certo! — Repeti a frase mais repetida por mim do dia.
— Mas pelo menos vocês teriam tentado...
— Bruno não é uma pessoa que namora.
— E quem falou em namorar?
— O que você quer? Que ele fique comigo e com todas as meninas da cidade ao mesmo tempo?
— Olhando por esse lado... Você está certa.
— Eu sei — Sorri.
— Que convencida! — Brincou.

Caí no sono no sofá mesmo, acordei já em minha cama. Como eu chegara ali? Olhei para o lado e Malu já estava em seu décimo sono, provavelmente. Ergui meu punho e vi a hora em meu relógio. Era de madrugada... Resolvi descer para tomar água.
Ao chegar lá em baixo, vi que Gil e Bruno estavam ainda na sala, vendo desenho animado na televisão. Quando dizem que homens amadurecem mais tarde não estavam brincando!
Aproximei-me deles e sentei-me no chão mesmo, pois os dois estavam deitados. Um em cada sofá.
— Como eu fui parar em minha cama? — Perguntei confusa. Os dois riram.
— Você está brincando? Cheguei em casa e vi vocês dois dormindo nos sofás, Gil eu não conseguiria carregar, mas você até que é leve... — Bruno disse.
— Por quê? Você achou o que? Que eu sou gorda? — Brinquei.
Logo me lembrei de onde ele tinha ido. Eu estava segurando-me para não perguntar o que ele fora fazer na casa da Mel. Mas logo mudei de assunto.
— Está tarde... O que ainda estão fazendo aqui? — Perguntei.
— Vendo televisão — Gil falou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.
— Oh, sério? — Ironizei. Ele riu.
— E o que você está fazendo aqui?
— Ah é! Eu vim tomar água, tinha esquecido — Sorri levantando-me e indo até a cozinha.

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Voltei para sala e sentei-me novamente ao chão. Eu estava sem sono. Gil mudou o canal da televisão, passando um por um.
— Que nojo... — Falei quando ele passou por um canal com pornografia. Os dois riram.
Passamos mais alguns minutos assistindo outro desenho animado, até que Bruno levantou-se e foi ao banheiro. Logo que ele saiu, eu botei as mãos em meu rosto e exclamei um “Argh”. Obvio que ficar no mesmo lugar que ele era desconfortável.
— Fatinha, vou dormir — Gil disse.
— Ah não. Você não vai me deixar aqui sozinha com ele — Sussurrei fazendo ele rir.
— Vai ser bom para vocês conversarem. Boa noite... — Subiu as escadas.
Logo Bruno voltou do banheiro e voltou a sentar-se no sofá.