Tudo bem... Quando eu disse “eu já não ligo mais”, eu estava mentindo, confesso.
Eu não tinha saída. Ir para a sala, nem pensar. Voltar para cozinha, nunca! E eu já não agüentava mais ficar no meu quarto.
Liguei para Ju. Minha única salvação.
— Ju?
— Sim, quem fala?
— Fatinha.
— Oi! Como vai? Que bom que me ligou, sabe, eu estava pensando em ir ao shopping hoje a tarde, mas Mel não quis ir comigo, porque ia ficar o dia todo no salão para se arrumar para a festa de hoje a noite, então, quer ir comigo?
Como ela fala! Ri.
— É... Calma, Ju, então, eu liguei para você por que... Você acredita que Bruno convidou Fera para vir aqui em casa? Agora eles estão lá na sala, e eu não tenho como sair... A porta da casa fica bem em frente aos sofás!
— Ele fez o quê? — Ju falou nervosa. Nunca havia visto ela assim.
— Isso mesmo que você ouviu... Então, agora eu não sei o que fazer.
— Eu estou indo para aí, um minuto.
— Obrigada.
— Não há de quê, tchau.
— Beijo.

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Mas... Como eu iria abrir a porta? Meu Deus, eu pareço uma criança com o primeiro beijo! É, eles se beijam, e passam o resto da infância com vergonha um do outro.
A campainha tocou. É agora. Desci calmamente as escadas e passei pela a sala com uma calma totalmente falsa. Bruno olhava-me com uma cara de quem não entendia o que se passava... Já Fera olhava-me sorrindo. Um sorriso diferente, malicioso. Parecido com o do... Bruno Claro, agora tudo fazia sentido! Fera nunca fora diferente de Bruno, eu estava totalmente iludida.
Abri a porta e lá estava ela, Ju. Linda, como sempre.
Foi só ela entrar que a expressão de Bruno mudou. Ele, achando que a visita era para ele, levantou-se e foi até ela.
— Juliana! — Sorriu. Ele sempre ficava bobo quando ela estava por perto. Na verdade, todos ficavam... Até Fera levantou-se achando que ela teria vindo visitá-los. Gargalhei. Na verdade, gargalhei de nervoso. A cada segundo ao lado de Fera eu me sentia mais torturada.
Ju não falou com eles. Apenas pegou na minha mão e subiu rapidamente as escadas comigo.
— Por que você foi atender a porta?
— Por... não sei — Falei assustada. Ela tinha razão. Por que eu fui atender a porta, meu Deus?
— Você é muito corajosa — Riu.

— Ju, você vai à festa hoje à noite?
— Vou, por quê?
— Nada... Apenas gostaria de pedir um favorzinho a você — Sorri.
— Pode pedir — Sorriu também.
Contei a ela toda a história da minha quase-aposta com Bruno. Expliquei cada detalhe.
— Então, você acha que consegue? — Perguntei — Você sabe que ele é caidinho por você.
Ju gargalhou.
— Acho que consigo...
— Que bom.
Sorrimos malignas. De brincadeira, é claro.