Hook's POV:

(Flashback)

O céu azul estava pintado com fofas nuvens brancas, pelas quais irradiavam intensos e brilhosos raios de sol; esse que escondia-se atrás delas. A visão era realmente magnífica. A presença do sol era nítida, com todo aquele brilho emanando por detrás das nuvens, apesar das mesmas tentarem escondê-lo.

O navio balançava-se incessantemente, mesmo estando ainda parado no porto. Provavelmente deveria ser os ventos trabalhando em grupo com as ondas do mar. Os piratas haviam saído, o que deu alguns minutos para uma rápida - e segura - conversa.

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- Como veio parar aqui? - perguntei ao recém-chegado

- Problemas.

- Certo. Chegou há pouco tempo?

- Não. Ando escondendo-me por aí. Assim como vocês, imagino - respondeu Baelfire, meneando a cabeça em nossa direção.

- Você sabe para quem esses caras trabalham? - perguntei

- Ele mencionou o seu tio - comentou Luke

- Ei ei, vocês poderiam ter um pouco de calma por um instantinho só? Esse bombardeamento de perguntas me deixou tonto.

- Desculpe - falei.

Ele suspirou. E o sorriso que formava no canto de seus lábios, tímido, porém visível, fez com que eu soubesse que ele não estava falando tão sério. Relaxei um pouco depois disso.

- Não leve tudo o que digo tão a sério - falou o menino, como se estivesse lendo os meus pensamentos - Agora temos que sair daqui.

- Opa. Achei que vocês não falariam isso nunca! - exclamou Connor, já se levantando.

- E como supostamente deveríamos fazer isso? - disse Luke, puxando-o de volta.

- Supostamente fugindo? - arriscou.

- Temos que tomar o navio - falei, sobressaltado por ter exposto minha tão secreta e louca ideia.

- O que? - gritou Luke

- Você ficou louco? - perguntou Hubert, com uma expressão incrédula no rosto - Isso é impossível.

- Talvez - disse eu. Todos me olhavam com os olhos arregalados. Seria uma cena engraçada de se ver, se não estivéssemos prestes a morrer, ou quase.

- Então, se vamos fazer isso, precisamos de um plano - concluiu Luke.

- O que?

- Nós não vamos fazer isso.

- Por que não? - indagou Connor - Escutem, iremos nos ferrar de qualquer maneira, então que nos ferremos lutando. Além do mais, pode ser divertido.

- Divertido? - disse Hubert, com uma expressão mista de incredulidade, medo e horror.

- Isso.

- Não quero me intrometer, mas é uma ideia - disse Baelfire - Uma boa ideia, aliás.

- Imaginem o que poderíamos fazer com esse navio? Além de destruir o orgulho daqueles piratas porcos, caso fosse derrotados por inúteis crianças.

- Não entendi qual foi a do "inúteis" - protestou Connor

- Poderíamos ir a qualquer lugar a qualquer hora! - falei, imaginando quão bom seria caso isso realmente acontecesse.

- Certo. E quem iria, hum, dirigir o navio? Fadinhas? Sininho pode ser um amor, é verdade, mas acho que não tem diploma nisso - falou Connor.

- Eu sei algumas coisas... quer dizer, meu tio me ensinou. Nunca tive aulas práticas em um navio de verdade, mas acho que o que eu sei pode ser o suficiente.

- Você acha?

- Uhum.

- Pode ser interessante - comentou Connor - Divertido até. Quer dizer, vamos quase morrer de qualquer forma, certo?

- Certíssimo - disse Luke. Não consegui distinguir seu tom de voz, portanto não sabia se ele estava sendo sarcástico ou se estava falando sério.

- O que vocês acham? - perguntei, virando-me para Baelfire e Hubert.

- Pode ser perigoso, não sei se é uma ideia... mas se vocês decidirem fazer isso mesmo, paciência - disse Hubert

- Acho que pode funcionar - disse Baelfire, com um sorriso travesso no rosto.

Um silêncio estranhou inundou o convés do navio. Por um momento, tudo o que podíamos ouvir era o farfalhar dos ventos, o vai e vem das ondas do mar, e o canto de pássaros distantes.

- E então? - indagou Luke, quebrando o silêncio

- Dê as ordens, capitão - disse Connor, em tom de brincadeira, dirigindo-se a mim, mas realmente esperando que eu dissesse qual seria o próximo passo.

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Emma's POV:

(Agora)

- Hã...

- O que aconteceu aqui? - perguntou David, desconfiado, seu olhar pousando ora em mim, ora em Hook.

- Hã... Não sabia que você tinha celular - soltei para Hook, Não sei como não vi ele ligando para David. E tentar imaginar isso agora era tão estranho quanto a situação que estávamos vivendo. Ok, provavelmente não era mais estranho que isso. O que eu falaria para David, afinal? Que constrangedor.

- Não tenho, na verdade - respondeu Hook. Quis perguntar mais, entretanto preferi o silêncio. Era mais seguro - e menos constrangedor.

David veio até mim, ajudou-me a levantar, afagou meus cabelos durante um tempo e lançou um olhar raivoso a Hook, antes de dirigir-se a mim novamente.

- Você está bem?

Balancei a cabeça afirmativamente.

- Certeza? - insistiu ele, preocupado.

- Absoluta - falei, dando um sorriso forçado.

- O que Rumplestiltskin fez com você?

- Não se preocupe com isso. Ele me curou, acho.

- Acha?

- Bom, sim. É o que parece - sorri

Hook já havia se posto de pé e se ajeitado. Observei-o pelo canto do olho e agora ele estava encostado na parede, com os braços cruzados sobre o peito, o joelho dobrado, com o pé também encostado na parede. Observava a nossa cena com uma certa curiosidade, e ao que parecia, trazia estampado no rosto um leve sorriso bobo.

- O que aconteceu aqui? - perguntou David novamente, dessa vez dirigindo-se ao Hook.

- Não sei se você iria gostar de saber - respondeu ele, inclinando ligeiramente a cabeça e erguendo as sobrancelhas sugestivamente. A pose dele encostado na parede contribuía para lhe dar um ar provocante e insinuante forte o suficiente para ser entendido. Aliás, tudo nele era sugestivo. E eu detesto ter que dizer mas, devo admitir que adoro isso nele. Seu olhar encontrou o meu por alguns segundos e abaixei a cabeça, como se temendo que ele pudesse, de alguma forma, ler os meus pensamentos.

David, com um único e rápido empurrão o lançou mais ainda contra a parede, prendendo-o pelo o pescoço com seu braço.

- Sabe o que eu não gosto? - esbravejou David, com o seu braço cada vez mais riígido no pescoço de Hook.

- Diga, querido príncipe - falou Hook, com um sorriso sarcástico e provocante no rosto, porém com a voz rouca, evidenciando o desconforto ao qual estava submetido.

- Bom, não gosto de você, e sua inútil existência. Nada pessoal sabe.

Hook ergueu as sobrancelhas.

- Bem sim, na verdade é pessoal - continuou David - mas isso não importa. Diga-me, capitão, não seria interessante darmos logo um fim nessa sua existência? Todos sairiam felizes, isso eu posso lhe garantir.

- Bom - começou Hook, fingindo estar avaliando a situação, forçando uma falsa curiosidade - vejamos... acho que não seria tão interessante assim. Primeiro: você não conseguiria dar um fim na minha existência - David soltou uma gargalhada enojada - Veja bem, por mais que você, supostamente dê um fim na minha existência, ela não é inútil, como você disse - Hook gesticulava freneticamente, mesmo estando ainda preso por David - por favor, meu nome viveria por séculos, sou conhecido demais, você sabe. Segundo: creio que sua filha não ficaria tão feliz assim, e um pai deve honrar os desejos de suas crias, certo, príncipe? - David o apertou ainda mais contra a parede, o rosto contorcido de raiva. Hook soltou um gemido baixinho, quase inaudível.

- Vá em frente - disse Hook, forçando um sorriso, com a voz se extinguindo.

- É o que pretendo.

- Parem com isso! - intervi, puxando David pelos seus ombros, tentando afastá-lo de Hook - Não sejam ridículos!

- Ridículos? - exclamou David, ofendido. Ele já havia largado Hook, e esse, por sua vez, acariciava o pescoço com uma careta de dor estampada no rosto.

- Pai, por favor, não há necessidade disso. Achei que, dentre tantas pessoas, você estivesse no topo das mais racionais.

- Até mesmo a mais racional das criaturas cede aos seus instintos de vez em quando.

- E qual é esse instinto? Relembrando seus antepassados lá na antiguidade que matavam qualquer outro "macho" que ameaçava a sua existência? É esse o instinto? - provocou Hook

- Cale essa boca - vociferou David, já partindo para cima dele novamente, porém o contive, segurando-o pelos seus ombros.

- O máximo que você pode ameaçar é o meu sono. Sabe como é, posso ter muitos pesadelos a noite - falou David, casualmente.

Revirei os olhos. Era como falar com crianças!

- Vocês dois poderiam, por favor, parar com essa palhaçada?

- Desculpe - falou David, ainda olhando raivosamente para Hook.

Hook por sua vez, apenas lançou-me uma expressão arrependida.

Um silêncio rápido transbordou pela sala, quase achei que haveria então paz. Até ele ser cortado pelo barulho da mão de David, fechada atingindo o rosto de Hook.

- David! - gritei. Queria correr para Hook e ver se ele estava bem, mas me contive. Ui, pelo barulho deve ter doído.

- Droga - falou Hook, passando a mão no ferimento em sua bochecha, onde corria um filete de sangue, e dando um sorriso de desgosto.

- Agora, digam-me, o que vocês estavam fazendo esparramados no chão? - perguntou David

Ainda isso? Acho que ele com certeza já deduzira o que estávamos fazendo, apenas não conseguia entender por que essa fixação em tirar explicações de nós. Quer dizer, eu até entendia, afinal eu era sua filha, mas ainda assim.

- Bom... - começou Hook, sorrindo maldosamente.

- Nada demais - interrompi, antes que a explicação dele pudesse ser comprometedora demais e, claro, constrangedora demais. Mesmo não tendo vivido muito tempo com ele, David ainda era o meu pai, então pera lá. Hum.

Fiquei alguns segundos pensando em alguma desculpa, mas logo encontrei uma - péssima - não podia me dar ao luxo de demorar a eternidade elaborando uma boa mentira. Ele perceberia. Aliás, não importa o que eu dissesse, acho que ele já havia percebido mesmo então...

- Ele estava, hum, ensinando-me a manejar uma espada. Preciso saber usar bem uma, afinal de contas, com os pais que tenho... - dei um sorriso forçado - Ele estava me ensinando a usá-la sabe, e aí treinamos. Um pouco. Hã... e aí você chegou.

David ergueu as sobrancelhas desconfiado.

A espada de Hook estava na pendurada na calça dele, o que dava uma certa verossimilidade com a história que contei, apesar de eu não ter nenhuma por perto.

- Não cheguei a usar, de fato, minha espada, sabe como é, você atrapalhou... mas, quem sabe uma outra hora? - disse Hook, suas palavras recheadas de insinuações e duplos sentidos.

Talvez eu esteja enganada, mas acho que corei.

David novamente alternou seus olhares entre nós, e por fim, suspirou alto.

- Certo, Emma. Certo. Você é bem grandinha, não? - disse ele avaliando-me.

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- O que quer dizer com isso? - falei, na defensiva.

David suspirou novamente.

- Nada. Esqueça. Tudo bem. Mas, Rumplestiltskin curou você, então está bem?

- Estou.

- Não quer ir para casa descansar um pouco?

- Não, eu vou ficar bem - sorri.

Ele avaliou-me por mais um tempo.

- Certo. Qualquer coisa que precisar, avise-me, ok? Qualquer coisa.

- Ok, obrigada. - falei, sorrindo ternamente. David retribuiu o sorriso.

- Bom, preciso resolver algumas coisas agora. Você vem comigo - disse ele apontando para Hook.

- Querido, resolva você os seus problemas, não estou a fim de prestar generosidade e tomar o seu lugar - disse Hook, dando um sorrisinho para David e uma piscadela para mim.

- Seu retardado, ande vamos embora - falou David, pegando Hook pelo braço e empurrando-o na sua frente, um pouco forte demais.

- Até mais, Swan - falou Hook, olhando-me por cima do ombro de David e piscando mais uma vez - Até uma hora sem papais por perto, de preferência.

David o socou e ele gemeu.

- Até mais, Hook. - respondi, sem conseguir evitar que o sorriso se espalhasse pelo meu rosto.