Correu para seu quarto e trancou a porta. Só conseguiu chorar, sentou-se na beira da porta, e derramou inúmeras lágrimas.

– Porque isso, meu Deus? Porque meu pai me odeia tanto? Porque meus amigos de escola me odeiam? Será mesmo que é só porque eu sou gorda? – perguntava, entre as lágrimas – claro que não, Lupita, sua idiota. Você também é feia, apagada, uma tapada. Que ideia estupida essa de cantar. É claro que vai ser mais um fracasso como os outros. Eu sou uma droga! – colocou as mãos sobre o rosto, entre as lágrimas. Sentia um vazio imenso dentro de si, uma tristeza e uma dor interna infinita. Sem saber como aliviar isso, levantou a cabeça e viu uma pequena navalha que Lalinha havia deixado sobre algumas cartas. Certamente era pra entregar aos pais, mas esqueceu-se quando arrumava o quarto. Levantou-se do chão, e olhou o objeto. Enxugando uma lágrima, e certificando-se que a porta estava bem trancada, pegou a navalha, e vagarosamente, ainda nervosa, fez um corte em seu pulso esquerdo. Junto com um punhado de sangue, sentiu uma dor infinita.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Sim, é exatamente o que sinto por dentro! – disse, á si mesma. Fizera aquilo pensando aliviar sua dor interna em uma fisíca. Ficou alguns minutos parada, só a sentir aquilo. Em seguida, pegou a navalha e foi direto ao banheiro, lava-lá. Em seguida, jogou um pouco de água no pulso, e o envolveu com uma fita de papel. Enxugou a navalha e colocou ela de volta no lugar. Aquilo seria um segredo. Um perigoso segredo.

Enquanto isso, lá em baixo...

– COMO PODE? – disse Paulina, quase num grito.

– Estava merecendo aquilo. Não consigo mais suporta-lá. Quando era mais nova eram os choros, agora são essas ideias malucas. Primeiro o ballet, agora música. Ela quer me matar de vergonha! – soltou de volta

– ELA É SUA FILHA! – gritou Paulina, quase estérica.

– JÁ DISSE QUE NÃO! NÃO É E NEM NUNCA VAI SER! – gritou

– O QUE VOCÊ TEM NO LUGAR DO SEU CORAÇÃO? É SANGUE DO SEU SANGUE, VEM DE VOCÊ. É SÓ UMA CRIANÇA QUE TE AMA E FAZ DE TUDO PRA TE AGRADAR! QUANDO VAI PERCEBER ISSO? QUANDO JÁ FOR TARDE COMO QUANDO A PAOLA ERA VIVA? QUANDO TUDO JÁ ESTIVER DESGRAÇADO? – soltou Paulina, enfurecida.

Carlos Daniel se encheu de ódio, e por impulso, deu um tapa na esposa. Todos ficaram abismados.

– JÁ CHEGA! – gritou Piedade, se atravessando na frente.

Paulina deixou uma lágrima escapar dos olhos.

– Maldita hora em que te conheci, Carlos Daniel! – disse, e subiu, chorando.

– COMO PODE? – perguntou Estefhanie, horrorizada – venham, crianças. Vamos subir! – disse ela, pegando Raimundo e Paulinha, que ainda estavam assustados, e os levando para cima.

Carlinhos e Lizete o olharam sem acreditar.

– Porque fez isso com a mamãe? – disse Lizete, segurando a raiva. Nunca havia estado tão furiosa – eu te odeio! – disse e saiu

– Nunca pensei que fosse capaz disso! Você não merece a mamãe nem tão pouco a Lupi! – afirmou Carlinhos, seguindo a irmã.

Carlos Daniel ficou sozinho com a Vovó e os empregados, que observavam tudo, escandalizados.

– Adelina! – disse Vovó – você e os outros empregados estão dispensados. Podem ir dormir! – disse ela, que foi obedecida. Logo, ficou sozinha com o neto.

Carlos Daniel, abaixou a cabeça.

– Tem consciência do que fez? – perguntou, olhando fixamente pra ele. Ele não respondeu.

– OLHE PARA MIM! – ordenou, e foi obedecida – Viu o que fez com a Paulina? Sua esposa, a que você tanto diz que ama? É assim que agradece tudo o que ela fez e faz por você? E a sua filha, hein? Uma menina que te ama e faz de tudo pra te agradar, e assim que você a retribui? No que você se transformou, Carlos Daniel? – perguntou