Segredo

Capítulo 37


Quando chegamos na porta da sala, eu dei um longo suspiro antes de o Filipe abrir a porta. Essa sala não era diferente da sala de artefatos bélicos, tinham as mesas que comportavam duas cadeiras cada, a porta ficava no final da sala, então a primeira coisa que víamos era o quadro.

Começamos a caminhar por ela procurando o melhor lugar para nos sentarmos, tivemos esse privilegio porque a sala ainda tinha poucos alunos, na verdade nem a minha mãe, quero dizer, nem a professora tinha chegado ainda.

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_ Por que não nos sentamos ali atrás mesmo? _ eu perguntei apontando para traz quando já havíamos chegado às carteiras que se encontravam perto do quadro.

_ Porque aqui na frente é melhor de enxergar o quadro. _ ele respondeu já jogando sua mochila em uma cadeira, que só não ficava perto do quadro, mas também perto da mesa da professora.

_ Se você tem problema de visão então vai ao oculista. _ eu disse sem nem tirar a mochila do ombro.

_ Não é por isso _ ele disse já sentado sem olhar para mim, mexendo em alguma coisa na bolsa, eu acho que ele tava só fingindo depois do rumo que a conversa teve.

_ Então vamos lá para traz _ eu falei já puxando a bolsa da frente dele.

_ Não _ ele exclamou pegando sua mochila de volta das minhas mãos.

_ Por que não? _ Eu questionei, eu não queria realmente ficar tão perto assim da minha mãe.

_ Porque não _ ele balbuciou ainda fingindo procurar algo na bolsa que ele tinha acabado de recuperar.

_ Que diferença faz sentar aqui ou lá traz? _ eu quis saber.

_ Nenhuma _ ele disse dando um suspiro, logo depois ele pegou o caderno da bolsa enquanto falava _ sua mãe mandou que sentássemos aqui OK!

Eu fiquei calada depois daquela informação, por que a minha mãe iria me querer tão perto dela? O que ela achava, que eu ia fugir dali? Bem que se tivesse um jeito eu teria fugido, só não sei para onde.

_ Foi a mãe que é a professora dessa aula? _ o Filipe falou achando que o meu silencio e a minha cara de “O que?” fosse pelo motivo de eu não saber qual das mães lhe tinha pedido aquilo.

_ Ta que seja. _ eu balancei a cabeça, se eu já não queria sentar ali na frente só pelo fato dela ser minha mãe, agora que eu não queria mesmo, só porque ela tinha pedido. _ Eu continuo querendo não sentar aqui.

_ Mas vai ter que sentar _ ele disse me olhando dessa vez.

_ Não vou não _ eu simplesmente disse com uma cara de “é obvio que não” já me virando para ir para alguma cadeira mais afastada dali.

_ Você tem que sentar sempre junto de mim _ ele falou ficando de pé e segurando meu braço.

_ E se eu não quiser? _ e resmungue soltando o meu braço das mãos dele e já voltando a andar.

_ Então vai ter que arcar com as conseqüências _ disse ele me seguindo.

_ Conseqüências? _ eu falei rindo e me virando _ só porque eu não dividi uma carteira com você?

_ Não é apenas dividir uma carteira _ ele começou a explicar me pegando pelo braço e me levando até onde estavam as suas coisas. _ Depois eu te explico isso, agora senta aqui, por favor _ ele apontou uma cadeira a nossa frente.

Bem, eu sempre fui muito curiosa e desde o treino de direção, que foi quando eu sugeri que eu e a Brenda nos sentássemos atrás enquanto os meninos, que tanto queriam, sentassem na frente e eles me olharam como se eu tivesse enlouquecido de vez, que eu queria saber que mal haveria nisso. Pelo visto eu só iria conseguir a resposta com o chato se eu fizesse o que ele me pedia, então eu me sentei.

_ Não vi nenhum mal em sentar lá traz _ eu resmunguei enquanto eu tirava um caderno novo da bolsa _ e daí que ela pediu?

_ Primeiro: ela não pediu, mandou _ o Filipe começou a enumerar _ e segundo: não dá para desobedecer os treinadores sem levar no mínimo um castigo por isso e como eu já disse...

_ Você não pode ficar de castigo hoje _ eu completei a frase _ eu já entendi isso.

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_ Toma _ o Filipe me passou o caderno dele.

_ Para que eu quero isso? _ eu perguntei erguendo o caderno.

_ Para copiar as aulas que você perdeu _ ele falou como se fosse muito obvio.

_ Depois eu copio _ e eu jogue o caderno para o lado dele.

Quando eu falei “depois” eu esperava que fosse um depois muito depois mesmo, sabe? Tipo, nunca. Eu não tava nem um pouco afim.

Ficamos calados enquanto assistíamos o resto dos alunos se acomodarem na sala.

Infelizmente nenhum dos outro que eu já conhecia tinha aula ali naquele horário, quero dizer, tinha uma garota da qual a Brenda já tinha me falado, a tal da Alicia. A Brenda já tinha me falado muito mal dela, bem, como eu não queria ficar ali por muito tempo (eu ainda tinha a ilusão de que poderia sair dali em breve) eu não ia ver se o que a Brenda tinha razão.

Um ou dois minutos depois que todos já tinham chegado a professora chegou, ou seja a minha mãe.

_ Rarruxi din ( se escreve: Хороший день) _ ela falou, bem eu acho que ela falou.

Eu nem me preocupei em não ter entendido nada, desde que eu tinha chegado a esse lugar eu já não entendia minha mãe, mesmo que ela estivesse falando em português.

_ O que professora? _ eu ouvi o Filipe perguntar.

Eu o olhei intrigada, como ele não tinha entendido? Ele tinha uma semana a minha frente, ele já devia saber mais ou menos o que ela falava.

Dei uma olhada nos outros alunos, e eles pareciam tão confusos quanto o Filipe.

_ Rarruxi din! _ ela repetiu e começou a escrever no quadro o que eu achava que era o que ela tinha falado.

_ E o que isso quer dize? _ um garoto que estava sentado logo atrás de mim e do Filipe de cabelos negros e penteados de lado perguntou.

_ É bom dia em russo. _ ela esclareceu.

Ouviu-se um audível “Ah!” da turma.

_ Hoje vamos ter uma introdução de russo, o que é obvio _ ela continuou _ Como de costume, vamos aprender o alfabeto russo, que é um pouco diferente do que estamos habituadas.

A mãe/professora se virou para o quadro e começou a escrever, ou seria desenhar, o alfabeto russo.

Um adicional:

Só para você ter uma idéia de como o negocio do alfabeto russo é complicado ai vai ele:

А Б В Г Д Е Ё Ж З И Й
/a/ /b/ /v/ /ɡ/ /d/ /je/ /jo/ /ʐ/ /z/ /i/ /j/
К Л М Н О П Р С Т У Ф
/k/ /l/ /m/ /n/ /o/ /p/ /r/ /s/ /t/ /u/ /f/
Х Ц Ч Ш Щ Ъ Ы Ь Э Ю Я
/x/ /ts/ /tɕ/ /ʂ/ /ɕɕ/ /-/ [ɨ] /-/ /e/ /ju/ /ja/

Eu tava muito agradecida por ela não ter se voltado para mim como os outros professores.

_ Professora _ ouvi uma voz feminina.

_ Diga _ incentivou a mãssora ( esclarecendo: mãssora = mãe + professora, isso é só para eu não ter que ficar escrevendo mãe/professora o tempo todo).

_ A senhora não vai dá boas vindas a nova aluna não? _ a voz feminina perguntou.

Eu virei para traz para procurar o espírito de porco que tinha feito aquela pergunta, e eu não deveria ter ficado tão surpresa quanto eu fiquei na época, quando eu descobri que quem tinha perguntado aquilo tinha sido a Alicia, tava começando a achar que a Brenda tinha toda razão em chamar aquela garota de insuportável.

_ Isso não se faz necessário _ continuou a mãssora sem nem virar para traz _ eu já a conheço.

_ A ta _ Alicia falou ficando muito sem graça.

Não vou negar que isso me deu um pouco de satisfação.

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Notinha rápida:

Ok, eu assumo, sumi por um bom tempo, mas foi por um motivo bem plausível: preguiça (piadinha).

Você deve ter pensado: Ih, pronto! Ela cansou e desistiu de escrever o resto da historia.

Mas não foi isso que aconteceu, eu andei muito atolada desde a ultima vez que postei um capitulo, que foi no dia 19 de setembro de 2010, a uns cinco meses, mas estou aqui de volta e com muita coisa para escrever.

Espero que tenha gostado do capitulo e que você continue acompanhando a historia.

Ps: Eu poderia ter colocado isso no inicio, mas eu achei melhor deixar essa embolação para o final, porque se você não quiser ler não precisa ficar rolando a barra de rolamento até o começo da historia.