Segredo

Capítulo 33


_ E então, o que você deseja? _ o Paulo me perguntou enquanto eu ainda estava abobada olhando uma tela que mostrava a Brenda, o Derek, o Hugo, o Jonas e o Filipe em um local gramado. A Brenda estava sentada na grama assistindo ao Derek, ao Hugo e ao Jonas jogarem uma bola de um lado para o outro, enquanto o Filipe deslizava em cima de um skate _ Esse é o Liberty _ o Paulo me falou, quando percebeu o porque que eu não tinha respondido a sua pergunta.

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Eu o olhei curiosa.

_ Liberty? _ eu questionei.

_ É o nome desse parque _ ele me explicou enquanto digitava alguma coisa em seu teclado _ lá é muito bom, quando você sair do castigo deveria ir conhecer _ nesse momento ele parou de usar o teclado e se levantou e começou a mexer em algumas gavetas que eu nem tinha percebido, acho que é porque estavam praticamente no pé da parede _ Por falar em castigo _ ele continuou falando _ eu espero que você tenha tido um ótimo motivo para sair dele, porque pelo que eu conheço da Marta, se ela te encontrar aqui você ta ferrada.

_ Eu sei _ eu respondi torcendo as mãos.

O que ele tinha dito fazia total sentido, a mamãe é muito boa e tudo mais, mas quando ela se irrita... o que eu posso dizer é que eu sinto pena das pobres almas das pessoas que são presas pela mamãe.

_ Vamos ser rápidos _ ele disse voltando para a sua mesa com uma pasta na mão _ o que exatamente você quer?

Eu tinha ficado tão abobada com aquela sala que eu levei alguns minutos para me lembrar do motivo pelo qual eu tinha ido parar ali.

_ É... _ eu comecei sem ter certeza _ a minha conta de email _ finalmente eu me lembrei.

_ O que tem ela? _ o Paulo me perguntou, enquanto lia alguns papeis que ele tinha tirado da pasta.

_ Esse é o problema _ eu respondi me aproximando um pouco da mesa _ não tem.

Ele ergueu a cabeça com as sobrancelhas juntas e me olhou, de repente a expressão dele mudou como se ele tivesse compreendido, o que realmente tinha.

_ Ah, claro! _ ele fez _ você chegou hoje, ainda não tem um email.

_ Eu tenho sim _ eu tratei de dizer _ ou pelo menos tinha, só que raquearam e apagaram tudo, não só o meu email, mas também o meu cadastro em vários sites, e eu queria descobrir que fez isso.

_ Fui eu _ o Paulo disse simplesmente colocando os papeis e a pasta de lado, e continuou a me olhar.

Eu nem preciso dizer que eu fiquei surpresa com isso, né?

_ Por que o senhor fez isso? _ eu perguntei com desespero na voz.

_ Bem _ ele começou _ quando se entra na OSPT praticamente se some, sabe, vira fumaça _ Eu continuei olhando para ele _ e quando se está em faze de treinamento não se pode ter contato com o mundo dos “Sobres”.

_ Isso é totalmente loucura _ eu explodi.

Cara eu só tava ali a um dia e já estava de saco cheio de tudo aquilo, se antes eu não gostava, depois daquilo eu passei a odiar esse lugar. Alem de ter sido levada involuntariamente para aquele local, eu tinha que me afastar dos meus amigos (a Linda). Fala serio! Aquilo não podia ser real.

_ Quer dizer que alem de ter que ficar presa aqui mesmo sem querer _ eu continuei ainda com raiva _ eu não posso falar com o pessoal do mundo real?

Eu enfatizei bem a parte do “mundo real”.

_ Eu nunca pensei no mundo “Sobre” como sendo o mundo real _ ele disse percebendo a minha ironia _ mas se você prefere pensar dessa maneira _ ele encolheu os ombros _ é isso ai.

Eu respirei fundo tentando me acalmar.

_ Então quer dizer que eu vou ter que fazer outra conta? _ eu perguntei com menos raiva.

Ele balançou a cabeça negativamente, enquanto pegava a pasta e os papeis de novo. Pela reação dele, sempre calmo, esse tipo de coisa sempre acontecia.

_ Como não? _ eu falei.

_ Eu já fiz isso para você _ nessa hora ele fechou a pasta e me passou o papel que ele lia.

Eu peguei o papel, nele tinha o meu nome no topo e logo abaixo tinha um email com uma senha e em seguida nomes dos sites que eu já tinha cadastro com meu email antigo (eles me recadastraram com o novo email) e suas respectivas senhas.

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_ Você também fez novas senhas? _ eu perguntei sem tirar o olho do papel.

_ Sim _ ele disse ainda me olhando.

_ Então quer dizer que você sabendo de todas as minhas senhas pode entrar na minha conta quando bem entender? _ eu disparei.

_ Claro que não _ ele respondeu ainda despreocupado _ Você sabe quantas pessoas tem na OSPT?

_ Não _ eu disse _ e o que isso tem a ver?

_ Eu é que fiz as contas de email de todo mundo da corporação incluindo as senhas _ ele falou _ e são milhares de pessoas aqui dentro, você acha que eu me daria o trabalho de decorar todos os email e senhas?

_ Mas você raquiou a minha antiga conta _ eu o lembrei.

_ Primeiro: porque foi necessário _ ele começou _ e segundo o padrão de segurança dele é muito fraco, qualquer um faria isso.

_ E quem me garante que você não vai raquear esse também? _ eu perguntei _ você tem registros da senha _ eu ergui o papel.

_ Se você não acredita em mim então mude a sua senha.

_ O que seria mesmo que nada _ eu retruquei, ele era um raquer, ele com certeza arranjaria um jeito de invadir a conta.

_ Eu prometo que não vou raquear a sua conta _ ele disse com uma voz cansada.

Eu o olhei desconfiada por um tempo, será que eu podia confiar nele? Eu teria que pagar para ver.

_ Mas tem algumas restrições _ ele disse _ você não vai poder colocar seus contatos antigos nessa nova conta.

_ E por que não? _ eu perguntei já pensando em adicionar a Linda na nova conta depois que eu mudasse a senha.

_ Eu já disse _ ele falou me olhando _ você ainda não pode ter contato com o mundo dos “Sobres”.

_ Tá eu não vou _ eu disse.

_ Promete? _ ele me perguntou com o mesmo olhar desconfiado que eu tinha usado com ele.

_ Prometo _ eu falei enquanto cruzava os dedos nas costas.

_ Acho bom você não está mentindo _ ele disse se virando para a mesa e voltando a digitar _ porque eu vou acabar sabendo.

_ Você prometeu que não ia entrar na minha conta _ eu disse contrariada.

_ Mas não sou eu quem vai fazer isso _ ele disse virando a cabeça para mim _ quem vai fazer é um software espião.

Respirei fundo mais uma vez para me acalmar e para tomar o Maximo de ar que eu pudesse, porque depois daquela eu sai da sala e entrei no corredor com o ar pesado, fui direto para o elevador o chamei, e ele apareceu muito rápido, ainda bem, subi nele e apertei o andar do meu quarto.

Não tinha jeito, eu ia ser monitorada querendo ou não.

Mas é como diz a mamãe: o que não tem remédio, remediado está!