Segredo

Capítulo 15


Cheguei ao meu quarto e fechei a porta sem dar nem uma chance do chato se despedir.



Que chato, eu agora tava de castigo, não que eu me importasse muito, mas sabe como é né? Quando você é proibido de fazer algo, por menos que você o queira fazer, é ai que você quer fazer... ok, acho que ficou meio complicado a minha explicação, mas deu para você entender?



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Eu estava no meio do meu quarto, fervendo de raiva por tudo aquilo, quando alguém bateu a minha porta, eu realmente esperava que não fosse o chato, porque eu juro que seria capaz de... eu não sei o que, mas acredite seria uma coisa muito ruim.



Respirei fundo voltei à porta e a abri, dei de cara, não com o chato (o que foi sorte dele), mas com a Brenda.



_ Ah _ ela fez em alivio quando me viu _ que bom que você já está aqui _ continuou falando, mas hesitou quando viu que eu não tinha uma expressão muito feliz no rosto _ tá tudo bem?



_ Não _ eu disse ainda segurando a porta _ to de castigo.



_ Nossa, você é atropelada e ainda fica de castigo? _ ela se indignou.



Eu simplesmente encolhi os ombros.



_ E agora eu nem posso sair do meu quarto _ eu completei.



_ Isso horrível _ ela exclamou _ Mas o seu braço tá melhor?



_ Tá sim _ eu falei olhando para o machucado que sinceramente eu nem lembrava mais _ Entra ai _ eu disse me afastando da porta e caminhando até a minha cama.



_ Mas você pode receber visitas? _ a Brenda perguntou com as sobrancelhas arqueadas, ainda parada a porta _ Você não disse que estava de castigo?



_ A mãe disse que eu não podia sair do quarto e não que eu não podia falar com as pessoas _ eu expliquei tentando mais me convencer do que convencer a Brenda.



_ Então tá _ ela disse finalmente adentrando o quarto e fechando a porta.



A Brenda olhava bem ao redor, com muita curiosidade.



_ Senta ai Brenda _ eu disse apontando para uma cadeira que estava perto da escrivaninha.



Ela se sobressaltou como se alguém a tivesse pegado fazendo algo de errado, mas logo ela se sentou enquanto eu me acomodava na minha cama.



_ Brenda _ eu chamei depois que tínhamos ficado em silencio por um tempo _ quem é o teu parceiro? _ eu perguntei, por alguma razão, que eu nem sei qual é, a curiosidade me atacou sobre aquele assunto.



_ É o Hugo _ ela disse.



Aquele nome me era familiar, só que eu não me lembrava onde o tinha ouvido. Ela percebeu que eu tentava me lembrar de algo e continuou:



_ É aquele garoto pardo que eu te apresentei lá no parque.



_ Ah, claro _ eu fiz.



_ E o seu quem é? _ a Brenda me perguntou.



_ O chato _ eu respondi sem mostrar muito interesse.



_ Quem? _ ela disse, e foi ai que eu percebi que a única que o chamava de chato era eu e mesmo assim era dentro da minha cabeça.



_ Eh..._ eu fiz esforço para tentar lembrar o nome dele _ Filipe, acho que é esse o nome dele.



_ O Filipe _ ela repetiu _ é, ele tava sem parceiro mesmo.



_ E então _ eu continuei _ você ficou muito irritada quando você se encontrou com teus pais quando sai do... como é mesmo o nome que você chamou aquele cubículo?



_ Quarto das iniciações _ ela disse _ mas não, eu não me irritei com eles, nem teria como.



_ Mesmo? _ eu me indignei _ Eu fiquei um fera. Seria tão difícil eles terem nos contado o que teríamos que enfrentar?



_ É _ ela simplesmente fez, eu notei um pouco de tristeza no “é” dela.



_ Como é o nome dos teus pais? _ eu perguntei _ O que eles fazem aqui?



Ela não disse nada, só ergueu os ombros.



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_ Eles não ti disseram o que fazem não? _ eu insisti, bem que, pensando melhor eu também não sabiam no que os meus pais trabalhavam, eu não sabia a profissão de nem um deles _ é os meus também não me disseram também não, como é o nome dos teus pais? _ eu repeti a pergunta.



_ Eu não sei _ ela me disse olhando para o chão.



_ O que? _ eu perguntei curiosa _ como é que você não sabe o nome dos teus pais?



_ Eu não os conheço _ ela respondeu exibindo um sorrisinho amarelo _ eu fui criada em um orfanato, morei em um até o dia em que me trouxeram para cá.



_ Desculpa eu não... _ eu comecei, me sentando em minha cama, mas ela me interrompeu.



_ Tudo bem _ ela disse me olhando _ eu não me incomodo com isso.



É claro que era mentira, ela devia se incomodar e muito, então eu resolvi mudar de assunto.



_ Como são as coisas por aqui? _ foi à primeira coisa que me veio à cabeça.



_ É ótimo _ ela disse um pouco mais animada _ parece um cidade...



A Brenda falava dos lugares que já tinham se tornado os prediletos dela, das pessoas que por ali passavam e de um treinamento que ela mais gostava, foi ai que eu a interrompi:



_ Treinamento?



_ É _ ela confirmou _ aqui nos temos que estudar algumas coisas que, acredite, você nunca estudaria em uma escola “sob”.



_ Estudar? _ eu indaguei como se não tivesse entendido o que ela falara _ olha, eu não sei você, mas eu to de férias.



_ Você tá de férias da escola “sob” que você freqüenta _ ela explicou _ mas aqui embaixo a gente tem que treinar para ser um agente.



_ E se eu não quiser? _ eu questionei.



_ É obrigatório _ ela me disse.



Eu bufei e deitei na cama, isso realmente era um pesadelo, agora eu ia ser obrigada a estudar nas férias. Quando eu ia abrir a boca para perguntar o que exatamente eu seria obrigada a estudar, ouvimos uma batida na porta e em seguida vimos ela se abrir e minha mãe passar por ela.



_ Ola _ ela cumprimentou nós duas _ tá na hora do jantar é bom vocês irem para o refeitório.



_ Que hora é? _ eu perguntei para ela.



_ Sete horas da noite _ ela disse.



_ Já? _ a Brenda falou.



A mãe simplesmente confirmou com a cabeça.



_ Eu ainda não me acostumei a isso _ ela dizia enquanto nós nos levantávamos e seguíamos a minha mãe até o corredor _ eu acho que é porque aqui não tem sol, por isso que eu fico meio perdida no tempo.



Eu concordei mentalmente com ela.



_ Suzan é do refeitório para o quarto _ a mãe me lembrou.



_ Eu sei mãe _ eu reclamei assim que chegamos ao elevador.



_ Que bom que você sabe _ ela falou _ e seu castigo inclui, não receber visitas _ aqui ela virou para a Brenda _ Sinto muito, mas enquanto ela estiver no quarto de castigo você não vai poder ir lá e falar com ela.



A Brenda balançou a cabeça positivamente, ela parecia nervosa ao lado da minha mãe.



_ Sabia que até em cadeias os presidiários tem direito de receber visitas? _ eu reclamei, mas a mãe me ignorou.



Pegamos o elevador e fomos direto para o andar do refeitório. Jantei em acompanhada da Brenda, que assim que terminou o jantar disse que tinha que se encontrar com o Hugo e os outros garotos que eu tinha conhecido aquele dia e que até me levaria se eu não estivesse de castigo.



Assim que terminei de comer foi me arrastando até meu quarto. Devia ser o que, oito horas da noite? Eu nunca tinha ida para cama tão cedo, mas a única coisa que eu podia fazer agora era isso, dormir.



Por incrível que pareça adormeci antes mesmo de saber.