Durmi apenas uns cinco minutos, porque a vovó Garriet me empurrou para o banheiro mesmo com minha resistência.

– Olha só pra você! Está toda molhada - ela gritava me empurrando de leve para o banheiro do meu quarto.

– Tá, Vovó - eu resmunguei.

Ela saiu do banheiro me deixando sozinha. Tranquei a porta pra ter mais privacidade, o que parecia ser algo difícil de se ter naquela casa.

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Coloquei a mão no bolso e retirei a pequena aliança dourada. Eu a girei na palma da mão procurando encontrar alguma coisa naquele minúsculo objeto e percebi que haviam duas iniciais na parte de dentro.

C.H.

O que significa? Podem ser as iniciais do nome daquele homem da floresta, ou da namorada dele, ou esse anel pode ser roubado. As possibilidades vagavam pela minha cabeça.

Peguei o anel e o deixei no banco da janela. Voltei para o banheiro e tomei um banho quente, massageei o calcanhar esperando que a dor passasse e desliguei o chuveiro. Me enrolei na toalha e voltei para o quarto. Vesti uma roupa confortável e lembrei do anel.

Fui até a janela, mas ele não estava lá. Revirei as almofadas, mas não estava em lugar algum. A janela estava aberta, já eram cinco da tarde e o sol já estava se pondo. Olhei para baixo vendo a floresta que já estava ficando escura.

Senti. os cabelos em minha nuca se eriçarem. Aquele vulto estava lá novamente e me observava.

Eu estava completamente atordoada. Como ele havia entrado no meu quarto? Ele havia subido a janela? Entrado pela porta?

Minha respiração estava acelerada e eu sentia que a qualquer momento iria gritar.

Ele estava envolto ás sombras, de modo que eu não conseguia distingui-lo.

Engoli em seco. Saí do quarto e desci as escadas com toda a determinação do mundo, ignorando a dor no pé.

– Aonde pensa que vai? - perguntou tio Ben.

– Tem alguma coisa lá fora! - eu disse - Alguém! E tá me perseguindo desde ontem!

Ele segurou meus ombros carinhosamente.

– Querida, não tem ninguém lá fora - ele disse.

Empurrei suas mãos. E caminhei até a porta abrindo-a.

Meus olhos procuravam uma sombra, qualquer coisa, mas não encontravam nada.

Me sentia frustrada, mas acima de tudo eu tinha certeza de que havia alguém lá.

– Mas eu vi! - eu disse ainda encarando a floresta sombria.

– Cathy - disse Ben colocando uma de suas mãos em meu ombro - Deve ter sido um animal ou qualquer outra coisa.

Fechei a porta em silêncio e caminhei até a sala. Sentei no sofá tentando assimilar tudo o que estava acontecendo.

Pude ouvir a porta se abrindo.

– Joey? - perguntou o tio Ben.

– Ah, boa noite, Ben - disse uma voz masculina - Desculpe o incômodo, mas é que eu queria falar com vocês sobre um assunto importante.

– Ah, claro. Entre, por favor.

Conforme foi se aproximando da poltrona ao lado do sofá, pude ver o homem alto, de olhos claros. Ele usava um uniforme da polícia e uma boina azul-marinho que combinava com a farda.

– Olá - ele me comprimentou.

– Oi - eu disse.

Ele me olhava com curiosidade.

– Bem, eu vim aqui para avisar que por enquanto a floresta está interditada - ele disse.

Eu fiquei um tanto confusa.

– A floresta? Mas por quê? - perguntou o tio Ben.

Ele tirou a boina da cabeça e passou a mão pelos cabelos claros.

– É que nessa madrugada ouve um assassinato - ele respondeu.

Fiquei bem surpresa. Um assassinato, tão próximo de mim.

– Encontramos um homem que foi aparentemente asfixiado - ele disse - O corpo foi encontrado essa manhã por um dos guardas-florestais da cidade.

Foram necessárias apenas essas palavras para me deixar completamente apavorada. Então lembrei das faixas próximas ao lago. O vulto. Seria ele o assassino?

Um medo cresceu dentro de mim ao lembrar dele me observando. Ele está no meu encalço.

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Me senti como um cervo amarrado numa árvore.

– Nós não sabíamos disso ainda. Cathy se afogou no lago hoje de manhã - disse Ben.

Joey me olhou como se soubesse que eu escondia algo.

– Se afogou?

Engoli em seco. Tentei me manter calma, embora minha reação natural fosse o pânico.

– Na verdade, eu fui...empurrada - respondi tentando controlar a voz e não tremer.

– Empurrada? Por quem? - ele perguntava.

Ele me olhava nos olhos e eu sustentava seu olhar.

– Eu não sei.

Depois de alguns segundos ele se levantou.

– Bem, obrigada. Eu só vim aqui para alertá-los. Vou pedir para que façam uma varredura pelo local, porque o assassino ainda pode estar vagando pela floresta - ele disse colocando novamente a boina e caminhando até a porta.

– Vamos ter cuidado, obrigada - disse Ben - Eu só fico surpreso, porque é a primeira vez que isso acontece por aqui.

Joey assentiu.

– Tenham uma boa noite - ele disse se retirando.

– Pra você também - o tio Ben fechou a porta e se virou para mim.

Eu o observava e ele parecia contrariado.

– Eu disse - então me levantei.

A porta se abriu e meu pai entrou.

– Está frio lá fora - ele disse - Oi, Cathy. Como você está? Sua avó me ligou dizendo que você estava machucada. Eu fiquei preocupado.

– Estou ótima, pai - eu respondi - Vou para o meu quarto.

Subi as escadas e entrei no quarto me jogando na cama.

Me sentia desprotegida, insegura. Aquele cara poderia muito bem estar planejando minha morte agora, e se ele entrou no meu quarto e pegou o anel, quem o impediria de entrar de novo e me matar?

Até aquele momento eu era a única que já havia visto o assassino três vezes. Quem seria ele? James?

Não. Ele não salvaria a vida de quem estava tentando matar. A não ser que quisesse sair da lista de suspeitos. Mas era improvável, afinal a jaqueta dele era vermelha. Mas ele poderia ter trocado.

Eram tantas perguntas que resolvi parar de pensar nisso. Eu estava começando a ficar maluca.