Acordei sobressaltada com os pesadelos, as imagens ainda gravadas em minha cabeça.

Eram duas da tarde, eu nunca acordara àquela hora antes.

Tomei um banho quente, vesti meus jeans, uma blusa de lã e minhas botas mais quentinhas, de modo que eu me sentia bem confortável.

Todos já estavam acordados e já haviam tomado café.


– Aonde você vai, mocinha? - perguntou o tio Ben ao pé da escada. Ele segurava o jornal do dia.

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– Fazer uma caminhada - respondi colocando minha jaqueta e o gorro.

– Parece uma esquimó - disse o tio Jesse rindo.

– Cale a boca - eu disse rindo.

– Olha a boca, eu sou seu tio - ele resmungou.

Eu ri mais.

– Parece mais um irmão chato - eu respondi.

Ele veio na minha direção como um touro e me tirou do chão.

– Me solta, tio! - eu disse rindo.

Ele me colocou no chão e disse algo como "eu que dito as regras nessa casa" para o tio Ben.

– Ahan - resmungou ele rindo.

Abri a porta saindo.

– Tchau, JESSE! - eu disse, desafiando.

Então fui caminhando em direção a floresta. Eu queria descobrir qualquer pista que fosse sobre aquele vulto. Eu tinha certeza de que havia visto alguém naquela floresta.

Adentrei na floresta esperando encontrar aquele lago. Depois de alguns minutos eu o encontrei. Estava bem menos sombrio, agora com a luz do sol eu podia ver as árvores e os detalhes da paisagem. As folhas amareladas de outono caíam sobre a água. Haviam faixas amarelas como aquelas que a polícia deixa para isolar a área onde ocorreu um crime. Eu não lembrava de tê-las visto na noite anterior.

Me aproximei da beirada do lago e olhei para o fundo, parecia um lugar bem legal. Na beirada, debaixo d'água, havia um objeto dourado, era bem pequeno, me abaixei para pegá-lo. Era um anel, para ser mais exata, uma aliança.

Estava concentrada no pequeno objeto, até que alguma coisa me empurrou. Caí na água tentando desesperadamente nadar até a superfície. Meus pulmões ardiam à procura de ar.

Olhei para cima, para a superfície e o que vi fez meu coração parar como na noite anterior. Aquele mesmo vulto me observava parado, não consegui distingui-lo, mas pude ver que ele usava uma jaqueta cáqui. Com certeza devia ser o dono da pequena aliança que eu ainda segurava, só que agora com mais força.

Eu me debatia na tentativa de subir, mas eu não nadava muito bem. Sentia como se minha cabeça estivesse a ponto de se soltar do meu pescoço e flutuar. Estava perdendo a conciência.

Senti alguma coisa deslizar pelo meu abdômen e me puxar para cima. Quando cheguei à beira do lago abri a boca procurando encher meus pulmões com ar.

Olhei para o lado e vi um garoto de cabelos loiros e olhos castanhos, que me olhava com preocupação.

– Você está bem? - ele perguntou.

Deitei no chão apenas olhando para o céu azul.

– Sim.

Eu estava ofegante e ele também. Ele estava completamente molhado, como eu, e me observava com atenção.

– O que você tá fazendo aqui? Quer morrer? - ele gritou.

Eu ri, lembrando de meu pai me perguntando a mesma coisa.

– Você é louca ou o quê? - ele questionou.

– Quem é você, afinal? - perguntei ignorando se estava sendo rude.

– James - ele respondeu levantando.

– Bem, obrigada, James - respondi não conseguindo conter o sarcasmo.

– Você tá bem? Ou eu vou precisar carregar você até a sua casa? - ele perguntou estendendo a mão.

– Estou ótima.

Peguei sua mão me levantando e sentindo uma dor agúda no calcanhar. Abafei um grito e comecei a praguejar. James me segurou e se ofereceu para me ajudar. Eu agradeci. Foi quando ele me carregou nos braços.

– Nossa! Você não tava brincando - comentei.

Ele riu.

– Então? Para onde fica a sua casa? - ele perguntou.

Eu apontei a direção e em alguns minutos nós havíamos chegado.

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– O que é que tá acontecendo aqui?! - gritou o tio Jesse me vendo nos braços de James.

James explicou o que havia acontecido e entrou na casa comigo nos braços. Ele me largou no sofá e Jesse começou a me fazer um milhão de perguntas.

Eu respondi todas evasivamente e pedi para que ele me levasse para o meu quarto. Ele me carregou e começou a reclamar e me chamar de gorda.

Expulsei Jesse do meu quarto mesmo com ele reclamando.

– Quero ficar sozinha!

– Mas você está sem o funcionamento do pé! - ele respondeu rindo.

– Tchau!

Ele fechou a porta quando eu joguei um travesseiro na direção dele.

Fiquei me perguntando se James já havia ido embora ou se ainda estaria conversando com minha avó. Ele parecia legal, mas como eu saberia? Não conhecia ninguém naquela cidade além dele.

Depois de algum tempo eu caí no sono. De novo.