O Diário De Catherine

Capítulo 20


Eu já estava sentindo dores no corpo, devido ao tempo que ficara ali sentada. Tentei mudar de posição, mas caí deitada com o rosto grudado no chão.

Sue e a vovó Garriet não estavam lá. Onde estariam?

Eu estava zangada e aflita. Precisava de James, ele teria me abandonado? Minha cabeça estava confusa e os pensamentos se atropelavam.

Depois de algum tempo caí no sono.

Ouvi passos descendo as escadas, mas ignorei. Estava cansada.

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Senti alguma coisa puxar minhas cordas. Abri os olhos me deparando com o teto do porão. Meu pai me puxava pelas cordas em direção a escada.

Entrei em desespero, ele estava fora de si.

- Não! O que está fazendo?! - gritei.

Ele apenas me ignorou.

Senti uma dor horrível no momento em que ele começou a me arrastar pelos degraus.

Eu me mexia frenéticamente na esperança de conseguir, no mínimo, retardá-lo.

Eu gritava e esperneava, mas ele apenas continuava me arrastando pela escada com um pouco de dificuldade.

Meus pensamentos tomavam conclusões assustadoras sobre o que ele faria a seguir, eu me sentia indefesa.

Comecei a me sentir abandonada, James havia me deixado, e agora eu estava sozinha. Senti um nó se formar em minha garganta. Engoli em seco tentando evitar começar a chorar, mas não consegui. Uma lágrima solitária rolou pela minha bochecha no momento em que chegamos ao corredor no topo da escada.

- Ah, não chore, princesa - disse meu pai.

Nunca pensei que pudesse sentir isso pelo meu próprio pai. Ele era como uma cobra, despertava uma espécie de fobia: medo e aversão.

- Não gosto de ver você chorando - disse ele. Então se abaixou e voltou a puxar minhas cordas até a porta.

Eu sentia dor e logo chegamos aos degraus da varanda. Olhei para o céu percebendo que deviam ser seis da manhã ou seis da tarde. Não fazia idéia de que horas eram e estava escuro.

Ele me arrastou até o solo, senti a grama espetar minha pele. Me sentia debilitada, e estava ficando suja.

Eu olhava apenas para o céu e percebi que estava começando a ficar coberto de folhas. Estávamos adentrando na floresta. Meu coração pulava dentro do peito.

Engoli em seco sentindo o corpo frio.

Ele me virou e então, senti meus pés ficarem molhados. Minha respiração ficou acelerada. O que ele estava fazendo?!

Olhei em volta e vi que ele estava me afundando no lago. Entrei em desespero total. Como ele podia fazer isso comigo?!

- Não - pedi, sentindo minha voz falhar devido ao meu cansaço.

Ele respirou fundo me olhando.

- Eu não queria ter que fazer isso, Cathy, mas você está me obrigando - ele disse balançando a cabeça.

Sentia raiva, desgosto por ele. Quando percebi, a água já cobria minha cintura.

- Não! - gritei.

Ele me olhou fingindo um ar de reprovação.

- Sabe mais uma coisa que temos em comum, querida? - ele perguntou segurando as cordas que me prendiam - Você é autoritária - ele desceu um pouco mais, fazendo com que eu afundasse e ficasse seca apenas um pouco abaixo dos ombros - Mas talvez você tenha que aprender a ceder. Pedir ao invés de mandar.

Ele ficou alguns segundos me segurando, como se esperasse uma resposta. Um pedido.

Ao perceber que eu me recusava a isso, ele balançou a cabeça como se fôsse se arrepender do que faria a seguir.

- Então é assim - concluiu ele - Desculpe, querida.

Então ele soltou as cordas.

Prendi a respiração - o que foi mais como um reflexo - quando submergi. A água tentava invadir minhas narinas. Olhei para cima vendo-o ir embora, como quando ele me jogara no lago naquele dia.

Senti meu chão desabar. Meu pai havia me matado

Eu estava amarrada, o que me fez descer até o fundo do lago como uma pedra. A pressão fez meus pulmões queimarem e todo o ar foi expulso. Senti minha cabeça doer, então tudo ficou escuro...

Será que a morte é assim? Uma hora você está respirando, sentindo medo, dor, e então tudo acaba. Suas memórias morrem e não há mais nada para controlar seu corpo ou seus pensamentos...você acaba ali. Como um computador quando quebra e de repente não há mais nada, não há conserto.

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Mas não foi assim comigo. No momento em que eu apaguei, senti como se todos aqueles problemas que estavam me atormentando acabassem. Era a tão desejada...paz.

Mas eu ainda não havia terminado o que tinha que fazer...

Senti meu corpo gelar e tudo ficar branco e brilhante. Logo tudo ficou claro e me deparei com as folhas das árvores, as copas balançavam e o céu estava escuro. Minha mente era uma névoa espessa e estava tudo muito confuso, eu não lembrava nem meu nome.

Então senti como se tivesse levado um soco no estômago, foi imaginação, mas a dor foi tão real que senti todo o ar nos meus pulmões ser expulso.

Meu pai havia tentado me matar.

Senti um nó se formar em minha garganta e logo depois eu estava chorando como uma criança. Nunca pensei que a tal facada nas costas pudesse doer tanto.

Como eu havia saído da água, afinal?

Olhei para o lado vendo um rosto familiar e com uma ruga de preocupação.

- James? - disse levantando lentamente e ficando sentada ao lado dele.

Senti meu coração frio ficar quente novamente. Eu o abracei tão forte que ele ficou surpreso. Ele estava sumido há tempo demais para mim e eu estava preocupada.

- Onde você estava? - perguntei aflita.

A imagem de James preocupado comigo foi novo para mim. Mas não tão surpeendente quanto o que havia acontecido antes.

- Eu vi o que aconteceu - disse ele.

Baixei a cabeça sentindo o mundo cair sobre os meus ombros.

- Eles está fora de si - eu disse sentindo um nó na garganta e as lágrimas caírem.

Ele abriu os braços e eu o abracei forte. James era a única pessoa em quem eu podia confiar. E naquele momento com ele, o resto para mim era um mundo cruel onde até um pai poderia tentar matar a própria filha...