A New Someone

Capítulo 41 - Sleeplessness.


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Seus lábios tremiam enquanto lágrimas grossas escorriam por sua face suja.


A jovem, de belos cabelos dourados, encontrava-se encolhida no canto de seu quarto debulhando-se em lagrimas enquanto ainda podia sentir a dor de cada golpe que fora dado em seu frágil corpo.


Soluços e mais soluços mostravam-se presentes enquanto as batidas incessantes na porta ecoavam pelo cômodo parcialmente escuro.


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Não queria ver ninguém. Já apanhara o suficiente naquele dia, e olhe que o dia mal havia começado.


Fungou, agarrando-se firmemente aos joelhos.


Lucy nunca desejou tanto ter sua mãe por perto.


– Por que Otou-san? – chorou-a baixinho. – P-Porque...? – continuou a murmurar enquanto bravamente enfrentava a dor que se arrastava por cada célula de seu pequeno corpo.


Abaixando a cabeça a pequena garotinha permitiu-se chorar mais e mais. Soluços seguiam soluços. Continha gritos em sua garganta.


Por longos e torturantes minutos manteve-se encolhida. Minutos que pareceram horas.


Está só ergueu a cabeça quando sentiu um afago suave em seus cabelos de ouro.


E quando ergueu o olhar fora apenas para deparar-se com um par de orbes scarlets translúcidas que brilhavam opacamente a escuridão do aposento.


Não sabia quem era, ou o que era, aquele jovem. Todavia ela sentia-se protegida naquela presença unicamente estranha – apesar de que esta ainda sim lhe parece um tanto familiar.


– Está melhor? – indagou-o. Sua voz quase que inaudível ecoou pelo aposento. A jovem limitou-se há uma breve negação com a cabeça antes de sentir as lágrimas retornarem cruelmente a sua face de anjo. – Não se preocupe, estarei aqui com você. – dito isso abraçou a menina e aconchegou-a contra si, mesmo que sua forma física fosse um tanto quanto... transparente, ainda havia algo ali, algo frio e quase físico.


Talvez, só talvez, aquele fosse seu anjo da guarda.


Apesar de que de anjo aquele rapaz não tinha nada, mas não era como se ela precisasse realmente saber disso...


...


De súbito a loira abriu os olhos. Sentou-se sobre a cama sentindo que o moreno ao seu lado também despertara.


– Lucy? – chamou-o. Mas ela não ouviu, estava ocupada demais tentando compreender o que fora aquilo que sonhara.


E também, por que sonhara.


Levou uma das mãos a face já sentindo o suor em sua mão. Notou também que sua respiração estava acelerada demais, isso sem contar o coração que batia de forma frenética.


– O-Otou-s-san... – gaguejou-a sentindo as mãos tremer enquanto lágrimas vinham a sua face.


– Lucy! – chamou Rogue, desta vez, mais alto. E só então a maga notara a presença do moreno ao seu lado. Ele estava preocupado, talvez a brincadeira de antes nem estivesse mais em seus pensamentos.


Lentamente a loira virou-se para o Cheney. Por alguns segundos era como se não o reconhecesse. Como se a pessoa a sua frente não passasse de um estranho...


– R-Rog-gue...? – gaguejou-a. Suas mãos suavam. Ela não conseguia formular frases. Tudo o que vinha a sua mente naquele momento, era o pesadelo que tivera. Ou melhor, a lembrança que relembrara.


– Hey, Lucy, olhe para mim! – pediu-o. E logo as orbes castanhas da maga fixaram-se nos olhos carmim do moreno. – Foi só um pesadelo, ok?


A loira engoliu em seco assentindo perante o que lhe fora dito. Mas ela sabia que não era um pesadelo, oh, não – claro que não – aquele era seu triste, cruel e doloroso passado.


– Vamos voltar a dormir, sim? – sussurrou-o acariciando a bochecha da loira.


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– S-Sim... – respondeu-a vendo o moreno deitar-se e puxá-la para apoiar-se sobre seu peito.


Os minutos haviam se passado, Rogue já havia voltado a dormi, mas Lucy mantinha-se acordada ainda. Ela sabia – ou melhor – sentia, que se dormisse... O sonho voltaria... O desespero daquela época voltaria.


Por que logo agora? Era o que ela se perguntava. Mas talvez, nunca obtivesse uma resposta plausível para isso.


Logo os minutos tornaram-se horas. E a loira apenas mantinha-se parada observando a escuridão.


Suspirou antes de sentar-se sobre a cama novamente. Observou o moreno ao seu lado dormindo tranquilamente.


Um curto sorriso tomou sua face antes de curvar-se e depositar um beijo suave sobre os lábios do Cheney.


Devagar a maga pôs-se de pé e se afastou do leito. Pegou algumas roupas no guarda-roupa e trocou-se.


Em questão de segundos a loira já ia porta afora.


Não sabia para onde iria, mas só tinha uma certeza. Não poderia dormir.


...


Bocejou, enquanto arrastava os passos pelo corredor.


Sono. Era isso que sentia naquele momento e amaldiçoava mil vezes o mestre – Alexander Hikaru – por tê-lo feito acordar no meio da madrugada apenas para resolver alguns assuntos que, ao ver do Lohr, não eram nada importantes.


Bocejou mais uma vez parando de caminhar assim que uma voz melódica lhe chegou aos ouvidos.


– Quem poderia ser a essa hora...? – murmurou de forma inaudível.


Devagar Rufus aproximou-se de uma porta amadeirada que encontrava-se entreaberta, era desta de onde o som provinha. E através da fresta ele observou a figura da loira sentada a beira da janela cantando.


– Lucy-nee... – murmurou-o ainda ouvindo a melodia, esta que logo chegou ao fim.


O loiro soltou um suspiro baixinho antes de abrir a porta e surpreender a Heartphilia.


Logo quando viu que era apenas Rufus a loira permitiu-se relaxar, não que ainda não estivesse surpresa por encontrar o ‘irmão’ acordado a aquela hora.


– Ru-nii, pensei que estivesse dormindo a essa hora – comentou-a voltando seu olhar para o céu ainda escuro. O loiro aproximou-se logo sentando-se no espaço que havia ao lado da loira.


– E eu estava – bocejou-o. – Só que o mestre queria falar comigo e foi me acordar... – resmungou por fim fazendo-a rir. – Era você cantando agora a pouco? – indagou-o, apesar de saber que era realmente a loira a dona daquela voz.


– S-Sim... – corou-a, não achou que alguém estivesse acordado muito menos que estivesse a ouvi-la.


– Sua voz é bonita Miss Lucy – comentou o Lohr recostando-se na parede oposta a fim de ficar frente a frente com a ‘irmã’, e mesmo que a considerasse assim, não conseguia deixar a formalidade de lado. Afinal fora criado para ser cortes a todo momento, mesmo se fosse de madrugada no auge de seu sono.


– Obrigado... – murmurou-a, voltando o olhar para o céu. – Minha mãe dizia a mesma coisa – e assim sorriu.


O Lohr apenas devolveu o ato antes de voltar-se para o céu.


Era uma noite se sem estrelas. Uma noite onde apenas a lua reinava em todo seu esplendor. Onde nem mesmo as nuvens atreviam-se a esconder o brilho prateado do astro noturno.


Após alguns minutos de silencio o mago de memórias abriu a boca para indagar o por que de a loira estar acordada a aquela hora, mas antes que qualquer palavra fosse proferida a voz da loira o cortou.


– Melhor eu ir embora... – comentou-a. – Daqui a pouco o Rogue acorda e ele pode ficar preocupado.


O loiro apenas sorriu.


– Boa sorte nos jogos hoje – disse-a antes de acenar um adeus para o loiro, que retribuíra o aceno, claro que nãos em antes desejar boa sorte para a mesma também.


...


Um bocejo fora dado por si enquanto seguia com sua equipe para a praça principal da cidade – esta que se mostrava bem... Cheia.


Resmungou qualquer coisa desconexa referente ao calor que sentia – isso sendo um dos motivos pelos quais quisera ir sem sua capa, pouco ligava para se descobrissem sua identidade.


– Lucy, você esta com uma cara horrível – comentou Minerva logo quando a loira e o moreno aproximaram-se do time da Saber.


– Não me diga – ironizou a namorada do Dragon Slayer moreno.


– Ela ta de TPM – comentou o Eucliffe se aproximando com um largo sorriso. Ao seu lado podia-se ver Lector cochichar algo para Frosch enquanto o mesmo concordava veementemente.


– Morra! – afirmou a Heartphilia chutando as partes baixas do loiro, para logo após sair caminhando em passos pesados enquanto o mago de trovão, Laxus, aproximava-se de sobrancelha arqueada. Ao seu lado vinha uma Mira dando altas gargalhadas, estas que chamavam a atenção de quem estivesse por perto.


O loiro gemeu de dor enquanto se ajoelhava no chão.


– Cara, não sei se ela disse morra para ele, ou para os futuros filhos que não nasceram mais – comentou Orga fazendo uma careta.


– Voltei... Sting o que diabos esta fazendo no chão? – indagou a morena chegando juntamente com Jasmin, que matinha um olhar centrado no Dragão do Trovão.


– Alguém... Me... Ajuda... – pediu o Eucliffe esticando a mão para Minerva.


– Eu lhe dou outro chute se tocar em mim – informou a morena jogando o cabelo sobre os ombros.


– Mira...


– Sting-kun? – sorriu-a.


– Me... Ajuda? – implorou.


– Claro que não – sorriu-a de uma forma tão cruel que um calafrio correu pelo corpo de todos ali presentes, exceto por Minerva é claro. – Mi-chan vamos caminhar por ai enquanto o evento não começa... Eu vi umas saias lindas no caminho para cá... – e assim ambas saíram por ai conversando sobre tudo enquanto buscavam as ditas saias.


O moreno – Rogue – suspirou ainda mantendo o olhar por onde Lucy desaparecera.


– Rufus... – implorou Sting ainda com dor.


– Rogue, o que aconteceu com a Lucy? – indagou o memory make, chamando a atenção dos magos de trovão para a conversa, enquanto ignorava o Eucliffe.


– Não sei... Ela acordou no meio da noite por causa de um pesadelo... E depois saiu do quarto – comentou o Dragon Slayer. Sim, ele ainda estava acordado quando a maga retirara-se do quarto noite passada.


– Sim eu a vi hoje de manha bem cedo na pousada da Guilda... – comentou o Lohr.


– Ela esta bem irritada... – comentou novamente o moreno, franzindo a testa logo em seguida. – As emoções dela estão me deixando atordoado. – suspirou.


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...


A loira encontrava-se sentada ao pé de uma arvore qualquer. Seus olhos mantinham-se fixos nos bancos que se espalhavam pelo local.


Suspirou tentando ao máximo se acalmar.


E novamente seu olhar vagou pelo pequeno parque em que se encontrava, tinha sorte de esse lugar estar vazio a aquela altura do campeonato.


Logo voltou a fixar seus olhos achocolatados nas próprias mãos. Poda vê-las tremer, mas não sabia o motivo disso. E certamente não queria descobrir.


Devagar, puxou os joelhos para mais próximos de si e os envolveu com os braços. Ergueu o olhar para as nuvens e deixou-se perder em lembranças.


Lembrou-se de Hargeon quando encontrou Natsu pela primeira vez.


Da Phanton... De como ele lutara por ela até o ultimo segundo.


Do incidente da Michelle, de como ele a fizera compreender que, de uma forma ou de outra, Lucy a amava mais que tudo, mesmo depois de ela machucá-la.


E novamente a maga baixou o olhar.


Seus olhos não refletiam nada. Nem dor ou tristeza.


E então as lembranças que estavam gravadas mais profundamente nela vieram à tona. Lembranças que a loira lutou arduamente para esquecer, e que mesmo assim não conseguiu. Lembranças que, até hoje, ela ainda luta para que não retornem trazendo sua dor mais insuportável, por que elas são nada menos que seu sofrimento particular.


Elas são as verdades jamais contatas.


E de súbito pode sentir o coração falhar uma batida.


Anda lembrava-se da dor física, mas esta não era nada em comparação com a dor e a pressão psicológica.


Engoliu em seco.


O que Natsu havia feito a si, aquilo a machucou... Mas o que sofreu na infância foi deveras pior. Muito pior.


E ela tinha esquecido?


Não.


Mas sua vivencia com a Fairy Tail havia dado a jovem loira um motivo para esconder as magoas e dores do passado, um objetivo para seguir em frente e recomeçar.


Mas ela sabia que era errado esquecer aquilo... Ainda mais ao ponto em que ela havia chegado quando mais nova.


Lucy tinha absoluta certeza que, ou uma hora essas dolorosas lembranças voltariam, ou alguém a machucaria fazendo tais lembranças rasgarem o caminho de volta para a consciência de forma lenta e dolorosa. Natsu fora esse alguém. Apesar de que não é necessário tanto esforço assim, afinal, as memórias ainda permanecem intactas na mente conturbada da jovem loira.


Cada gota de sangue derramada.


Cada dor.


Cada ferimento.


Cada lágrima.


Os dias permaneciam gravados a ferro quente em suas memórias. As horas. Os minutos. Até mesmo a quantidades de vezes que seu coração batia naqueles momentos... Ela se recordava de tudo.


Estremeceu ante a breve lembrança agonizante de seu aniversario de quinze anos.


Oh, como se odiava por tê-lo perdoado. Na verdade Lucy ainda não entendera por que fizera isso.


Seria um mero capricho seu? Quem sabe...? Mas quem se importa, certo?


E assim respirou fundo. Mas em nenhum momento desviou seu olhar de onde quer que esteja o mantendo.


Sentia os braços, as costas e pernas doerem.


Milhões de pensamentos vagavam por sua mente cansada, devido à noite insone. As mãos estavam dormentes. E os olhos vítreos, estes eram incógnitas dolorosamente articuladas.


Mais uma vez suspirou.


Ninguém nunca descobriria sobre aquilo, nem pela boca dela, nem pela de ninguém. Afinal, Lucy jamais – sob hipótese alguma – contaria aquelas verdades, verdades que por anos foram escondidas por trás de sórdidas mentiras. Não se desmentiria, tal como o autor de tamanho sofrimento também não o faria.


– Hime, precisa de algo? – a voz da empregada soou chamando sua atenção. Está estava um tanto diferente de sua antiga aparência.


Ainda vestia-se de maid, apesar de que o vestido negro – agora curto e com babados – possuía alguns rasgos deixando as camadas vermelhas à mostra. O decote de sua roupa tornara-se maior, dando mais destaque aos seios. Seus cabelos rosados estavam longos e soltos – e sem a tiara. Usava luvas de renda negra e calçava sapatinhos pretos.


Não havia correntes em seu vestuário.


Erguendo o olhar Lucy pode ver o olhar preocupado do espírito.


A Heartphilia sabia que Virgo faria de tudo por ela, afinal, fora ninguém menos que o espírito celestial da empregada que cuidara de si quando aquele assunto começou a perturbá-la fazendo-a recorrer a meios nada convencionais.


Ela e Rogue.


Mas também havia ele. Aquele que cuidara de si nos seus primeiros tormentos. Que zelara por sua sanidade quando a mesma encontrava-se a beira da ruína. Seu único amigo, além dos espíritos celestes.


Alguém que nem a própria Heartphilia conhecia.


Mas mesmo desconhecendo-o, ela acreditava que ele era seu anjo, pois fora ele o primeiro a salvá-la e consolá-la.


– Está tudo bem Virgo – sorriu-a, apesar de que seu sorriso fora tão falso quanto suas palavras. – Está tudo bem... – repetiu, talvez mais para si do que para o espírito celestial que a observava triste, mas ainda sim compreensivo.


Talvez ela só precisasse de seu anjo que há muito não era mais visto, ao menos, não pela Heartphilia.