As Duas Faces

Capítulo 3


Meu olhar está vidrado na estrada, mas minha mente está longe daqui. Estou indo para casa, afinal, eu fui obrigado. Catherine meio que me convenceu... Não iria dar para ficar ao lado de Gregory, apenas ficar esperando naquela sala gelada e nada agradável com a aparência da morte. Nunca gostei de hospitais. Sempre com o ar de tristeza... De solidão... Mas normalmente é isso que todos nós sentimos ao espera um ente querido naquele lugar.

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Catherine falou que o melhor a se fazer é ir para casa, entrar no chuveiro, jantar e depois ir visitá-lo quando ele já estiver melhor.

Eu aceitei fazer o que ela me pediu, alias, ela está certa. O problema é que meu coração pede insistentemente para vê-lo bem... Para acompanhá-lo nesse momento difícil... Meu coração está despedaçado... Ele está rasgado, e a única cura é vê-lo bem.

Aperto o volante um pouco mais forte e olho para ela, ali do meu lado... Talvez nem entendendo o que está acontecendo... Até hoje, ninguém sabia da existência de Gregory. Bom... Na verdade, alguém em algum lugar do mundo sabe de sua existência.

- Você está bem? – Catherine pergunta olhando para mim quando paro por causa de um semáforo vermelho.

Não consigo encará-la. Talvez porque se eu o fizesse, as lagrimas que eu seguro em meus olhos caiam, mostrando-a todos os sentimentos que sempre escondi tão bem de todos.

Continuo o nosso caminho em direção a minha casa.

Ao chegar nesta, Catherine deixa seu maxilar cair alguns milímetros, junto com seus olhos que se arregalam, me encarando e depois encarando a casa.

- Preciso te explicar algumas coisas... – Digo tentando controlar minha voz para ela não perceber nada.

- Também acho!

Paro no grande portão e os seguranças vêm em nossa direção.

- Boa noite Senhor Tompson.

- Boa noite Jeff.

- Tompson?! – Catherine pergunta mais surpresa.

Os portões se abrem e eu estaciono o carro. Saímos deste e logo entramos na casa.

- Boa noite senhor Tompson. – A empregada fala sorridente.

- Boa noite Carla.

Após um tempo, todos os empregados vão embora, ficando apenas os seguranças noturnos e eu e Catherine.

- Antes de você me explicar tudo, eu poderia tomar um banho senhor Tompson?

- Muito engraçado Catherine!... Claro que pode. Emprestarei-te uma roupa minha.

- Obrigada Griss. – Ela fala sorrindo e beijando minha bochecha.

Pego uma camiseta minha e empresto à Catherine. Ela entra em um dos banheiros da casa e começa a tomar banho. Enquanto isso me sento no sofá e olho para o lado, imaginando Gregory como sempre sentado nesse sofá me esperando para levá-lo à escola, como no dia anterior.

Em pouco tempo fico inquieto. Levanto-me e subo as escadas indo em direção à porta do quarto de Greg.

Puxo a cortina da janela e vejo o papel ainda colado no vidro. Um sorriso se abre em meus lábios e lagrimas saem de meus olhos. Eu limpo-os com minhas mãos, mas continuo olhando para o pequeno pedaço de papel.

- Ta tudo bem? – Uma voz reconhecida passa por meus ouvidos, me fazendo olhar para trás.

- S-sim... – Engulo a seco ao ver a mulher na minha frente com seu lindo cabelo solto nos ombros e suas pernas a mostra com a camiseta que a emprestei.

Um sorriso se abre em seus lábios e ela vem até mim.

- Vem. Você ainda tem muito pra explicar. – Ela diz puxando levemente meu pulso consigo, em direção ao meu quarto.

Meus olhos se arregalam, mas eu logo tento voltar ao normal. Alias, não pode ser o que eu estou pensando!

- Tá. Agora conta! – Ela fala como uma menininha levada, sentada ao meu lado na cama.

- Certo... – Comecei a contar. Resolvi contar tudo, menos à parte de que eu sou diferente das demais pessoas. Já seria muito para um dia só.

Minhas palavras foram cuidadosas e a loira prestava atenção em cada uma delas.

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Logo estávamos deitados ali, olhando para o teto do meu quarto. Ela, refletindo sobre acabei de contar-lhe, e eu, refletindo a respeito da vida. Afinal, qual seu objetivo... Para a minha vida não existe objetivo. Eu não envelheço... Sou diferente dos outros. Qual é o objetivo da minha vida?

.

.

Seus olhos se abrem lentamente e nesse momento meu coração dispara. O que falar? Com que cara falar? O que fazer?... Levanto-me e fico parado o esperando perceber minha presença ali. Não que eu não quisesse ir ao seu lado, mas é que eu não conseguia. Minhas pernas estão travadas. Na verdade eu estou assim... Eu nunca passei por uma situação como essa. Uma situação em que eu não sei o que fazer...

Seus olhos entreabertos tentam focar para a minha direção, talvez tentando descobrir quem está ali. Mas logo ele relaxa novamente naquela cama de hospital e sorri para mim ao meio daquela fraqueza que ele sente... A final, como o médico disse, ele havia perdido muito sangue com o que ocorreu... E o que ocorreu? Bom... Sabe aquela festa que acabou em desastre e acabou virando um caso para eu e minha equipe? Pois é. Essa mesma festa era a tal festa em que meu filho estaria... Por sorte, uma das balas atiradas pelo menino, não matou Greg, apenas o feriu. O único problema é que, Gregory tentou buscar ajuda, ou ir a um hospital, mas como o ferimento estava fundo, muito sangue escorria dele, fazendo-o perder muito sangue. Gregory caiu antes de chegar ao carro, desmaiado.

Após eu chegar ao local, Gregory veio para esse hospital. E depois dos médicos o deixarem estável, fizeram a cirurgia em Greg para retirar a bala de dento do corpo deste.

Catherine veio comigo. Ela tem sido uma ótima amiga nessa hora difícil. No trabalho, todos já estão sabendo de Gregory. Eu até devo imaginar a cara de cada um deles.

Após explicar tudo à Greg, ele apenas sorriu e me agradeceu por sempre ter cuidado dele. Depois ele falou para eu ir pra casa e descansar, alias, nós nem tínhamos dormido ainda, nem eu e muito menos a Cath que me ajudou em tudo.