Secret

Capítulo 30


Capítulo 30 - Fim

Dois anos.

Já se fazia dois anos que voltaram.

E dois anos que não a via.

– Edmundo, desça daí! Ficar em cima de uma árvore não vai fazê-la vir até aqui! - gritava Lúcia, tentando de todas as maneiras ajudar o irmão.

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– NÃO! - insistia o moreno.

– Edmundo, por favor... Lastimar não vai adiantar nada!

– Lu, me deixa!

E assim, suspirando derrotada, a pequena se retirou de volta à casa do Professor. Sabia que o irmão desistiria tão fácil da menina que o transformou. Durante os quinze anos que permaneceram governando em Nárnia, Lena havia sido muito eficiente em ajudar o moreno em tudo o que precisava, pois além de ter sido uma esposa, foi também amiga, irmã e conselheira dele. Sabia, mesmo que não proporcionalmente, o quanto ela fazia falta ao irmão, pois também se apegara muito à sua anja protetora. E tinha uma leve noção do quanto o coração do irmão estava despedaçado com a separação.

Assim que voltaram da grande aventura em Nárnia, passaram uma semana ainda juntos e comentando sobre tudo o que viram e viveram naquela terra. Porém assim que a guerra terminou, os quatro Pevensie precisaram retornar a Finchley. E, com muita dor no coração, Edmundo precisou se despedir de Lena, com quem ficara casado durante cerca de onze anos em Nárnia, somente com a promessa de que um dia voltariam a se ver.

Mas já haviam se passado dois longos, torturantes e cruéis anos longe de sua amada. Já tentara muitas vezes convencer a mãe a deixá-lo ir em busca de sua alma gêmea, mas era menor de idade e naquela época, não se podia simplesmente sair por aí à procura de alguém quando geralmente haviam casamentos planejados. E era isso que ele mais temia: descobrir que ela fora prometida a outro. Principalmente depois de toda a história de Ethan forçá-la a se casar com ele apenas por puro capricho. E agora que pudera finalmente retornar à casa do Professor juntamente com seus irmãos, a esperança de vê-la novamente que crescera em seu peito simplesmente se fragmentou quando não a viu ali.

Edmundo abaixou o olhar para o anel dourado que se recusava a retirar do dedo anelar da mão esquerda. Mas já não sabia o motivo, pois aparentemente ela não retornaria para ele. Viu que uma pequena gota caíra na superfície desgastada do anel e assustou-se ao perceber que era uma lágrima sua.

Ele nunca chorava.

– Por que está chorando? - perguntou uma voz calma e melodiosa ao seu lado e o moreno assustou-se ao ver que a reconhecia.

Era uma garota da sua idade, com os cabelos cacheados ainda curtos, mas exibia um corpo esbelto e definido, com mesmo brilho apaixonado nos olhos caramelo que teve que conviver durante quinze anos. Asas brancas que emanavam um brilho próprio estavam balançando levemente para sustentá-la ao nível de seu rosto.

E por mais diferente que ela estivesse, ele já a vira passando por essa fase e jamais a confundiria.

Lena.

Edmundo sorriu de orelha a orelha e esticou os braços, envolvendo a cintura fina da menina e a puxando contra seu peito. Sentiu os braços da menina envolvendo seu pescoço e a apertou mais contra si, envolvendo seu corpo.

– Eddie, está me apertando... - alertou Lena, sentindo a voz sair falha não pelo aperto do garoto, mas pela emoção do reencontro que sentia naquele momento.

Edmundo a afastou alguns míseros centímetros e colou sua testa a dela, sem querer se separar da menina que esperou durante dois longos e lastimáveis anos. Lena entrelaçou os próprios dedos nos fios negros do moreno, brincando levemente com eles.

– Senti sua falta... - ele conseguiu finalmente se pronunciar e lastimou que sua voz parecesse tão roucamente instável.

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– Eu também... - disse Lena, fechando os olhos e sentindo-se completa ali perto dele. Mas ainda precisava perguntar-lhe algo. - Por favor, me diz que a aliança que está no seu dedo é a mesma de dois anos atrás e a mesma que eu carrego. pediu.

Edmundo soltou uma risada gostosa e percebeu que não ria assim desde que fora embora daquela casa.

– É claro que é!

– Ótimo. - retrucou Lena, ainda de olhos fechados e com a boca a centímetros de tocar a dele. - Porque não divido meu marido com ninguém!

Edmundo afastou-se dela com essas palavras, pois não queria sofrer muito com a distância que ainda os separaria daqui algumas semanas. Olhou-a apreensivo e cuidadoso, analisando sua expressão e as mudanças evidentes nas feições dela. Lábios levemente mais carnudos, nariz mais arrebitado...

– O que te preocupa? - perguntou ela, acordando-o do transe enquanto sentia suas asas levarem-na para se sentar no galho ao lado dele. Elas se recolheram e Lena pode olhar lateralmente para o rosto sereno de Edmundo.

– Distância que enfrentaremos daqui a...

– Nos mudamos para Finchley há três dias. - ela anunciou finalmente ao ver o olhar de dor que passou pelos olhos negros, mesmo esperando para dizer a novidade quando todos os reis e anjas estivessem reunidos à mesa do jantar.

Mas nada disso importou quando Edmundo abriu um maravilhoso sorriso e a puxou para um beijo alucinante.

"De repente, nenhum daqueles romances literários fez jus ao sentimento. Não havia nada daquelas bobajadas românticas que se lia dia a dia, onde a menina levantava a perna inconscientemente e todos aqueles sintomas de um beijo apaixonado e sincero, como se fosse a primeira vez que se beijavam.

Porque não era a primeira vez que se beijavam; e isso estava claro no momento em que Edmundo a puxou para seu colo, envolvendo-lhe a cintura com os braços e Lena brincava com seus fios negros, provocando-lhe.

Mas só porque sentiam que estavam mais experientes desde o primeiro beijo na cabana dela, não queria dizer que não se sentiam extasiados. Não era o primeiro beijo, mas era o mais verdadeiro e cheio de sentimentos.

Poderíamos ficar tempos e tempos aqui, descrevendo as reações que sentiam a cada toque, a cada mínima separação em busca de ar, a cada provocação.

Sintomas eram apenas sintomas, como se isso que eles sentiam fosse uma doença que tomara todo o organismo de ambos, sem cura, sem vacina e sem remediação. E por mais vulgar que fosse esse conceito, sentiam que era um dos mais verdadeiros; e nenhum dos autores já havia visto esse sentimento desse ponto de vida.

Pois nenhum deles retratava o real sentimento que impelia ambos a serem um do outro, pois não havia como colocar tudo o que sentiam em palavras.

Era um sentimento único que somente quem experimentava sabia seus efeitos e somente uma única palavra os uniam permanentemente, para atravessar o mundo juntos.

Amor." (Capítulo 21).

FIM de Secret I