Secret

Capítulo 24


Capítulo 24

Lena acordou aos poucos, sentindo uma mão macia e quente acariciando sua bochecha. Olhou ao redor, ainda sentindo-se um pouco grogue pelo sono e encontrou duas imensidões negras a olhando carinhosamente.

- Bom, Anjo. - disse Edmundo, sorrindo, ou melhor, segurando-se para rir.

Lena resmungou algo ininteligível e virou-se novamente de cara para o travesseiro, no intuito de retornar a dormir. Mas como ela sabia que nada nessa vida é tão fácil assim, ouviu uma gargalhada em seu ouvido antes de se sentir sendo levantada da cama. Segundos depois, estava encarando a bunda de Edmundo, pois ele a carregava no ombro. Gritou, assustando Edmundo levemente, mas ele já esperava por isso. Começou a andar com ela em seu ombro, em direção às escadas.

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- EDMUNDO PEVENSIE! ME SOLTA AGORA QUE EU QUERO DORMIR! - reclamou a menina.

- Nope! Você vai descer e tomar café-da-manhã igual gente!

Ela deu um grito agudo, tão agudo que quase poderia ser comparado ao de Emma. Quase.

- Edmundo, me solta! - implorou. - Eu não tenho que ficar aqui vendo a sua bunda na minha cara!

- Ah, mas a minha visão está ótima!

Lena levou um segundo para entender a frase subjetiva dele.

- EDMUNDO, PARA DE OLHAR PRA MINHA BUNDA, SEU TARADO! - gritou ela, dando fortes socos nas costas dele. Começou a se espernear, tentando se soltar e por mais que Edmundo sentisse a força que ela tinha, ele não a soltou até que estivessem na sala de jantar. - ISSO É UM ABUSO, SABIA?!

Foi então que reparou que ali estavam os outros reis e suas irmãs, segurando o riso para que não fossem denunciados - o que não funcionou muito, pois assim que viram a morena quase tão vermelha quanto os cabelos de Emma, começaram a rir descontrolavelmente.

- Viu. O. Que. Você. Fez?! - ironizou Lena pausadamente, dando um soco em Edmundo a cada palavra.

- Ai, seu soco dói! - reclamou Edmundo, rindo, enquanto tentando segurar os punhos da menina, para não ser mais acertado.

Ela podia ser meiga, mas sabia ser violenta quando quer, e Edmundo adorava isso nela. O quanto uma situação podia dizer, mesmo que indiretamente, como sua Lena era de verdade, e como nada podia fazê-la mudar seu jeito de ser. Lena, fingindo estar emburrada, foi até a cadeira que havia entre Lúcia e Hailee.

- Estou com fome. - reclamou, cruzando os braços abaixo dos seios.

Edmundo, segurando-se para não rir pela mudança constante no humor da namorada, seguiu-a até sua cadeira e se ajoelhou ao seu lado, percebendo que ela tentava ao máximo não sorrir ou olhar em seus olhos. Olhou rapidamente ao redor, para os outros que estavam ali, e percebeu que não era o único que queria rir daquela cena toda. Obviamente. Após trem ficado em Nárnia como reis e suas anjas, Lena era uma das que mais mudava de humor. Um dia poderia estar extremamente infeliz - e na noite passada, Edmundo descobrira o real motivo -, em outro poderia estar séria e filosófica - palavras de Susana! - ou até mesmo emburrada e divertida. Mas todos ali já estavam acostumados. Principalmente suas irmãs, que conviveram com esse gênio da menina desde que a caçula nascera.

Edmundo voltou sua atenção para a namorada, que ainda forçava uma expressão emburrada e deu seu melhor sorriso galanteador, tendo a reação que esperava. Lena estremeceu ao ver aquele sorriso torto nos lábios dele, mesmo que por sua visão periférica, e também não pode evitar que seu coração desse um solavanco e que sua respiração descompassasse nitidamente.

- Anjo, me perdoa?! - sussurrou ele, sabendo exatamente os efeitos que tinha sobre ela.

Efeitos os quais ela também sabia ter sobre ele. O que não era exatamente muito diferente. Coração acelerado - ou apenas parando irregularmente -, respiração descompassada, pernas bambas e a sensação de que existe apenas ambos no mundo. Ah, sim, eles dividiam o mesmo sentimento que tornava cada dia ao lado do outro, único e especial.

- Humpf! - Lena bufou, tentando ignorar todos os sintomas que aquela aproximação lhe trazia.

- Vai, Lena, perdoa ele! - pediu Hailee, já não se aguentando de rir daquela cena em pleno café-da-manhã. Era assim todos os dias: por mais triste que estivessem, sempre conseguiam se alegrar uns aos outros, por mais boba coisa que façam. Esse escândalo de Lena era prova disso. - O menino está ajoelhado na sua frente!

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Lena mordeu os lábios, não deixando transparecer o quanto se divertia com toda aquela situação. Mas Edmundo sabia que sim e isso favoreceu para que seu sorriso se abrisse ainda mais. Gostava de saber que, mesmo Lena sendo uma boa atriz - ótima na verdade-, ela não estava com raiva verdadeira dele.

- Por favor... - ele se aproximou de Lena e sussurrou sensualmente ao pé do ouvido dela: - Anjo.

Ela amava esse apelido saindo de sua boca. Não era o mesmo tom despresível utilizado por Ethan, anos - e horas - atrás. Era o tom fofo e delicado com o qual Edmundo sempre a tratava. E isso sempre fazia toda a diferença.E então ela sorriu. Não apenas por achar graça de sua própria marra, mas por tudo. Mesmo tendo dificuldades com seu próprio temperamento, ela sabia sorrir pelas coisas boas da vida. Sorria, pois sentia-se feliz em Nárnia, muito mais que seu antigo lar - como passou a chamar a Inglaterra -; sorria porque sentia-se feliz por tudo - ou quase - estar bem; sorria por simplesmente estar com os melhores amigos que um dia poderia pensar em querer ter. Mas sorria, principalmente, por ter o menino perfeito e ao mesmo tempo imperfeito ao seu lado. Era tudo o que um dia poderia querer.

Então ela assentiu levemente para Edmundo.

E ele, como sempre quando estava junto dela, mal cabia dentro de si e tão feliz que estava. Levantou seu corpo levemente e se inclinou sobre o de Lena, tomando-lhe os lábios enquanto a segurava pela cintura fina. Lena embriagou-se com o sabor doce que Edmundo tinha nos lábios, sentindo a textura macia que se encaixava perfeitava em seus lábios pequenos.

- EPA, CHEGA DE PUTARIA NO CAFÉ-DA-MANHÃ! - eles se separaram ao ouvir a voz divertida de Pedro. - E TEM CRIANÇAS AQUI!

- Só se for você, não é, Pedro?! - argumentou Lúcia, rindo.

Enquanto Edmundo se afastava de Lena murmurando um "loiro azedo e estraga-prazeres", ela trocou um olhar rápido e cheio de significados com a mais nova de todos. Ah, sim, Lena era cúmplice. Sempre ajudava a menina a se encontrar com algum menino ali de Cair Paravel, sempre a encobertando. Afinal, ela também tinha o direito de viver, oras!

- Lúcia Pevensie, explique-se! - exigiu Pedro, levando a sério demais.

- Nada, meu amor, nada... - disse Hailee, dando algumas batidinhas no braço dele. Ela simplesmente tinha o dom de acalmar o loiro. Principalmente quando ela sabia que sua irmã caçula acobertava a irmã caçula dele.

- COMIDA! - gritou Lena, assim que os faunos apareceram com pratos e mais pratos de pães, bolinhos, tortas e frutoas.

Todos ali presentes riram, incluindo os serviçais. Enquanto comiam, iniciou-se uma tranquila e divertida conversa entre os presentes, até que Lena resolveu dar voz a uma pergunta que ainda persistia em sua mente.

- Então, Emma... Já soube quem é seu noivo?! - perguntou Lena, calmamente, enquanto colocava uma uva na boca.

De repente, todo o cômodo ficou silencioso e todos trocavam olhares entre Lena - que tinha uma expressão de falsa inicência no rosto - e Emma, que tinha uma expressão completamente confusa e aturdida.

- Como assim?!

- Você não está noiva?

- Anh... Estou, mas por quê?! - perguntou Emma, ainda um pouco aturdida. - Aonde quer chegar?!

- Você saber quem é o noivo?

- Eu sei que ele é o príncipe da Calormânia e é rico. Só isso. - respondeu a ruiva, fazendo um gesto de desdém.

- Pois saiba que é Ethan Vinner. - disse Lena simplesmente, assim que sua irmã colocou o copo de suco nos lábios.

E Emma não esperava por isso. De jeito nenhum. Simplesmente cuspiu todo o suco de laranja que havia na boca.

- COMO É QUE É?! - ela praticamente berrou, enquanto Edmundo forçava-se a se manter com uma expressão fria, Lena continuava a comer calmamente e Hailee olhava espantada de Lena a Emma.

- O QUE RAIOS QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI?! - foi a vez de Hailee surtar e desta vez, todos se assustaram. Ela nunca foi disso.

- Eu e Eddie encontramos ele ontem no baile. - disse Lena, cortando um pedaço de torta, como se tudo estivesse bem, mas ela sabia que não estava.

Estava com um pressentimento ruim, mas não podia demonstrar, pois ainda não sabia sobre o que era.

- Quem é esse? - perguntou Susana.

- Meu ex. - disse Lena simplesmente, com o tom de voz frio e indiferente.

Edmundo, num gesto de ódio contido, apertou tanto o copo que segurava, que o estalou e quebrou. Um fauno veio correndo para ajudá-lo a limpar os cacos. Logo em seguida, outro fauno chegou com uma carta em mãos e a entregou a Pedro.

- De quem é? - perguntou Lena, parecendo a menos surpresa e afetada naquilo tudo. Mas todos sabiam que aquilo tudo era apenas uma fachada muito bem feita por Angelina Campbell.

- Uma carta do Príncipe da Calormânia. - respondeu o fauno. - Disseram-me que era assuntos do casamento.