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Capítulo 19


Capítulo 19

Lena voou na maior velocidade que conseguia e conseguiu chegar lá em menos de um minuto. De longe, via o campo de batalha, onde muitos caiam no chão – e Lena tinha certeza de que não se levantariam mais. Não conseguira identificar Edmundo.

Pousou na relva crescida e guardou as asas.

Ela suspirou e, ainda ouvindo os barulhos dali, se encaminhou até a tenda que dividira com as irmãs. E, para sua surpresa, elas estavam ali, sentadas na cama da Hailee e abraçadas. Queria perguntar por que estavam ali, e não lutando junto ou até mesmo fugido disso. Mas não podia. Precisava muito ir ajudar Edmundo. E ver se ainda estava vivo. Sentiu um arrepio gelado subir desde a sua espinha, mas ignorou. Passou direto até sua cama e pegou a espada que escondia ali embaixo.

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– Lena, o que está fazendo?! – perguntou Hailee ao ver a irmã mais nova pegando a espada.

– Ajudando. – respondeu simplesmente, passando pelo vão da entrada da tenda. Mas as irmãs a seguiram e a seguraram quando esta liberou as asas e quase alçou voo.

– Como é que é?! – perguntou Emma, segurando-a fortemente pelo pulso para que não fugisse. – De jeito nenhum! – exclamou, exaltada, e tomou a espada de sua mão.

– HEY! – reclamou Lena, avançando para pegá-la, mas Emma afastou a espada para longe de seu alcance. – Emma, me dê a espada!

– Lena, não vamos deixar você se machucar! – disse Hailee pacientemente.

– Me machucarei se não for ajudar Edmundo... – murmurou Lena, parando de tentar pegar a espada.

– Eu sei como se sente, Lena... – Emma tentou ajudar, segurando seu ombro com compaixão, mas a mais nova desviou-se, irritada.

– VOCÊ NÃO SABE O QUE SINTO! – gritou Lena.

– Ah, mas eu sei... – disse Hailee calmamente. – E é justamente por isso que você ficará aqui.

– E o que faria se Pedro se machucasse?!

Hailee pareceu indecisa.

– Sentirei-me mal, mas Pedro pediu para que ficasse.

– Você vai simplesmente cruzar os braços e esperar que ele morra?! – perguntou, incrédula.

Lena estava furiosa. Furiosa por não poder ajudar Edmundo, furiosa pelas irmãs não a entenderem e furiosa consigo mesma por não conseguir fazê-las entender.

Respirou fundo, tentando se concentrar.

– Já que você sabe o que sinto... – disse Lena para a irmã mais velha, tentando ao máximo não parecer amarga.

Aproximou-se delas e as abraçou, sem esconder as asas. Elas a abraçaram também.

– ... talvez não se importe disso! – disse rapidamente e agarrou a espada da mão de Emma e alçando voo para longe das irmãs, que ficaram gritando por ela, desesperadas.

~*~

O campo de batalha estava cheio de mortos, de ambos os lados, mas a guerra ainda não acabara.

E Lena ainda não achara Edmundo, sobrevoando. Por fim, depois de voltas e voltas no ar, ela finalmente o encontrou. Pousou próximo ao garoto, que lutava com um orc. Logo que sentiu os pés no chão, um minotauro veio para cima de si, com uma grande foice pronta para matá-la. Escondeu as asas atrás da pele novamente e girou o pulso para se defender do golpe do homem-touro.

Percebeu, enquanto lutava, que a criatura tentava acertá-la apenas por cima – nunca tentava acertá-la pelos pés. Pensou que isso poderia ser uma vantagem para ela. Então, quando o minotauro fez um arco com a foice por cima de sua cabeça, ela agachou-se e se inclinou para frente, enfiando a espada no coração dele.

Virou-se e viu que Edmundo estava prestes a ser atacado por trás enquanto lutava contra outro horrendo orc. Não pensou duas vezes em matar o anão. Edmundo rapidamente acabara com o orc e virara-se para enfrentar o próximo inimigo, mas ficou com o braço suspenso no ar quando vira que era apenas Lena que acabara de salvá-lo. Lena sorriu, mas logo se desmanchou quando precisou atacar outro inimigo que vinha por trás de Edmundo. Edmundo olhou para trás assustado e ainda confuso por ver Lena no meio daquilo tudo.

A menina apenas deu sorriso sarcástico e disse.

– Segunda vez que te salvo. Está me devendo uma!

Edmundo revirou os olhos e voltou para a batalha, sendo seguido pela garota.

– Não devia estar aqui! – disse ele, irritado.

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– Sem mim estaria morto.

Mataram mais alguns antes dele pensar em uma resposta boa o suficiente para rebater o que ela dissera.

– De qualquer maneira, não deveria estar aqui. Poderia se machucar!

– Queria o quê?! Eu não ficaria presa naquela tenda cheia de culpa caso acontecesse algo a você.

Edmundo sentia que seu coração estava prestes a sair pela boca. Achara fofa a preocupação dela, mas não gostava nada da preocupação que ele mesmo estava sentindo caso ela se machucasse.

– Você precisa voltar! – disse. – Aqui não é seguro para você, Lena. Sabe que não me perdoarei...

– Pensei que eu era a anja protetora e não você! – interrompeu. Não queria ouvir a palavra morte naquele momento.

Edmundo queria rir, mas não naquele momento. Não naquele momento em que tinha que matar soldados inimigos para não morrer e deixar Lena ser morta. Não naquele momento em que tinha que se concentrar em atacar, matar e proteger a menina que ama.

– Está bem! – exclamou por fim, quando pode parar para dizer algo a ela. – Mas, por favor, tente não se machucar!

– Digo o mesmo a você! – disse Lena, avançando dois passos para atacar um grande minotauro.

~*~

– Edmundo! Eles são muitos! – Edmundo ouviu a voz de Pedro gritar a apenas alguns metros. – Saia já daqui! Pegue todas as meninas e leve-as para casa!

Pedro voltou a atacar e Edmundo ficou observando-o, pensando.

– Venha, Eddie! – disse Lena, puxando-o pulso.

– Preciso ajudá-lo, Lena! – ele tentou resistir, mas sabia que enquanto ela lhe segurava a mão, não teria muita força de vontade para contradizê-la.

Lena parou por um instante e matou rapidamente um orc que tentava os atacar; virou-se para Edmundo com um olhar carinhoso.

– Acredite, Eddie, já fez o possível! Precisa procurar suas irmãs e levá-las para casa em segurança!

Dito isso, Lena deu-lhe um rápido beijo e tentou correr para longe de Edmundo, para voltar à guerra e tentar acabar com tudo isso. Mas, claro, Edmundo não a deixaria ir tão facilmente. Agarrou-lhe o pulso e a virou para si.

– Só vou se for comigo. – disse.

– Mas...

– Minha condição.

Lena respirou fundo.

– Então vamos! – disse, andando na frente dele, pelo terreno cheio de rochedos.

Edmundo andava atrás dela, sempre olhando aflito para os lados, para se defender quando um inimigo tentava atacá-la. Até que uma vez olhou colina abaixo e viu a Feiticeira, metros de distância de Pedro, petrificando inimigo por inimigo para chegar a Pedro.

– Pedro mandou sair daqui. – disse o Castor, quando viu que o moreno desembainhava a espada.

– Pedro ainda não é rei.

Edmundo olhara rapidamente para Lena, que lutava contra um minotauro. Sabia que ela venceria, por isso voltou-se à Feiticeira e correu até um rochedo próximo. Sem parar a corrida, pulou e tentou acertar o cajado com a espada. Porém, ela foi mais rápida e desviou. Atacou-o com o cajado e Edmundo desviou, virando-se e quebrando o cajado, causando uma forte luz azul após a perda da magia.

Lena matara o minotauro, com certa dificuldade e alguns arranhões a mais que desejava que desaparecessem logo. Virou-se e viu que Edmundo não estava mais atrás de si. Correu os olhos em volta e viu o castor a encarando com pesar.

– Onde está Edmundo?!

– Foi lutar contra a Feiticeira.

Lena olhou em volta, procurando preocupada pelo menino. Quando finalmente o encontrou um pouco ao longe, a espada dele estava indo pelos ares e a Feiticeira o atacava no abdômen. Lena sentiu todo o seu mundo girar e o coração se rasgar em dois quando Edmundo caíra no chão, ferido gravemente.