Capítulo 20 - Bilhetes.

O sol batia no meu rosto. Droga! Joguei um travesseiro em direção à janela, mesmo sabendo que não surtiria efeito. Obriguei-me a levantar da cama e ir à escola. Tarefa difícil.

Troquei o pijama sonolenta, não dormi tarde noite passada, mas o encontro com os gêmeos na Starbucks e a visita a Bea me esgotaram.

* * *

-O que faremos agora? – Perguntei para Henry.

-Vem, vamos encontrar a Bea. – Ele se levantou sendo seguido por mim e por Tempestt, logo chegamos à loja rosa-desbotada.

Empurramos a porta da loja, o sininho anunciou a nossa entrada. Varri o lugar com meus olhos, porém nenhum sinal da excêntrica dona do lugar.

-Bea? – Henry chamou.

Caminhamos para dentro, eu observava as cristaleiras, dentro delas havia um puma, um casal de girafas, flores e personagens Disney.

-Ela não está aqui. – Disse Tempestt.

-Não é possível, ela quase nunca sai. – Henry examinava um quadro com a tinta fresca.

-Hey gente. Olhem isso. – Apontei para um bilhete preso no vidro de uma cristaleira rustica.

“Queridos guerreiros, saí de minha loja pois coisas ruins se aproximam, e não é meu dever lutar nessa batalha, mas dever de vocês, dos cinco. Bea”

-O que? – A ruiva exclamou. – Ela nos abandonou. Simples assim? Sem nem trancar a loja.

-Não, não é assim. Bea nunca sai. Nunca. – Henry arrancou o bilhete do vidro. – Ela disse isso da ultima vez. Algo realmente está vindo a Michigan.

-Pense Black. Como nós – Movi as mãos apontando para todos. – Vamos deter seja lá o que for que está vindo para Marquette? E outra no bilhete ela diz cinco, somos só três.

-Não é verdade, temos o Jason e a Quione. – Ele deu de ombros.

-Até parece, se eu tiver que chutar algo para fora dessa cidade vai ser a Senhorita Roupas Azuis. – Tempestt disse irritada.

-Bom, a decisão é de vocês, mas preparem-se, vamos lutar.

* * *

Coloquei minha camiseta de Michigan e uma calça jeans. Em velocidade da luz comi uma tigela cheia de cereais em forma de estrelas.

Cheguei à escola em cima da hora, ao me sentar pude ouvir a professora anunciar a entrada de uma nova aluna. Quione tinha todos os olhares voltados para si, alguns meninos babavam, Phoebe Stanley e suas seguidoras mediam a garota como um pedaço de carne estragada, e o resto dos alunos demostrava curiosidade pela menina suíça.

-Pessoal essa é nossa nova aluna. Seu nome é Quione Greene e ela veio da Suíça, por favor, tratem-na bem e lhe deem as boas vindas a Marquette.

Ela caminhou pela sala indecisa, fiz um sinal convidando-a para sentar perto de mim, porém me arrependi na mesma hora. Quione tornava o ar a sua volta extremamente gelado e denso, o que me incomodava muito.

-Oi. – Ela me cumprimentou.

-Oi. – Respondi

O resto da aula de literatura correu bem, nenhuma de nós tentou maior contato. Fogo e gelo não se davam bem, respeitamos o espaço uma da outra e de vez em quando trocávamos um sorriso sem graça.

O sinal bateu, e logo todos se amontoavam em seus armários.

-Hey! Quione? – Chamei, ela ficava a três armários de distância do meu.

-Que foi? – Ela me olhou, instintivamente escondi a cabeça atrás da porta de metal.

- Se eu te dissesse que, alguns de nós, preveem o futuro você acreditaria?

-Bom... Não iria ser a coisa mais estranha que eu já vi.

-E se eu te dissesse que nessa visão, nós lutamos em uma batalha?

-Nós...?

-Eu, você, Henry, Tempestt e Jason.

-Uau. – Quione disse simplesmente.

-Olha, eu sei que isso é uma puta de uma viagem, mas...

-Não. Quer dizer... Porque não nos encontramos fora desse lugar. – Ela olhou ao redor.

-Onde?

-Que tal assim. No final de semana, eu e meu irmão vamos ao lago perto da nossa casa. Ele pode te pegar por volta da 6h00mim. Convide seus amigos, inclusive a ruiva. – Quione me entregou um papel azul com seu número e seguiu para aula.

-Ok. – Peguei o papel e fechei meu armário. Parece que nós vamos ao lago.