O Amor Não Está Nos Livros

A Ironia do Destino.


Era outono e tudo estava parado na cidade de Kinkerville, se não fosse pelo jovem Peter Land lendo lento e triste um dos contos de Edgar Allan Poe. Um garoto de quatorze anos que possuía cabelos negros assim como seus olhos e seu vício nesse autor era tão grande que Peter desejava desde os mínimos detalhes ser como ele, mas é claro que isso não aconteceu, apesar de sua grande força de vontade, sua personalidade era forte.

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_Nunca... Mais... – Ao completar tal frase, como se fosse um conto do destino uma bola de golfe o atingiu bem na cabeça, forte o bastante para ficar um galo.

Num movimento rápido ele se deitou no banco, fingindo-se de morto, jurando pelos deuses que a sua hora de partir chegou e a única chance que ele teria de fugir da morte era se fingindo de morto. Se não fosse sua tolice, talvez o menino Friedrich Parker de dezesseis anos não achasse graça dele.

_Esperando a morte? – Friedrich fez os olhos de Peter abrirem em um instante, e fazendo a face de ambos corarem, por motivos diferentes.

Ah, Friedrich nunca se esqueceu deste momento: Atingiu por querer um garoto com sua bola de golfe, o garoto não o xingou, mas se fingiu de morto. Ele não foi bobo, no mesmo instante soube que uma pessoa assim era um achado enorme, uma pessoa tola que o fez rir. E ao ele abrir os olhos, não teve dúvida nenhuma, esse garoto tolo é especial. Seus olhos negros refletiam a vida vazia de Friedrich e ele sentiu isso também.

_Eu apenas te confundi – Peter respondeu sem jeito, jogando os ombros para frente e fazendo cara de emburrado.

_Tudo bem, às vezes eu me confundo também - Se sentou do lado do outro garoto, sem cumprimentos – Sou Friedrich... Desculpe pela bola.

Peter um tanto desapontado por sua vida ser normal e sua vida não estar por um fio, pegou a bola do chão e colocou na mão do outro, olhando-o nos olhos. Cuja descrição mental de Peter foi: “Um garoto arruaceiro de olhos verdes como esmeralda vestido como um mesquinho rebelde. Eu poderia estar ganhando mais se estivesse em casa”. Ah, a ironia do destino é uma coisa prezável e por vezes desgastante, pois no mesmo instante seu coração teve um surto de arritmia e por mais que seus livros descrevessem isso como amor absoluto, Peter era contra qualquer foco de amor, tanto heterossexual como homossexual.

_Não te perguntei – Entregou a bola ao Friedrich. – Pegue essa seu artefato para entretenimento e vá embora e o outro soltou uma risada espontânea, diferente do esperado.

_O nome disso é bola de golfe e não estamos mais na idade média, “senhor” – Disse Friedrich dando uma boa olhada nas roupas do outro.

_Olha quem fala mesquinho.

_Como sabe se sou mesquinho se nem me conhece? – Aqueles olhos verdes reluzentes encarando os olhos profundos negros.

_Meu nome é Peter Land – Revirou os olhos para si mesmo, desejando poder ter dito “Meu nome é Edgar Allan Poe”. – Agora posso lhe dizer que você é um mesquinho.

Friedrich se levantou suspirando, e andou reto, saindo de perto do outro. Estava fazendo um teste para si mesmo, que o mesmo iria levantar ou fazer algo e foi exatamente o que aconteceu, mas não na proporção exata.

_Hey idiota! – Peter pegou a bola de golfe esquecida no banco e jogou para o recém-conhecido. Pena que com força demais.

Um movimento exato, quase cronometrado. Friedrich olhou para trás e a bola acertou em cheio em seu olho, fazendo o mesmo colocar a mão e gemer de dor. Peter assustado com sua própria força saiu correndo em direção ao machucado.

_Você está bem?! Desculpe-me! Eu juro... E-eu não fiz por querer, eu só... – Parou de falar na hora em que percebeu que fora enganado.

O rebelde rindo do certinho com a bola em uma das mãos sem ferimento nenhum.

_Você vai precisar de muito mais para me machucar, garotinha... – Deu um sorriso triunfal, ainda rindo.

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Garotinha?! Na cabeça de Friedrich ele se pareceu e muito com uma garota preocupada com seu namorado, era digno, já que o corpo de Peter era miúdo e o rosto feminino até demais.

_Ora seu...

Antes de ele terminar de falar, eu entrei em ação. Pausei meu relógio da vida e preparei meu arco e flecha, A flecha passaria pelo coração de Friedrich e fincaria no coração de Peter, fazendo a conexão perfeita, me preparei mentalmente e fisicamente, dei continue no meu relógio da vida e joguei a flecha. Sincronia perfeita é isso que os cupidos fazem.

BAM! E o amor estava nos olhos de ambos, se não fosse por mim, esse mesmo amor iria crescer de toda a forma. Eu apenas crio histórias, histórias inesquecíveis e fadadas.

Peter estava com a palavra na ponta da língua, mas acabou perdendo-a, já que sua boca foi tomada pelo outro, que estava com as duas mãos na gola dele, puxando-o para perto como se não houvesse amanhã.

O amor entra na sua casa sem bater, ele é grosso e rude, mas no fim você vai acabar gostando dele.


A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de sê-lo muito em breve. – Edgar Allan Poe