Jogo de Espiões

CAPITULO 3 – CONTATOS


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O apartamento estava localizado no terceiro andar. Não havia elevadores, por isso o único acesso ao apartamento era através de uma escada de madeira que rangia a cada pisada.

- É esse aí da frente – Naruto apontou-me a porta de entrada do apartamento – número 21.

O número 21representa os atributos da sabedoria, é a perfeição por excelência, a livre escolha entre o bem e o mal, representa a responsabilidade; talvez por isso a maioria dos povos considerasse 21 anos com um marco da maioridade. E essa era a minha idade, eu tinha 21 anos completos há um mês atrás.

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Naruto passou por mim para abrir a porta e depois me esperou entrar. Ele tinha nas mãos minha mala azul marinho.

- Eu não sei se vai gostar muito do lugar.

Eu respirei fundo.

- Não tem problema, passaremos aqui apenas alguns dias – retruquei num tom ameno.

Naruto pareceu-me mais aliviado ao ouvir minhas palavras.

- Eu vou verificar se já tem água quente na torneira.

Eu lancei um longo olhar analítico por todo o apartamento. Era um lugar pequeno, mas parecia confortável.

A porta de entrada dava acesso a uma ampla sala que tinha apenas um velho sofá vermelho descorado, uma lareira com um fogo brando aceso e uma velha estante com alguns livros empoeirados. Havia uma enorme porta balcão de madeira com vidros sujos e embaçados por onde se podia ver a fachada do prédio vizinho, e ao fundo se via uma das abóbodas da Catedral de São Basílico. Do lado direito havia uma passagem com um arco que dava acesso a cozinha; aproximei-me para ver a cozinha que não era grande, tinha apenas uma pia de uns 40 cm, uma geladeira, um fogão portátil e uma mesa de madeira velha com duas cadeiras. Ainda na parte direita havia um estreito corredor escuro que imaginei que conduzia até o quarto, comecei a caminhar pelo corredor e minhas suspeitas se confirmaram. Antes da porta de entrada do quarto a minha frente, havia uma pequena porta do lado esquerdo onde estava localizado o banheiro, Naruto estava lá olhando desolado para a torneira da banheira por onde saia água fria.

- Parece que ainda não arrumaram os canos – disse-me num tom de decepção.

- Não se preocupe. Eu vou descansar um pouco. Onde fica o meu quarto?

Naruto apontou para frente.

Como notaram na planta da casa, e como eu também notei naquela hora só havia um quarto. Num primeiro momento eu não havia me dado conta disso, e fui para o quarto onde encontrei um pequeno aposento com uma cama de casal. Olhei para trás e vi Naruto com as mangas arregassadas do sobretudo e o braço molhado.

- O quarto tem uma bela vista da cidade.

- Esse é o único quarto da casa? – a pergunta tinha tom de afirmação.

- É, só tem um quarto.

Eu coloquei minha mão na cintura.

- E onde você pretende dormir?

- Aqui - a resposta de Naruto veio pronta.

Idiota. Confirmado.

Eu peguei uma travesseira que estava sobre a cama e joguei contra ele.

- Você vai dormir na sala. Podemos ser casados ante a todos, mas definitivamente não o somos.

Naruto abaixou-se e pegou a travesseira.

- É bem frio pela noite.

Eu franzi o cenho.

- E daí?

O que me faltava era ele falar que pretendia me esquentar.

- Na sala é mais quente por causa da lareira.

- Eu vou dormir aqui no quarto! – repliquei num tom firme de voz.

Naruto ficou assustado com a minha reação, e rapidamente ele se dirigiu para a sala. Eu bati a porta e sentei-me na cama; apoiei meus cotovelos em minhas coxas e segurei minha cabeça com as mãos em minhas bochechas.

- O que eu estou fazendo nessa missão?

A dúvida começava a surgir em minha mente. Levantei-me e fui até a penteadeira, sentei-me no banco forrado de veludo vinho e fitei minha figura pálida no espelho cuja superfície estava empoeirada e embaçada; aquela casa precisava de uma boa limpeza.

Escutei três batidas secas na porta.

- Sakura, você não vai comer?

Olhei para a pequena janela que estava na minha lateral direita e vi que o fraco sol de outono brilhava sobre a cidade. Ainda estava cedo demais para dormir, meu estomago começava a reclamar a falta de comida.

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Duas novas batidas na porta.

- Sakura

E meu nome sendo chamado mais uma vez. Como ele podia ser tão irritante.

- Sakura, está tudo bem?

Levantei-me e fui abrir a porta.

- Eu pretendia descansar, mas em vista de sua insistência aceitarei seu convite de almoço.

Naruto abriu um largo sorriso. Sempre que o via sorrir me perguntava quais os motivos o faziam tanto mostrar os dentes?

- Perfeito. O que vamos comer?

Eu já disse que ele era um idiota.

- Eu não conheço comida russa – fui logo informando o fato.

Naruto ergueu os ombros.

- Eu também não.

Eu voltei a bater a porta na cara dele, e respirei fundo. Voltei a abrir e encontrei Naruto a me olhar confuso.

- Vamos sair para tentar encontrar algo que comer.

Eu saí caminhando a frente de Naruto, e ao chegar a sala escutei a campanhia soar. Olhei assustada para Naruto que me retribuiu um olhar de preocupação.

- Quem será? – perguntei retoricamente.

Naruto de imediato se pôs a minha frente e foi atender a porta. Ao abrir a velha porta de madeira empenada, eu vi ali parados a soleira da porta um casal.

A mulher aparentava ser mais jovem do que o homem, talvez tivesse cerca de 46 anos; ela tinha longos cabelos loiros presos por um coque e usava uma tayer verde; sua silhueta fina e seus seios avantajados lhe conferiam um charme como eu nunca vira antes em outra mulher.

O homem de idade mais avançada tinha cabelos longos brancos presos por um rabo de cavalo, o cabelo desordenado dava-lhe uma aparência maltrapilha. Ele trajava um nada discreto terno vinho com um sobretudo de mesma tonalidade; sua barriga saliente deixava parte dos botões do sobretudo entreabertos. Por um momento, enquanto o analisava lembrei-me da figura de São Nicolau, mais conhecido pelos americanos como Santa Claus, com sua barriga saliente, suas bochechas vermelhas e seu cabelo grisalho, para completar a composição do “Santa Claus” faltava-lhe apenas a longa barba branca.

- k6;l6;k3;ll6;k m1;m0;ll6;! – disse o homem abrindo um largo sorriso.

A primeira vista notei que o homem era mais simpático e alegre do que a mulher que parecia ser mais reservada e séria.

- Quem são vocês? – perguntei sem rodeio.

- Somos seus contatos.

Um frio percorreu minha espinha, e senti minhas pernas paralisarem. Olhei para Naruto que também estava sem reação.

- Seria educado se nos deixassem entrar – disse o homem num inglês carregado de sotaque.

- Entrem – eu disse ainda que pouco consciente de minhas palavras.

O casal entrou e foi logo se sentando no empoeirado e velho sofá da sala cujo forro havia sido consumido parcialmente pelas traças. Eu e Naruto nos ajeitamos nas beiradas do sofá.

- Vieram rápido! – disse Naruto num tom de desagrado.

Tive a impressão que Naruto não estava muito a vontade com a presença deles.

- A missão não pode esperar – disse a mulher de forma áspera – entrarão na fábrica amanhã à noite.

- Tão breve! – surpreendi-me com a rapidez com que a missão iria se realizar.

- Quanto antes terminarem, mais rápido vocês voltarão a seu país – disse o homem carregando ainda mais seu sotaque russo.

A mulher lhe lançou um olhar reprobatório.

- Como se chamam? – decidi perguntar.

A mulher, com seu ar superior, tomou a frente do homem e respondeu.

- Eu me chamo Tsunade, e este é meu parceiro Jiraya.

Parceiro... num primeiro momento pensei que eles fossem um casal de verdade.

- Amanhã entraremos na tal fábrica.

Naruto parecia ser bem prático quanto as coisas a serem feitas.

- Como faremos para entrar na fábrica? – eu perguntei curiosa.

- Daremos as coordenadas amanhã quando os viermos buscar – me respondeu a mulher.

Naruto se pôs de pé.

- Se está tudo decidido, então, vamos comer!

Naruto não era nada meu, exceto meu parceiro, e acredito que por isso senti tanta vergonha por ele.

- Naruto! – o repreendi e ele me olhou sem entender nada.

Tsunade e Jiraya riram.

- O garoto está com fome! – exclamou Jiraya – eu também.

Naruto sorriu, finalmente ele encontrara alguém que o compreendia.

- Vocês vão nos ajudar aqui, não é mesmo?

- Sim – respondeu o homem.

- Bem, o que há para se comer? – perguntou Naruto num disparate.

- [i]Roz c´övo[/i] – respondeu Tsunade.

- O que é isso? – perguntei sem entender o significado daquelas palavras.

- Arroz com ovo.

Eu coloquei a língua para fora mostrando meu desagrado pela combinação. Seria melhor um bacon com ovo.

- O melhor por aqui é [i]tchurhila[/i] – disse Jiraya.

Minha cara de dúvida e desgosto foi bem clara.

- Pasta de uvas com recheio de nozes, em forma de linguiça, originária do sul do país, mas vendida nas ruas das grandes cidades – explicou-me Tsunade.

- Acho que vou emagrecer alguns quilos enquanto estiver aqui – comentei.

Nenhuma daquelas comidas me agradava. Eu preferia algo como um hambúrguer. O que eu podia fazer? Eu era uma americana acima de tudo.