– O acampamento cresce a cada dia. – Nasuada se abanava com uma das mãos, o rosto cansado. Concordei, coçando o rosto.

– Tem de aceitar que a vinda de Roran nos trouxe bastante auxílio. Temos ferreiros, potenciais guerreiros. O próprio Roran é bastante destemido.

– Sim. Ele veio me pedir um favor. Ele quer ir com Eragon atrás de uma garota...

– A noiva dele, imagino. Eu deixaria. Ele ficará muito melhor sabendo onde está a amada do que com os pensamentos buscando-a sempre.

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– Sim, eu deixarei. Fico temerosa em deixar Eragon afastado, mas não poderemos atacar ninguém nesse momento.

– De fato, Nasuada. O ataque ao rei dos anões foi um problema grave. Sem eles não teremos condições de ganhar.

– Eu sei. E a presença de um cavaleiro inimigo não melhora muito a situação. Murtagh. Eu confiei nele.

– Nós todos. E acredito que não tenha nos traído por vontade própria. Não altera nada, claro.

– Bem, informe-me mais tarde sobre a situação de seus homens, suas necessidades e perdas. Providenciarei tudo. E Silbena...

– Pois não?

– Não vá exagerar. Acaba de se curar.

– Conheço meus limites, Nasuada. Fique tranquila.

Eu tinha começado a tomar mais cuidado depois do ocorrido. Agora, por baixo do corpete, eu conseguira uma tira de couro para cobrir o tórax. Não serviria de muita proteção, mas com certeza diminuiria os danos. Ela sorriu, satisfeita. Pedi licença e me retirei, pronta para cumprir meus deveres.

Atravessei o acampamento, sentindo o sol quente de Surda nos açoitando com seus raios. Suspirei, apertando o passo. Encontrei Sano treinando com um outro homem e esperei eles acabarem antes de chamá-lo.

– O que foi?

– Preciso de um favor. Quero que conte nossas perdas recentes. Qualquer perda, homens, armas, comida, tudo. Anda.

– Aye, Capitã.

Ele saiu apressado. Respirei fundo, tentando me livrar do calor. Supervisionei calada o treinamento dos homens. Sob um sol tão hostil, ninguém durava muito tempo sem pedir uma pausa. Nem eu. Quando tive a chance, pedi Elwë para me informar do estado dos feridos. Ele estava ajudando Aidan.

– Os que podem ser salvos já foram. O restante está na linha da pura sorte. São poucos, felizmente. No máximo uns quatro.

– Muito bem. Obrigada, Elwë, pode ir.

– Está melhor de fato?

– Sim. E aprendi a ser mais responsável. Vá logo.

– Com licença.

Assim que ele saiu, Sano voltou com uma lista para mim. A letra rústica e pouco trabalhada era prova clássica do pouco contato com a escrita ele algum dia tivera. Eu não era de falar muito. Minha sorte fora ser criada num navio com nada para fazer. Agradeci e corri os olhos pela lista.

Suspirei. Aquilo era bem mais do que numa situação normal. Se eu tivesse tomado mais cuidado, muito teria sido salvo. Pena que a lamúria não traria nenhum deles de volta. Fui atrás de Nasuada mais uma vez, sem saber o que mais poderia fazer.

Elva. A garota fazia questão de estar sempre por perto. Desconcerto. Era isso que ela esperava de mim. E ia continuar esperando. Passei por ela e entreguei o pergaminho dobrado para Nasuada. Sem uma palavra, me retirei.

– Capitã. Capitã. – Ygor. Rapaz jovem, um dos meus homens. Apoiei a mão no cinto e esperei ele recuperar o fôlego, séria. – Há...Há uma senhora que afirma ter assuntos a tratar no acamapamento. Declara-se a Viajante de Além de Du Weldenvarden.

– Delrio? Leve-me até ela, agora.

– Aye, Capitã. – Respirando mais controladamente, ele refez seu caminho, agora com menos urgência. Tentei me manter séria ao rever os rostos de Delrio e Wayn, os dois parados pacientes.

– Mãe? Wayn, o que fazem aqui?

– O que havíamos prometido, garota. Viemos dar nossa ajuda. Onde está a líder?

– Sigam-me.

Agradeci Ygor com um aceno de cabeça e voltei pelo mesmo caminho, ouvindo os outros passos que me seguiam. E os olhares curiosos que nos seguiam. Um garotinho reconheceu Delrio, dos contos de piratas. Sorri. Aidan me viu e sorriu, segurando o cajado. Cajados faicilitavam o uso de magia? Por que eu estava pensando naquilo? Pisquei, anunciando minha chegada à tenda de Nasuada.

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– Ela está ocupada com a garota, Capitã.

– Diga que é urgente.

– Mas...

– Diga que é urgente. Agora.

– Aye.

– Nossa garotinha virou uma voz autoritária? – Wayn sorria. Ele sempre me dizia que eu era mandona. Eu não era de verdade, só fazia chantagem para conseguir brincar no navio.

– Não fique tão surpreso, Wayn. É o sangue da mãe.

– Ela vai recebê-la.

– Deixem as armas, ordem de praxe.

– O que queria, Silbena?

– Nasuada, esta é minha mãe. Deve conhecer por Delrio.

– A Viajante. Conheço, claro. É um grande prazer, senhora. E o senhor...?

– Wayn. Ajudo no comando do navio. É um prazer, senhora.

– Silbena sempre falou muito de vocês. Normalmente muito bem.

– Normalmente?

– O bom para mim pode não ser para ela.

– Eu te conheço bem, Silbena.

– E sabe que não sou de inventar mentiras.

– Não afetou a forma como a respeito, Delrio. Posso lhes oferecer um pouco de água?

– Não seria nada ruim. Obrigada.

– Se me derem licença, preciso voltar ao meu serviço. Aidan queria falar sobre os enfermos, senhora.

– Pode ir, Silbena.

Sai da tenda, sorrindo com o rosto nem tão surpreso de minha mãe. Percorri rapidamente meu trajeto até o mago, vendo-o sorridente. Comentei de Delrio e ele disse que o sorriso dele era meu. Naquilo de nomear emoções, ele acabava tomando parte delas para si. Por isso ele se classificava tão sensível.

– Pare com isso e se concentre, ande. Os enfermos precisam de ajuda.

– Eu só preciso que Angela me consiga alguns unguentos e tudo ficará bem.