The Secret Weapon

In To The Mountain


Assim que saí da sala de Ajihad, um anão carregando uma daquelas lanternas estranhas que pareciam gotas se aproximou.

Ele era robusto, com pouco menos de 1 metro e meio de altura, como a maioria dos anões. Os cabelos castanhos escuros por baixo de um elmo de bronze e a barba bifurcada em duas tranças, combinados com os olhos pequenos para o rosto, negros. Ele tinha a imagem de um guerreiro, um pouco apavorante.

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– Olá. Meu nome é Orun, serei seu guia aqui. – A voz dele era reconfortante, contrastando com sua aparência amedrontadora. – Como vai? Imagino que cansada e com fome, hein? – Ele deu um sorriso, me fazendo sorrir junto. Orun me parecia ser bem gentil.

– Mais cansada do que com fome. – Ele ergueu um pouco a lanterna e começou a andar pelos corredores. – Onde estamos?

– Dentro de uma montanha. Não se preocupe, terá todas as suas respostas mais tarde. Por enquanto, nossa preocupação é conseguir um aposento decente para você. E comida, claro.

– Obrigada, por me ajudar. – Olhei de soslaio para meu braço, ainda coberto com a mistura de fruta e seiva. – Você é muito gentil, Orun.

– Ora, obrigado pelo elogio, apesar de todos que já caíram sob meu machado dizem o contrário. – Ele deu uma risada estrondosa, que ecoou pelos corredores de pedra. Eu ia observando pequenos detalhes para conseguir andar sozinha.

Orun também ia me dizendo caminhos para chegar a vários cômodos. Uma biblioteca, até a sala de Ajihad, a área de treinamento físico, à sala do mestre de estratégias, refeitórios e quartos em geral.

– Vai demorar um pouco até conseguir andar livremente e não se perder. Mas mesmo se isso acontecer, qualquer um que você perguntar que indicará o caminho.

– Como vocês encontraram esse lugar? – Parei atrás dele no fim de um corredor. Um longo caminho de pedra cruzava toda a montanha, surpreendente e vertiginoso. Um pouco de claridade entrava por um buraco no pico da montanha.

– Não encontramos, por assim dizer. O fizemos do jeito que ele é hoje. Farthên Dur, nosso lar e esconderijo dos Varden. Ficaria surpresa com toda a política que cerca esse lugar. Política e história. – Ele sorria, olhando o caminho.

– Não me surpreende que quase ninguém encontra os Varden. – Falei, começando a segui-lo pelo caminho de pedra. Ele só deu mais uma de suas risadas estrondosas.

“O que acha, Elrohir? Um belo lugar, não?”. A presença de Elrohir em minha mente agora era muito mais forte. Ele provavelmente estava na montanha ou muito próximo dela.

“De fato. Silbena, sabe que terá que falar de mim em algum momento, certo?”. Ele parecia mais calmo agora, mas ainda não gostava de não estar comigo.

“Eu sei, grande. Mas preciso ir com calma. Duvido que qualquer um deles reagiria bem a uma garota nova, filha de um tirano, que tem um dragão.”

“Tenho certeza de que Ajihad é confiável. Mas não gostei nada daqueles gêmeos.”

“Eu também não. Nossa única escolha ainda é esperar. Vai dar certo.”

“Tenho certeza que sim.” Eu tinha vontade de passar a mão em seu focinho, mas como ele não estava por perto me contentei em sorrir. Se Orun viu, não disse nada.

Mal vi quando chegamos ao outro lado do caminho, da montanha. Andamos por mais alguns corredores até ele parar. A entrada do quarto era pouco menor que eu, me forçando a dobrar os joelhos para passar por ela, mas o quarto era alto o suficiente.

Tinha um catre num canto, um baú ao seu lado e uma escrivaninha, com tinta, pergaminhos e uma vela. Tão confortável quanto poderia ser. Respirei fundo, me sentindo bem ali.

– Use o tempo que quiser aqui. Pode se lavar no cômodo no fim desse corredor, mas eu a aconselharia a fazê-lo durante as manhãs, quando os marmanjos desse lugar estão ocupados.

– E as outras mulheres? – Me virei para ele, franzindo o cenho.

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– Anãs maravilhosas, todas elas. – Ele deu um sorriso antes de continuar, sério. – Você é a única humana no instante. Arya é elfa e está numa jornada, e as anãs não costumam se misturar muito com os outros tipos.

– Ah, entendo. Mas não tem tantos homens também, não? – Ele pensou um pouco antes de responder.

– Na verdade, não somos acostumados com mulheres a não ser Arya. E mesmo se ela não fosse elfa, duvido muito que alguém tentaria se aproximar dela. – Ele suspirou. – Ela é gentil, mas é muito fechada.

– Por isso Ajihad disse que não se importariam com uma mulher.

– Sim, porque eles nunca trabalharam com uma mulher, ao menos não num exército. – Ele brincava com a ponta de uma das tranças da barba. – Bem, vou te deixar descansar um pouco. Voltarei em algumas horas para te buscar.

Ele saiu, me deixando sozinha. Coloquei minhas espadas num canto do quarto e me deitei no catre, tirando as botas. Quando ele saiu, percebi um espelho preso atrás da pequena porta.

Me sentei e me observei por um instante. O cabelo grande novamente, riscos de sujeira pelo rosto e pelos braços. A marca ainda escondida sob aquela mistura estranha. Eu não tinha mudado em nada, mas ainda assim, eu me sentia diferente.

Ignorei aquela sensação e me deitei, observando o teto de pedra. Agora que eu finalmente alcançara os Varden o que faria? E o que teria acontecido com minha mãe?

Não encontrei minhas respostas. Elrohir me observava, com carinho, me dizendo para dormir. E foi o que fiz afinal.