Os Marotos - A Criação do Mapa

A Sugestão do Lobisomem


Tudo o que Remo Lupin não precisava era de uma coruja batendo à janela de seu quarto em uma tarde perfeita para se dormir. E tudo o que ele precisava menos ainda era de a carta ser um chamado urgente de Tiago Potter: o rei das confusões. E, por uma incrível coincidência, seu melhor amigo.

— Por Merlin! — Urrou enquanto lia o pergaminho — Será que eles não podem ficar alguns dias sem se meterem em confusão?

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Enquanto examinava o que o amigo havia escrito, imaginava como não previra aquilo antes. Tão típico. Ainda mais quando Belatriz, Narcisa, Sirius e Tiago estavam no mesmo ambiente. Some ao resultado final Walburga Black e a confusão está armada. É difícil afirmar se eles se amam ou se odeiam. Pedro dizia que o que nutriam um pelo outro era uma junção dos dois sentimentos, porém Remo preferia manter-se neutro, mesmo que secretamente odiasse a mãe de Sirius.

Olhou mais uma vez para o pergaminho e suspirou. Sabia desde o início que, em caso de alguma briga ou desentendimento, ele seria o primeiro a ser contatado e, mesmo desejando dormir um pouco mais; descansar um pouco mais; ter uma vida normal um pouco mais, deveria ajudar seus melhores amigos. Suspirou antes de sair do quarto e descer as escadas. Provavelmente o mais difícil em ajudar Tiago a ajudar Sirius seria convencer sua mãe a deixá-lo passar alguns dias na casa do amigo.

A Sra. Lupin era uma excelente mãe e uma cozinheira melhor ainda. O cheiro do cozido que ela fazia exalava por toda a casa, deixando seus moradores enfeitiçados pela possibilidade de comer algo com odor tão bom, que eles esqueciam o que estavam pensando no momento em que o sentisse. Remo não era exceção e por isso sua mãe o encontrou com uma cara meio abobalhada, quase babando, ao entrar na cozinha para ver se o prato já estava pronto.

— O cheiro está tão bom assim? — Perguntou toda sorrisos, a Sra. Lupin.

— Oi? — Remo foi forçado a sair de seu transe — Não... Quer dizer... Sim, o cheiro está ótimo, mamãe.

A mãe riu-se da trapalhada do filho. O filho, por sua vez, tentou imaginar o significado oculto naquele riso (Sirius costumava dizer que sempre havia algo de furtivo em todas as palavras e ações das mulheres e, como Remo nada entendia desse tão complexo assunto, preferia acreditar no dito pelos conhecidos).

— Então, o que lhe trouxe à cozinha?

— Er... — Remo procurava uma forma de dizer que desejava muito ir à casa de Tiago passar o resto das férias sem precisar mostrar-lhe a carta do amigo — Tiago me convidou para passar a última semana de férias na casa dele.

A informação foi despejada no ar. O sorriso da mãe foi desfeito instantaneamente. Aquele assunto já havia sido discutido e a resposta definitiva era ‘não’, entretanto, era preciso tentar, principalmente dessa vez, quando Sirius poderia estar sendo torturado naquele exato momento. Não poderia deixar que ele enfrentasse tudo aquilo, apenas para defender Tiago. Era seu dever ajudá-lo. O único empecilho era, como sempre, sua mãe, que não parecia nem um pouco disposta a deixar que seu primogênito lobisomem saísse de casa antes do início do ano letivo.

— Não, não e não! Nem pense nisso Remo Lupin! É muito perigoso! — Gritou como que tentando convencer a si mesma, porque era para ela difícil negar algo que o filho queria muito, algo que seria tão bom para um garoto de doze anos; no entanto, se o deixasse ir, poria em risco pessoas inocentes. Doía-lhe aquela situação.

— Por favor, mamãe?

Remo tentou fazer a melhor cara de choro que conseguira. Precisaria ir de qualquer jeito.

— Não! E não toque mais nesse assunto! — Urrou novamente a mulher, saindo apressada para não demonstrar o quanto sofria ao negar-lhe tal pedido.

Remo observou-a indo. Seria difícil fazê-lo, mas necessário. Subiu as escadas em direção ao quarto. Pergaminho, tinta e pena à mão, escreveu uma carta a Tiago contando-lhe o que sucedera na sua casa ao tentar convencer sua mãe a deixá-lo ir e explicando o novo plano para salvar Sirius, que agora incluiria o seu próprio resgate.

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Os dois curandeiros do St. Mungus já estavam de saída quando uma coruja pousou em cima do guarda-roupa de Tiago. O Dr. Turner — um bruxo de meia idade — quase deixou a varinha cair tamanho foi o susto causado pela ave.

Quando os dois homens saíram porta afora Tiago fez menção de se levantar para tentar apanhar a coruja. Todavia, Euphemia pôs a mão em seu peito, impedindo-o.

— Nada disso mocinho. Lembra-se do que o Dr. Turner disse? — ela perguntou severamente — Uma semana em repouso absoluto. Nada de levantar.

— Mas eu preciso ler a carta! — Tiago quase gritou em desespero. A carta significaria a libertação de Sirius, precisava dela.

Euphemia ficou pensativa. Parecia que ia dizer não, mas Tiago sabia que teria seu pedido atendido de uma forma ou de outra. A mãe era mestra em fazer-lhe as vontades. O fato de estar doente e proibido de fazer esforço apenas acentuaria esta característica dela.

— Eu pego pra você — ela disse por fim, dirigindo-se a Rustie e arrancado-a dali de cima.

Pegou a carta presa na perna da coruja e entregou-a ao filho.

— É do Remo! — Tiago quase pulou da cama. Não sabia que o pequeno lobisomem responderia tão rápido. Todos os “urgentes” que ele escrevera haviam funcionado.

— Vou pegar pena e pergaminho para você respondê-lo.

Euphemia saiu do quarto e Tiago, tão animado quanto um esquilo quando bebe café, abriu a carta. O sorriso estampava seu rosto a cada letra que lia, até chegar ao meio do pergaminho. Ali, as palavras de Lupin quase o fizeram xingar metade de todos os bruxos importantes do mundo. Por vezes, Esperança Lupin conseguia ser pior que a mãe do Sirius!

Qual era o problema de dormir na casa de um amigo? Tudo bem que eles iriam fugir na calada da noite, e poderiam até parar em Azkaban por fazerem magia fora de Hogwarts, mas ainda assim a Sra. Lupin estava exagerando. Eles eram os melhores alunos do colégio. Sabiam azarações e contrafeitiços que poucos bruxos de 12 anos conheciam. Não havia ninguém mais preparado para fugir de casa intentando salvar um amigo das garras de uma mulher maluca, que os Marotos.

Contudo, seus planos seriam arruinados pela maravilhosa mãe de seu lobisomem favorito. Era muita falta de sorte. Tiago até cogitou jogar a carta fora antes de terminar de lê-la, porém preferiu acreditar que Remo possuía ainda algo a contar-lhe. Assim, com um entusiasmo morto, ele continuou a leitura, rezando a Merlin que algo de bom daí viesse.

Não se decepcionou. No último parágrafo, Lupin contara sua nova ideia para o resgate. E Tiago ficou ainda mais empolgado. Ora, resgatando Remo também, a aventura teria muito mais emoção! Escreveu, assim, para o pequeno Pettigrew transcrevendo todo o plano e deixando claro que não aceitaria não como resposta. Estava exultante ao fim daquela tarde, quando finalmente iria dar início à primeira parte do plano. Mesmo que isso ferisse as recomendações médicas.