Ajuda-me a Viver
Laços de amor - Parte 1
"Às vezes você acha que vai ficar bem sozinho
Porque o sonho é um desejo que você faz sozinho
É fácil sentir como você não precisa de ajuda
Mas é mais difícil de andar por conta própria...''
Acordei com muita dor, mas isso já não era novidade. Ontem, logo depois que a minha mãe foi embora, senti uma pontada muito forte na cabeça. Chamei a enfermeira e ela falou que isso era por causa do estresse. E por fim, tomei um calmante e dormi.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Agora já pela manhã, reparei algo diferente no quarto. Tinha muitas flores, muitas mesmos, e eu sabia de quem era a ideia... Quando olhei para o lado, vi um ser minúsculo todo encolhido na poltrona dormindo. Era a Alice. E eu já estava achando estranho ela não aparecer aqui, a minha amiga veio... a minha única amiga.
Alice e eu nos conhecemos desde pequena. Ela é filha de uma amiga muito próxima da minha mãe e assim nos tornamos muito próximas também. Alice não é só uma amiga, ela é uma irmã para mim. Ela é a única que me entende, que sempre me deu os conselhos necessários quando pedia.
Alice também é bailarina, mas só temos isso em comum, porque somos totalmente diferentes. Alice é alegre, divertida, perua, extrovertida... Eu sou arrogante, chata, ignorante e egoísta. Todos esses defeitos vieram junto com o meu talento para o balé e me fizeram parar onde estou, em uma cama de hospital.
– Bellinha. – falou Alice, que tinha acabado de abrir os olhos. – Oh minha amiga, eu sinto muito por tudo. – ela falou me abraçando e chorando.
– Eu também sinto Alice. Oh, como eu sinto.
– Fiquei em estado de choque quando recebi um telefonema, dizendo do seu acidente.
– Ah Alice, porque não veio antes? Já sofri tanto sozinha aqui e a minha mãe inventou de fazer uma visita. – falei com raiva.
Se Alice estivesse comigo, a minha mãe não teria vindo falar todas aquelas coisas. Renée e Alice não se dão muito bem. Alice fala que eu não preciso de inimiga com a mãe que tenho; pelo menos a minha amiga me conhece.
– Oh minha querida, eu vim sim. Você sabe que dia é hoje? – estranhei a pergunta de Alice, mas reparei que não sabia que dia era – Hoje é dia 10 de fevereiro. O seu acidente foi dia 2.
– 10 de fevereiro Alice? E porque eu só acordei agora? – não conseguia entender, porque minha mãe não me falou que fiquei tanto tempo desacordada? Devia ser por que ela estava ocupada demais me torturando.
– Te colocaram em coma induzido Bella. Seus machucados foram graves e se você ficasse acordada sentiria muita dor. – falou Alice, alisando meus cabelos.
– Eu não sabia... Alice? – precisava fazer uma pergunta a ela.
– Que foi meu amor?
– Você chegou a ver o Mike... vivo? – perguntei, querendo saber se ele falou algo de mim.
– Não Belinha, ele morreu no local do acidente. A batida foi fatal, o caminhão bateu do lado onde ele estava.
– Alice. – falei chorando – Como isso pode acontecer? Ele disse que queria casar, que queria filhos Alice, e eu disse que não. Sem dó, nem piedade. – precisava desabafar com alguém, Alice com certeza me entenderia.
– Eu sei, não adianta você ficar pensando nisso. Pare de se torturar. Você recebeu uma nova chance, viva.
– Mas a minha mãe disse...
Alice me interrompeu.
– O que foi que aquela cobra falou? Desculpa Bellinha, eu sei que ela é sua mãe, mas ela é uma cobra. – minha mãe dizia que a Alice era muito intrometida e que queria se meter na nossa ''ótima'' relação de mãe e filha. Em outras circunstâncias soaria engraçado.
– O que foi que Renée falou Isabella ? – quando Alice me chama de Isabella, é melhor não contrariar.
– Renée disse antes o Mike do que eu. – falei nervosa, sabendo que a Alice não ia deixar isso barato. – E ela só sabia falar da dança. Queria arranjar outro médico e disse que eu ia estar pronta até o dia da apresentação.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Isso não é novidade para mim – Alice falou com o rosto sem nenhuma emoção – A sua mãe, querida, perdeu totalmente o amor a vida quando parou de dançar e quer que você continue os passos dela... Mas você não tem que ouvi-la. – ela puxou o meu rosto – Por favor, Belinha, não ouça o que sua mãe diz...
– Renée não disse nada do que eu já não saiba, que eu sou egoísta, um verdadeiro monstro. – não estava aguentando mais a dor que estava no meu peito. Não sabia ao certo o que era, mas tinha a desconfiança de que fosse culpa.
– Isabella Marie Swan, olhe para mim. – quando Alice fala assim, eu sei que vem bomba. – Você não é a culpada pelo acidente. Você não é culpada de nada, pare com isso, pare de drama menina, você está viva e isso é o que importa. Você acha que você recebeu uma nova chance, para ficar assim, chorando? Se martirizando?
– Não Alice, você está certa. Eu preciso dar a volta por cima e fazer diferente.
– Sim. E não só por você, mas sim pelo Mike, dê orgulho a ele. – quando ela falou isso eu abracei a minha amiga e comecei a chorar.
– Eu já disse que eu te amo? – disse para ela.
– Não, hoje não. – Alice sorriu e me deu outro abraço – Vou estar aqui, sempre que você precisar, mesmo que seja para puxar sua orelha – falou e nós rimos juntas.
– Uau, a arrogante Isabella Swan riu – falou se acabando de dar risada, me olhou de cima abaixo e disse – Ai amiga, não é porque você está debilitada nessa cama que precisa usar esse roupão brega e ficar com essa cara de morta. – falou rindo, mas a palavra morta me lembrou Mike e Alice percebeu – Ai, Belinha, desculpa.
– Tudo bem Alice. Bom, você está linda hoje, viu? – minha amiga sabe se produzir bem, não é atoa que ela faz moda.
– Obrigada, Belinha! Trouxe algumas roupas levinhas para você e vou arrumar seu cabelo...
– Ah não Alice! Eu quebrei três costelas, minha perna está doendo, não vou levantar não.
– Calma Bella, não precisa levantar, eu vou dar um jeito...
''... Você mudará por dentro
Quando você perceber
O mundo ganha vida
E tudo está bem
Do começo ao fim
Quando você tem um amigo
Do seu lado
Que te ajuda a encontrar
A beleza de tudo
Quando você abrir seu coração e
Acreditar
No dom de um amigo...''
1 hora depois...
– Alice você é maluca. Para que maquiagem no hospital? E esse vestido? – As ideias mirabolantes de Alice sempre me usam como cobaia.
– Belinha, pare de drama. A maquiagem está bem fraquinha e a roupa bem simples. – ela falou com a cara mais cínica.
– Que essa seja a última vez que você brinca de me produzir. Esse esforço todo me deixou cansada – minha perna estava latejando e a cabeça começando a doer. Que ótimo.
– Está bem, está bem. Mas olha para você, está toda gatinha com essa roupa. Valeu a pena ou não?
– Valeu Alice. Obrigada. – agradeci dando um beijo na minha amiga. Como sempre ela estava cuidando de mim.
–Alice, vou tentar ser uma pessoa melhor, vou fazer diferente.
– Sim minha amiga, você precisa fazer isso. – falou sorrindo – Primeiramente você tem que perdoar a si mesmo e só assim você irá encontrar a salvação.
– Eu te amo minha amiga, amo mesmo. – falei entre lágrimas. Acho que eu nunca chorei tanto na minha vida.
– Você tem que entender que eu sempre vou estar aqui, aconteça o que acontecer. Eu te amo muito mais.
Nos abraçamos e ficamos por muito tempo conversando. Alice me fez lembrar de coisas engraçadas, coisas divertidas... Me fazendo entender que a vida é bela e que ela precisa ser vivida.
– Agora eu vou chamar a enfermeira para te dar um analgésico... – Alice falou percebendo que eu estava sentindo dor.
Minutos depois a enfermeira chegou e acabei adormecendo nos braços de Alice, tentando fazer com que o sono levasse os meus medos, inseguranças, para assim colocar em prática o que falei. Eu queria ser uma pessoa melhor, eu precisava ser. Não por mim, mas pelo Mike. Ele merecia isso.
''... Alguém que sabe quando você está perdido e assustado
Lá, nos altos e nos baixos
Alguém que você pode contar, alguém que se preocupa
Do seu lado aonde quer que você vá...''
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