Descemos as escadas correndo, mas tivemos que parar ao ouvir o barulho da campainha.

- Não, agora não. - sussurrei. - Se esconda, Steve.

Fui na direção da porta tentando arrumar meu cabelo. Abri-a e meu coração disparou com o que vi.

- Oi, Lexie. - Rafael escondia um sorriso tímido por trás do buquê de flores que estava em suas mãos. - Rosas azuis... lembro que você era louca com flores azuis, então não me pergunte como, mas consegui essas. - riu.

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Parte de mim queria dizer que ele voltasse para a casa, mas vê-lo parado ali fez voltar todo o sentimento que eu tinha quando era pequena. Como por impulso, balancei a cabeça querendo afastar aquelas lembranças.

- Obrigada. - disse pegando-as. - São lindas.

- Lexie, quer sair comigo mais tarde?

Fiquei em silêncio observando as flores.

- Sinto muito. - disse. - Hoje eu tenho que resolver algumas coisas...

- Entendi. - disse desapontado. - Já estou indo. - virou as costas dando um sorriso.

Queria dizer pra ele que entrasse, mas não consegui dizer nada, até porque nem poderia.

- Ele gosta de você. - Steve estava logo atrás de mim.

- O que? - disse olhando-o nos olhos.

- Você ouviu.

Fiquei parada pensando no que ele havia dito, e nas flores que estavam em minha mão. Corri na cozinha e peguei um vaso, enchi de água e coloquei as rosas azuis lá dentro. Não pude evitar um sorriso ao vê-las.

- Temos que fechar toda a sua casa com sal. Quando ele vir te pegar, estará preso. - Steve disse procurando sal.

- Acho que tem o suficiente na dispensa.

Observei-o caminhar para lá. "Como fui me apaixonar por um anjo?", pensei.

Steve parou na porta com alguns sacos de sal na mão. Caminhei para perto dele e coloquei minhas mãos em seu pescoço. Fiquei olhando-o por algum tempo, e no começo ele me olhava sem entender. Fechei meus olhos e inclinei minha cabeça.

- Eu te amo. - disse.

Os olhos verdes de Steve penetravam em minha alma e eu queria chorar e gritar ao mesmo tempo.

- Eu acho que sempre te amei. - disse me abraçando.

*

- Toda a casa está cercada? - Steve me perguntou depois de horas colocando sal em volta da casa.

- Sim, está. - respondi cansada e ofegante.

- Agora o jeito é esperá-lo.

Fiquei calada. Não estava com medo.

Sentei no sofá, acompanhada de Steve, que fez o mesmo. Ficamos abraçados até cairmos no sono.

*

Um barulho tomou conta da sala acordando nós dois.

- É ele? - perguntei.

- Sim. - Steve respondeu olhando pros lados.

- Estou aqui. - gritei. - Lucas, não tenho medo de você.

Esperei por resposta.

- Olá, Lexie. - disse logo atrás do sofá. Se aproximou de mim e passou a mão em meu rosto.

Me afastei, correndo junto a Steve em direção a porta.

- Não sei porque estão correndo. Eu posso pegar vocês. - a voz dele estava assustadora.

- Então venha. - desafiei-o.

Lucas saiu correndo em direção a porta, mas não conseguiu atravessá-la.

- Sal! - gritou furioso. - Filhos da mãe.

Steve pegou em minha mão e saiu correndo.

- Espere, seu amigo Rafael está aqui perto. - disse me parando. - Ele não pode me ver.

Falando isso, desapareceu, enquanto eu continuava andando pela neve sem direção.

- Lexie! - avistei Rafael me gritando ao longe. Forcei meus olhos para olhá-lo.

- Ah, oi Rafael. - disse chegando mais perto.

- Não esperava te ver por aqui. - tinha algo estranho em seu sorriso.

- Saí para dar uma volta.

- Ah. - ele parecia confuso.

- Desculpe Rafael, mas é que eu tenho que ir. - disse virando-me com pressa, mas fui parada por Rafael, que segurou meu braço.

- Lexie, por que vem me evitando? - ele parecia triste. O vento batia em seus cabelos loiros, fazendo com que ficassem bagunçados.

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- Eu não posso explicar. - disse dando um sorriso triste. - Eu preciso ir. - realmente virei as costas indo em direção ao nada.

Precisava achar Steve, mas sabia que só conseguiria falar com ele depois que estivesse longe o suficiente de Rafael para que não pudesse nos ver. Eu sentia um aperto no peito por saber que estava magoando Rafael, ele tinha sido meu melhor amigo por muito tempo, e mesmo depois de nos afastarmos, continuava sentindo confortável tendo sua presença.

O vento ficou mais forte, me encolhi e continuei andando. Senti algumas lágrimas descendo pelo rosto, mas tratei de limpá-las o mais rápido possível.

- Lexie. - Steve tocou meu ombro. Olhei para ele e dei um sorriso.

- Steve. - ainda tentava limpar uma lágrima.

Ele ficou ali parado, por algum tempo apenas me olhando. Tive vontade de abraçá-lo, mas não queria que notasse que eu não estava muito bem, mas de um jeito ou outro, sabia que ele sentia o que eu estava sentindo, pois levantou a mão e passou no meu rosto.

- Logo tudo vai ficar bem. - sentia seus dedos gelados pelo meu rosto, mas gostei daquele sensação. Sua voz estava mais rouca.

- Está tudo bem? - perguntei segurando sua mão.

- Sim. - disse se afastando e andando de um lado para o outro. - Precisamos achar o cemitério que Lucas foi enterrado, e isso não vai ser tão fácil.

Peguei em sua mão e pedi que me levasse ao cemitério. Logo, em um piscar de olhos, eu estava encarando todas aquelas sepulturas cobertas por neve.