Apaixonado

"Quando estou fraco, é você que me faz forte, e eu sei que você esteve comigo o tempo todo’’

~Bruno Mars~

Annabeth POV’s

Percy me encarou com a testa franzida e a dúvida estampada em seu olhar.

– Você não disse que queria me conhecer mais? – lembrei-o, o Jackson assentiu sorrindo de lado.

– Quer dizer então que você vai me contar tudo, tudo mesmo? – hesitei por um momento, ainda não era hora de lhe contar sobre a merda do plano de Melissa, aquele plano que se Percy descobrisse, com certeza nunca mais iria sequer olhar na minha cara.

– Você vai me poder fazer três perguntas por dia – disse, recebendo um som de desaprovação – Qual é Percy, acha mesmo que vou ficar fofocando da minha vida pra você, enquanto nos enchemos de doce, iguais essas garotinhas que amam rosa?

– Não, mas só três perguntas? – indagou – Porque não me conta tudo de uma vez?

Dei um tapa em sua cabeça.

– Você acha que é fácil falar de mim dessa forma? – o moreno encarou-me, e foi sua vez de deitar-me em meu colo, enquanto minhas mãos instantaneamente iam para seu cabelo.

– Então eu posso começar? – assenti temendo suas perguntas – O que aconteceu lá no cemitério pra você chorar daquela forma?

Fechei meus olhos e suspirei, lembrando do motivo.

– Meu pai – disse – Ele está enterrado lá.

Percy se sentou com os olhos arregalados.

– Como assim? – passei a encarar minhas mãos.

– Antes de morrer, papai pediu para ser enterrado em Nova York, não me pergunte o motivo, porque também não sei, apenas atendemos seu pedido. Então naquela noite, lembranças me vieram á cabeça e eu não pude suportar.

Percy afagava minha bochecha, enquanto um pequeno sorriso se formava em meus lábios. E dessa eu vi que não estava sozinha.

– Você só tem mais uma pergunta.

– O que? – rir da sua reação.

– Eu se fosse você escolheria bem – brinquei. Percy pensou e estalou os dedos chegando a sua pergunta.

– O que você trouxe para Melissa? – travei, observei minhas mãos adquirirem um leve tremor. Eu já esperava por essa pergunta, mas não tão imediata assim. Respirei fundo encarando meus pés que balançavam na arquibancada.

– Sinceramente, eu não sei – era verdade, ela só havia me falado que dentro do guarda-roupa de meu pai, havia diversos tipos de documentos, e que era para trazer tudo e a entregar – Suas perguntas acabaram.

Percy fez um biquinho muito fofo, mas resistir de beija-lo. Ficamos conversando, até o sinal tocar. Voltamos para a sala, e o restante dos horários foram puro tédio. Assim que tocou o último sinal, joguei as mãos para cima.

– ALELUIA – gritei fazendo Percy rir. Juntamos nossos materiais e saímos. Os amigos do moreno o esperavam do lado de fora da sala. Percy trocou um toque com eles, e se posicionou ao meu lado segurando minha mão.

– Então Percy, precisamos conversar – disse Jason sério, nos encaminhamos para a quadra, onde o time se reuniu em uma rodinha, me sentei na arquibancada observando de longe.

Percy POV’s

– A gente andou vendo alguns jogos do time que vamos enfrentar – Léo começou – E cara, eles são bons.

– Percy, as jogadas que eles exercem são de verdadeiros profissionais – Frank disse impressionado. Jason assentiu concordando com ele.

– Precisamos fazer novos lances, treinar mais habilidades, porque se não, a gente não terá chance alguma – comentou Nico e eu sabia que ele tinha razão.

– E cá entre nós – Grover abaixou o tom de voz – O treinador Hedge não faz nada que preste – Os outros começaram a falar, enquanto eu vasculhava alguma coisa na minha cabeça que ajudasse o time.

Olhei para a arquibancada, onde uma loira mexia no celular e ria sozinha. Me lembrei de como Annabeth era boa quando se tratava de basquete, sua agilidade era algo fora do comum, então uma lâmpada acendeu em cima da minha cabeça.

– O que vocês acham de mudarmos de treinador? – perguntei sorrindo. O time me olhou com certa dúvida.

– Vamos substituir o Treinador Hedge? – Yuri um integrante do time quis saber.

– Tecnicamente não, vocês se lembram de como Annabeth jogou no dia em que Jason machucou o tornozelo?

– Aquela menina é umas das melhores jogadoras que já vi – comentou outro membro sendo apoiado por muitos.

– Então, meu plano é o seguinte. Eu falo para ela nos auxiliar nos treinos, mostrar alguns movimentos e nos ensinar o que ela sabe.

– O Treinador não vai gostar nada disso, sabe, uma menina nos treinando – Jason disse, mas eu já tinha pensando nisso.

– Ele não precisa saber, poderíamos treinar lá em casa – meu pai havia construído uma quadra de basquete assim que entrei no time – Ou lá no clube.

Houve um momento de discussão, porém no final todos concordaram.

– Annabeth – chamei-a, a mesmo me olhou interrogativa e caminhou até nós. Contei a ela o plano e de como precisaríamos dos seus conhecimentos sobre o esporte, a loira ouviu tudo sem dizer uma palavra. Annabeth tinha a expressão pensativa, percebi todos inquietos, afinal ela era nossa única e última chance.

– Tudo bem – ela concordou, fazendo o pessoal comemorar – Mas eu quero que vocês me paguem sorvete depois dos treinos.

Eu a abracei e dei-lhe um selinho.

– Fechado.

– Hey Percy, bela escolha de namorada hein – Léo brincou.

(...)

Annabeth e eu andávamos pelo estacionamento até meu carro engatados em uma conversa sobre pinguins assassinos, não me pergunte como chegamos a esse papo.

– Pare de rir Percy – dizia ela com um biquinho, enquanto eu tentava sem sucesso parar de rir – Então tá, quero só vê sua cara quando os pinguins dominarem o mundo e te fazerem de refém.

– Annabeth você tem sérios problemas – não era normal uma garota de dezesseis anos ter pensamentos iguais a esse. Annabeth colocou o dedo do meio e me xingou de algo que não consegui entender. Soltei uma gargalhada e abracei sua cintura, beijando-lhe o topo da cabeça.

De longe vi uma figura de preto encostado na lateral do meu carro e balancei a cabeça não acreditando naquilo.

– NICO – gritei ao chegar perto – Desenseba do meu carro estrupício.

Calmamente, Nico revira os olhos e afasta cruzando os braços.

– Será que podemos conversar agora? – perguntou, olhei para Annabeth, essa que subiu em seu skate e deu-me um beijo. Observei a loira se afastar, e percebi que Nico fazia o mesmo.

– Então...

Nico suspirou fechando os olhos, eu o conhecia para saber que o que vinha não era uma notícia muito boa.

– O lance entre mim e Thalia não deu muito certo – assenti lembrando do que Annie tinha me contado – E sabe porque não deu rolou?

Neguei com a cabeça, trocando o peso do corpo de um pé para o outro.

– Porque estou apaixonado Percy, por outra garota.

Isso meio que me pegou de surpresa, Nico nunca foi desses de se envolver em algo muito sério, quanto mais se apaixonar. A garota tinha que ser perfeita pra isso acontecer.

– Cara isso é... – não conseguia achar a palavra certa, estava feliz por ele – Isso é demais.

Minha empolgação estava estampada, mas a de Nico pareceu evaporar, o que me deixou confuso.

– Não sei se você vai achar demais quando souber quem ela é.

Ergui a sobrancelha, temia minha próxima pergunta, mas era preciso.

– Por que? – observei seus punhos se cerrarem,

– Porque Percy – ele me olhou nos olhos – Eu estou apaixonado pela sua namorada. Pela Annabeth.