Beyond The Barricade

DEUXIÈME PARTIE "Before The Barricade" - Gavroche


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Gavroche. Talvez seja melhor parar e falar um pouco dele, antes que seja demasiado tarde. Antes que o sol se ponha nas entrelinhas e o destino deste gavroche se entrelace com o de tantos outros gavroches que se nos dão a conhecer por outros nomes que não este mas que carregam na alma o mesmo espírito revolucionário e vontade de viver.

Gavroche escapuliu – se do elefante. Gostava particularmente de observar Paris à noite sob as luzes dos baluartes que alumiavam tanto a noite escura como breu como as estreladas noites de Agosto.

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As pessoas, sempre demasiado ocupadas nos seus afazeres, raramente paravam para observar a beleza sumptuosa da cidade. Olhavam, é verdade, mas raramente observavam.

Não sabiam admirar as coisas simples. Não sabiam apreciar o canto dos pássaros ou o verde das árvores, nem tampouco a frieza da límpida água dos rios. Há muito que haviam esquecido o prazer de saltar nas poças que ficavam após uma chuvada inesperada ou o quão plácida se pode tornar uma sesta debaixo da sombra fresca da copa dos carvalhos nos dias cálidos de verão.

Ele sabia admirar e viver tudo isso. A sua aparência frágil escondia uma personalidade indomável. A infância passara por ele muito rápida. Irradiava uma gentileza encantadora e luminosa, como se tivesse acabado de pousar na terra e fosse na realidade um anjo.

Sabia também, por exemplo, que quanto mais uma pessoa é velha, mais se agarra às coisas mesquinhas, mais acata, mais medo tem de perder a meia dúzia de porcarias que conseguiu.

Carecia tanto de amor maternal que encontrava nos encantos dos becos e ruelas, onde se abrigavam os seus irmãos de rua e no núcleo do ABC aquela réstia de esperança de um dia o encontrar.

Tinha no entanto família. Todas as crianças têm um pai e uma mãe. Todas elas foram concebidas por tais figuras. Até a mais solitária delas. Ele, no entanto, preferia acreditar que os homens vivem juntos e morrem sozinhos. E que a morte é a solidão suprema.

Havia no entanto, uma pessoa que, mesmo distante, sempre se mantivera perto. Éponine, a sua irmã mais velha.