Sorrisos e Sussurros.
Será Melhor Assim.
-Acho que precisamos conversar...
Susana permaneceu parada, de costas para mim, ainda encarando as teclas do piano.
-Acho que não temos o que conversar... - sussurrou ela.
-Claro que temos, e você sabe muito bem disso! - sentei ao seu lado.
-Conversar não vai mudar muita coisa. - falou, com aquele tom de quem não está muito interessado.
-Para com isso... - pedi, humilde.
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-De tanta indiferença! Isso está me trucidando, será que não percebe? - questionei.
-Tudo bem, Caspian. - ela olhou rapidamente para mim, logo voltando a atenção às teclas que pareciam mil vezes mais interessantes do que eu. - Eu paro. Então me diga, se eu parar, o que acontece? - perguntou, logo respondendo a própria pergunta. - Você vai se aproximar de novo... Mas mesmo se aproximando de novo, vai continuar me machucando... Vamos estar perto, mas mais longe do que nunca. - sua voz ficou levemente embargada. Fiz um breve silêncio antes de falar.
-Eu desejava muito que você voltasse, mas... Racionalmente, eu não esperava vê-la de novo...
-Eu sei...
-Se eu pudesse...
-Mas você não quer desfazer o noivado por que isso causaria um escândalo... É, também sei disso...
-Não é que eu não queira... - tentei, mas ela interrompeu balançando a cabeça lentamente, de forma negativa. E o pior é que ela tinha razão. Suspirei e um silêncio longo e pesado se instalou.
-Me desculpe, Su...
Num gesto suave e corajoso, eu segurei uma de suas mãos. Ao meu toque, Susana fechou os olhos e uma lágrima cristalina rolou por sua face até cair, silenciosa, sobre uma das teclas do piano.
Ficamos em absoluto silêncio. Não soltei sua mão, nem ela a minha, apenas ficamos parados assim, olhando para baixo, procurando algo para dizer.
Mas a verdade é que não havia nada a dizer. Nenhuma palavra resolveria a situação, nem amenizaria nosso sofrimento.
Comecei a desenhar círculos com o polegar no dorso da mão de Susana.
-Eu... Acho melhor eu ir.
-Não, Su, espera! - pedi, rapidamente, conseguindo segurar sua mão, impedindo-a de seguir quando caminhava para a porta. Ela voltou a olhar para mim. - Por favor, fique... É tão difícil encontrarmos um momento como esse, quando podemos estar sozinhos... - tentei, levantando-me e segurando seus pulsos delicadamente, deixando-a de frente para mim. Os olhos de Susana estavam molhados, com o brilho de lágrimas.
-É melhor eu ir... Está tarde e... - começou ela, mas movido por um impulso, não a deixei terminar. Segurei seu rosto entre minhas mãos e a beijei intensamente.
Ao fim do beijo, meio ofegante, não a soltei, nossas testas tocaram uma a outra assim como as pontas de nossos narizes. Só então me dei conta de que agi por impulso obrigando Susana a fazer algo que não queria fazer, mas não pude evitar.
-Su, me... - comecei, mas ela me interrompeu.
-Você não devia... - sua voz estava embargada, ela fechou os olhos e deles rolaram duas lágrimas. - Será que não percebe que isso só piora tudo, Caspian? - perguntou com a voz tremula.
-Eu não posso evitar. - retruquei. - É em você que eu penso o tempo todo, é você que...
-Mas não sou eu quem você vai esperar no altar. - falou, com a voz baixa. Olhei em seus olhos e as duas safiras em suas órbitas me encaravam, molhadas de lágrimas. - Será pior se continuar assim, Caspian, não insista...
Não, ela não podia estar dizendo uma coisa dessas! Meu coração apertou-se de uma forma dolorosa, como se quisesse se proteger da dor que viria em seguida.
-O melhor é se afastar... - fungou. - Mas estamos morando sob o mesmo teto e nossa aproximação é inevitável, então... Tenho certeza que tanto você como meus irmãos vão cuidar muito bem de Narnia... - falou ela antes de escorregar por meus braços e sair da sala. - Estou decidida a voltar ao meu mundo. Será melhor assim.
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