Rendendo-se
Não se desespere.
–EU TE AMO, IDIOTA!
Abri a boca para responder, mas permaneci com a boca entreaberta, sem reação. Num instante toda a raiva passou, esqueci sobre o que falávamos. Meu coração acelerou dando-me uma respiração acelerada enquanto encarava a porta fechada tentando entender o que ela dissera. Fechei a boca. Então a porta abriu e uma Susana furiosa me encarou.
–Acho que tem sua resposta. - murmurou, olhando-me séria. Não falei nada, apenas dei um passo largo envolvendo sua cintura com meus braços e levando meus lábios aos dela.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Abracei Susana fortemente contra mim, minhas mãos subiam e desciam por suas costas enquanto ela retribuía o beijo. No início tentou se soltar, mas não permiti e aos poucos foi cedendo a medida que a fiz recuar para dentro do quarto. Beijamo-nos até o ar faltar, tempo suficiente para fazer toda a irritação desaparecer. Não a soltei, não a deixei ir, mantive-a abraçada a mim com um braço levando uma das mãos até seu rosto avermelhado com minha testa tocando a sua.
–Idiota... – sussurrou ela. Sorri de lado.
–Você ama esse idiota... - gabei. Ela riu.
Fazia séculos que eu a conhecia, tantos anos quanto tenho de vida, para ser mais exato, mesmo passando anos afastados e reencontrando-a recentemente, mas só aqueles últimos segundos foram suficientes para me fazer dar conta do óbvio, o que quer que eu sinta por ela, não é só paixão. Sorri, afastando meu rosto para olhá-la nos olhos, ainda afagando seu rosto com o polegar.
–E esse idiota ama você.
Vi os olhos de Susana brilharem e ela abriu um sorriso encantadoramente aberto, tocando meu rosto. Deu-se início a outro beijo em meio a sorrisos. Era idiotice desconfiar dela da mesma forma que era idiotice temer o que quer que fosse. Quando formos para Ermo, o pai dela será a primeira pessoa com quem irei falar. Quero Susana ao meu lado o tempo todo, quero ir dormir sabendo que não correria o risco de perdê-la para meu melhor amigo. Quero ter a convicção de que ela não estará livre para outro que não seja eu. O pai dela vai ganhar um genro. Dane-se a espingarda.
[…]
No dia seguinte, contei a Edmundo minha decisão sobre Susana quando fomos comprar as passagens para Ermo, ele ficou mais feliz do que eu imaginei que ficaria, começando a fazer perguntas indecentes que logo cortei. Não conseguimos todas as passagens para o mesmo dia então ficou certo de Susana e Lúcia irem primeiro, Edmundo, Pedro e eu iríamos um pouco depois em outro voo, com apenas algumas horas de diferença.
Quando cheguei em casa, Susana e eu ligamos para tia Lena, já que meu pai estava sem telefone, para avisar que chegaríamos no fim de semana. Ela ficou superfeliz com a notícia e com certeza deve ter contado para toda a família que estaríamos de volta por alguns dias.
No sábado, não pude levar Susana para o aeroporto por que no dia anterior dormira sobre minhas roupas e acabara por ter que fazer as malas durante a tarde. Edmundo trouxe Lúcia até aqui e foi levá-las ao aeroporto.
–Você tem que arrumar suas malas, Caspian. - argumentou Susana, puxando a sua para a calçada. Edmundo abria o porta malas do carro.
–Eu posso fazer isso mais tarde. - argumentei,
–Seu voo é daqui a pouco, Caspian. - lembrou. - Não estou indo embora para sempre, vamos nos ver a noite.
–Pois é, Caspian – concordou Edmundo. - Não se desespere.
Lúcia e Susana trocaram um olhar e eu rolei os olhos.
–Ok. - falei por fim. - Nos vemos a noite... - e puxei-a para um beijo que deveria ser breve, mas foi o contrário, fazendo-me esquecer do mundo a volta.
–Hey! A noite vocês arrumam um quarto, ok?! - reclamou Edmundo. - Deixe-a ir, Caspian, já está na hora.
Abracei Susana depois de lançar um olhar fulminante para ele. Desejei boa viagem para Lúcia e assim que eles partiram voei para o segundo andar, começando a socar minhas roupas na mala. Meu voo seria a noite e não levava muito tempo de viagem, porém saber disso não me fez sentir a casa vazia sem Susana ali. O silêncio fez com que me sentisse sozinho.
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Quase na hora de ir, no início da noite, desci minhas malas para a sala e fiz um rápido sanduíche para passar o tempo. O telefone tocou e reclamado fui atender, torcendo para que não fosse nada que pudesse me atrasar.
–Alô?
–Oi, Cas.
–Su! Nossa, a saudade foi tanta assim? Chego aí em algumas horas.
Ela riu.
–Só liguei para avisar que chegamos, bobo. Lúcia está adorando tudo e olha que ainda nem saíamos do aeroporto. - Eu ri. - Eu vou desligar, papai chegou, ligue quando chegar, viremos buscar vocês.
–Certo, eu ligo. Controle a Lúcia.
Ela riu de novo, concordou e desligou. Dei uma olhada na hora, ainda havia tempo para comer, ou melhor, haveria se a campainha não tivesse tocado. Quando abri, Edmundo entrou.
–Achei que íamos nos encontrar no aeroporto. - comentei, fechando a porta.
–É, eu sei. Consegui ligar para o Pedro, mas não consegui falar com você, então tive que vir aqui. - reclamou. Comi. - Eu liguei para a companhia, para saber se o voo estava no horário e parece que nosso voo foi cancelado. Fomos transferidos para um voo de madrugada.
–É sério, isso?
–É. - assentiu. - Chegaremos em Ermo pela manhã.
Bufei.
–Já avisou Lúcia?
–Não, vou fazer isso, mas antes me ajude com as malas. - saiu da casa.
–Que malas? - o segui.
–Vou ficar aqui até a hora do voo, deixei meu carro na casa dos meus pais. - falou como se fosse óbvio, no mesmo momento em que vi o táxi parado à frente de casa. Ajudei Edmundo a levar as malas para dentro, ele pagou o taxista e entramos. Suas malas ficaram junto com as minhas perto da porta e fomos ver TV.
–Pedro não vem pra cá?
–Não, ele disse que se vira para chegar no aeroporto. - respondeu Edmundo, sacando o celular do bolso do casaco e discando rapidamente o número de Lúcia.
Concentrei-me sem vontade na programação enquanto Edmundo distraía-se com sua ligação. Olhei no relógio de séculos em séculos, mas se passaram apenas minutos. Edmundo ficou pendurado no telefone, quase dormindo, ouvindo o que Lúcia dizia do outro lado. Eu estava cochilando quando fui despertado no susto por um toque. Era o celular de Edmundo. Ele espreguiçou-se. Bocejei. Era o despertador, quando olhei para o relógio deparei-me com altas horas. Como o tempo pôde passar tão rápido?
Enquanto Edmundo chamava um táxi fui jogar uma água no rosto. Pouco depois colocávamos as malas no carro e partíamos para o aeroporto. Pedro já nos esperava. No avião, acabamos ficando em poltronas separadas. Sentei à janela, reclinando o encosto pronto para continuar meu sono interrompido. Estava começando a cochilar quando ouvi uma voz.
–Sabia que o encontraria aqui.
Espantei-me e por segundos achei que havia sonhado. Achei. Pelo menos até ver a mulher loira sentando ao meu lado. Ela sorria para mim.
–Lilliandil?!
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