Onze...

O relógio marcava meia noite. Annabela estava exausta. Aquele tinha sido um longo dia... A ruiva e Zeke haviam acabado de reunir os vampiros, seja por ameaça ou vontade própria. Distribuíram instruções durante horas. Os dois mal sabiam por que estavam fazendo aquilo... Mas essa era a natureza de um vampiro: simplesmente parecia divertido. E era.

Cansada, ela desmoronou na cama. Torcia por uma noite sem sonhos... Uma noite tranquila. Os sonhos a consumiam, a deixavam... Assustada. Mas Anna nunca tinha essa sorte... E não foi diferente dessa vez.

"A casa era pequena para abrigar sete pessoas: os pais, Jocelyn e Andrew; as três filhas, Evelyn, Carol e Annabela e os dois filhos, Nicholas e Zeke. Caindo aos pedaços, o chão de madeira e as paredes descascadas. As meninas dividiam um quarto, os meninos outro e os pais tinha seus próprio quarto.

Ela se lembrava extamente das noites horríveis que passava.. Lembrava exatamente da aparência aterrorizante dos pais... Lembrava dos gemidos das irmãs e dos gritos dos garotos... Tudo era tão real... Tão vivo! Ainda que morto.

Jocelyn e Andrew eram vampiros. Ou melhor dizendo, os primeiros vampiros a serem criados. Tinham mais de mil anos, e finalmente tinham constituído uma família. Mas não por amor: Carol, Annabela, Evelyn, Nicholas e Zeke eram alimento. Sangue puro. Nada mais que isso.

Naquela noite, Evelyn gritava:

-Pare mãe! Pare! Aaaaah!!!!

Seu choro preenchia a sala escura. Sentada na poltrona de veludo vermelho, Jocelyn jogou a filha para o lado. Imócel, com os braços estendidos em ângulos estranhos, Evelyn parecia uma boneca de trapos.

Filetes de sangue escorriam da boca da vampira. Ela tinha um olhar apavorante, e seus olhos pousavam em.. Annabela.

-Venha, meu amor.- apesar das palavras de carinho, ela não tinha expressão. Uma frase vazia, como tantas outras que a ruiva já tinha escutado.

Ela se adiantou, relutante. Jocelyn afastou seus cabelos do pescoço. A menina fechou os olhos, mas a dor era insuportável. Todo seu corpo queimava em chamas... Ela não conseguia respirar... Queria morrer... Sangue escorria livremente, dando força para a mãe. Anna ouvia os berros de Zeke no quarto.

Então, foi jogada de lado. Estava quase perdendo os sentidos... Suas mãos tremiam descontroladamente. Reuniu forças para olhar para o lado e ver Evelyn. E conseguiu. Não havia mais luz nos olhos da irmã. Aquilo já havia acontecido... Nicholas também morrera a dois anos. Carol gritava desesperada.

E foi naquele momento que Annabela decidiu: vingança. Vingança. E nada a impediria."

Ela acordou suando frio. Era assim. Não seria diferente. Os sonhos a atirmentavam desde aquela noite... A que Jocelyn e Andrew haviam morrido... E que a verdadeira vida de Anna havia começado.