TERCEIRA PESSOA

A mulher de cabelos coloridos havia acabado de cruzar a rua. Sua cabeça estava baixa e ela fazia silêncio, na esperança de que não a notassem. Ela entrou em um beco escuro, no qual não havia ninguém... Pelo menos era o que parecia.
-Rose?- uma voz baixa e grave chamou.
Ela respirou fundo. Uma, duas vezes. Três, quatro.
-Estou aqui.- ela disse, tentando manter a voz calma. Rose nunca se dera muito bem com... Ele.
-Estou te ouvindo, Rose. Sei onde você está.- disse a voz.- Por que não se vira?
Ela girou lentamente nos calcanhares. E lá, atrás da menina, estava aquele homem.
Bonito? Talvez. Os cabelos eram castanhos e desalinhados, o corpo muito bem definido. A pele era levemente bronzeada. Vestia uma camisa simples, uma calça, um chapeu e óculos escuros, apesar de ser noite. Mas Rose sabia muito bem para que serviam os óculos: eles escondiam os olhos verdes e leitosos do homem. Sim, Andrew Perkins era cego.
-Finalmente, menina.- ele disse, impaciente- Andou com medo de me encarar?
Ele sorriu debochadamente.
Rose revirou os olhos.
-Não entendo como você sabe de tudo o que eu faço. Você é cego!
-Eu sou cego, mas não sou surdo. Você faz muito barulho, Rose. Tenha mais cautela.
-Eu sei que esse não é o motivo.
Andrew suspirou.
-Esse é o motivo, se você quer assim.
Uma rajada fria de vento percorreu o corpo de Rose.
-Ah, claro. Mais improvável ainda. Você está me dizendo que sabe tudo o que eu faço pelo ar?
-E você não vai me dizer que sabe de tudo e mais um pouco pelos mortos? Polpe- me, Lee Belushi.
Ela estremeceu.
-Você realmente sabe de tudo.
Ela se jogou no chão do beco.
Andrew sorriu.
-Que você é necromante? Sim, eu sei. Que você descende de Sarah Belushi? Sim, eu sei.
Rose cruzou os braços.
-Tudo bem, admito que essa coisa esquisita de magia pode ser verdade. Agira, por que você não me fala o que está fazendo aqui?
O cego deu ombros.
-Trabalhos para Sumayah.
-E isso inclui me levar até onde quer que ela esteja?
Ele sorriu. Andrew não mentia.
-Inclui.
-Agora, se eu não quiser, você vai me... Raptar ou cousa parecida?
-Vou.- respondeu ele, simplesmente.
-Qual o problema dessa vez?
-Vampiros. E você quer parar de me fazer perguntas?
-Não. Você sempre vai me responder a verdade.- ela sorriu.- E quanto aos vampiros? É o que, a quinta vez que eles atacam?
-Décima sétima.- corrigiu Andrew.
Ela levantou os braços para o alto.
-Décima sétima? Por que não?
-Acalme- se, Rose.
-Não!- gritou.- São milhões da maníacos sangue- suga querendo fazer sei lá o que e a Sumayah quer que eu colabore? Eu?
-É, você. E pare de reclamar.
-Não!- ela gritou.
-Você vai colaborar, Rose. Nem que seja a força.- disse o cego, vom toda a calma.
-E por que você está ajudando ela? Você não se odiavam, ou coisa parecida?- ela disse, de modo acusador.
-Ainda nos odiamos. Mas eu não quero que o mundo acabe, querida.
-Que exagero!
-Eu não exagero. Eu digo a verdade.
Rose cruzou os braços.
-Parece que não.- ela disse.
Andrew perdeu a paciencia.
-Você tem que parar com essa coisa ridícula de não gostar de ser bruxa!- o vento começou a aumentar perigosamente.- Você é uma bruxa, você é uma necromante e ponto final!
-Não existe um ponto final nessa história, Andrew. Não quando você tem a capcidade bizarra de falar com gente morta e pode morrer a qualquer momento.
Com isso, o moreno calou- se. Rose definitivamente não iria por vontade, então teria de ser a força. E com muita força.

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