Quando As Borboletas Se Foram

#01 Gotas que se infiltram pela telha


Um cara que hoje tinha apenas esperanças, eu trabalhava em uma loja de sapatos. Atendia diferentes pessoas todos os dias. Minha única saída era aceitar esse trabalho e dar meu melhor todos os dias para conquistar os clientes.

Com o passar do tempo, aquela pequena loja de esquina cresceu, ganhou um primeiro andar, muitas pessoas todos os dias, e apenas eu como atendente não estava dando conta. Uma placa foi colocada, precisava-se de atendentes. Não demorou muito, uma menina pálida (cheguei a pensar que estava doente) entrou na loja e pegou o emprego.

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Ela não falava muito, suas respostas quase sempre eram sim ou não para o que quer que eu lhe perguntasse. Mas ela atendia bem, e parecia estar sempre sorrindo.

Em uma sexta feira qualquer ela subiu as escadas para o primeiro andar, onde ficava o estoque. Estranhei, seu horário já havia acabado e ela não foi embora em seguida como em todos os dias.

Subi as escadas esperando encontrá-la voltando, devia ter ido buscar algo que esqueceu e estaria por ir embora em seguida. Porém, quando subi a única coisa que vi foram caixas de sapato pra todos os lados e eu ouvia soluços.

– Mel? - Nunca havia lhe chamado por nada que não fosse seu nome, mas saiu naturalmente o apelido. Nenhuma resposta, apenas soluços.

Andei lentamente por entre as caixas, atrás de uma grande pilha, uma menina encolhida. Frágil menina. Segurava algo com as mãos e chorava. Me olhou assustada, parecia nem ter ouvido quando lhe chamei.

Seu olhar era triste. Virou o rosto molhado, deixando seus rebeldes cabelos castanhos caírem sobre o rosto. Me abaixei na sua frente e retirei os fios que tampavam seu rosto.

– Melissa, deixe eu te levar até sua casa. Parece fraca, e a friagem desse lugar não lhe fará bem.

Ela assentiu com a cabeça, com esforço tentou se levantar. Suas forças pareciam ter se esgotado.

– Permita-me. - Disse passando o braço por trás dela e levantando-a. Carreguei Melissa até o meu carro e a coloquei sentada no bando do passageiro. Dei meus pulos pra entender onde ela morava. Segui o caminho em silêncio, seu choro foi reduzindo até parar. Parte do brilho de seus olhos voltou.

Não fiz perguntas, não puxei conversa, não disse nada. Uma menina quieta e fechada, esse com certeza não era o melhor momento para invadir seu mundinho.

Chegamos.

– Boa noite, Mel.

– Obrigada. - Foi tudo que ela disse enquanto descia do carro e sumia na escuridão da noite.