Nem tudo é mascarado

Todos temiam o que estava por vir, pois estavam em uma situação horrível. Ou viravam monstros ridículos e comedores de gente ou era comidos por esses. A melhor opção... Era ficar vivo a todo custo, pois milhares de pessoas morriam a cada show apresentado pelo circo.

Logo, um homem com roupas antigas, bem formais, caminha para perto da jaula com a ajuda de uma bengala. Este possuía um enorme sorriso no rosto e os poucos cabelos que estavam a vista eram de cor ruiva, mas não era possível ver seu nariz ou seus olhos.

- Ora... Ora... Atrações novas... Você! – Ele aponta com a bengala, Lilian.

A menina se assusta um pouco e se encolhe, ao ver que o palhaço entra na jaula e se aproxima da mesma, a segurando pelo braço e levando fora da jaula.

- Ahn... Me solte! Está machucando! – Ela grita para o palhaço, mas ele não se altera e permanece a segurando na frente do homem ruivo.

- Coloque ela na jaula dos acrobatas! Mais tarde... Eu decido o destino de mais um... – Ele sai andando e entra em seu vagão.

O palhaço leva Lilian até a jaula dos dois acrobatas e a joga dentro da jaula. Os dois acrobatas estavam em um cantinho, encolhidos e bem perto um do outro. Eles estavam sem roupas e pareciam dormir.

Os outros que foram capturados gritavam, com medo de que algo acontecesse com a pequena Lilian. A menina caminha lentamente até os dois que estavam praticamente abraçados, pois a noite estava muito fria.

Eles eram bem judiados e pareciam ser os mais inocentes do circo, seus rostos eram cortados e possuíam alguns roxos. Braços e pernas eram cheios de cicatrizes, não muito grandes e era possível ver a costura do rabo de Kuro que se encontrava de costas. Kurai, o que tinha aspecto de ser mais velho, parecia proteger Kuro.

Lilian vai se aproximando aos poucos e estica sua mão, para tocar a orelha de Kuro, que dormia tranquilamente. Vai se aproximando lentamente e quando está quase tocando uma mão a segura rapidamente e Kurai a encara ainda segurando seu braço.

-Ah! Me sol—

Kurai tampa sua boca, assim fazendo com que ficasse quieta e cobre as orelhas de Kuro.

- Quieta. Não o acorde. – Ele fala com uma cara muito séria, seus olhos eram muito azuis.

- D-desculpe... E-eu só queria... Sentir a orelha... – Ela fala com certo medo do lobo.

Ele não fala mais nada e acaricia a cabeça de Kuro que se mexe um pouco e resmunga.

- Calma... Não vou deixar que te machuquem mais.... – O lobo fala abraçando Kuro e uma lagrima escorre em seu rosto.

Lilian se senta na frente deles e pergunta. – O que... Aconteceu?

Kurai a encara de um jeito sério e responde com outra pergunta – O que quer aqui?

Ela fica pensativa e abaixa a cabeça se lembrando de seu pai, agora falecido. Ficava lembrando de tudo desde o começo do dia quando conheceu Joana e David na loja de musica, lembrava de quando vira os acrobatas e de toda a ansiedade que juntara para ver o circo, mas tudo isso tinha virado um grande arrependimento. Com esses pensamentos a pequena se põe a chorar.

- O que foi pequena...? – Kurai pergunta meio preocupado com a reação de Lilian.

- E-eu só queria... Que tudo voltasse... Do jeito que era... – Fala entre soluços.

O lobo muda sua expressão para mais triste e acaricia o menor que estava em seu colo, ele fecha os olhos e encosta sua cabeça no outro, assim fazendo algumas lagrimas rolarem. – Eu também queria...

- Como... Assim...? – Lilian levanta a cabeça, enxugando as lagrimas com as mãos e o observando.

- A culpa é minha de... Estarmos presos aqui... Não é sempre que... Pertencemos ao circo... – Kurai fala.

- O que aconteceu... Para ficarem presos...? – Lilian se aproxima curiosa.

- Vou lhe contar... Já que vai... Provavelmente... Morar aqui também. – Ele fala ajeitando Kuro e logo começa. – Quando éramos pequenos... Eu com uns 6 anos de idade e Kuro com uns 4 ou 5... Eu tinha o dever de cuidar de Kuro... E um dia eu resolvi mostrar o circo a ele, mas não o show... E sim o levar para conhecer os artistas do mesmo... – Kurai olha para cima, tentando se lembrar. – Então, para conseguir esta trama, eu menti para meus pais... Dizendo que iria ensinar o pequeno Kuro a pescar, com isso me liberaram para ir ao rio e pescar juntamente de Kuro. Me arrependo disso até hoje... E nem sei mais com quantos anos estou ao certo... Mas bem... Partimos até o Circus Mascarede e começamos andar olhando tudo, até certo ponto estava sendo algo legal e magico... Mas depois... Começaram os horrores e ficamos muito assustados... Comecei a correr e a praticamente arrastar Kuro que começava chorar... E... – Ele perde um pouco a respiração e dá umas tossidas.

- O que aconteceu?! – Lilian fica meio desesperada querendo saber o que aconteceu.

- Ai... Encontramos com o Mr. Nigthmare... O dono do circo... Que nos capturou e nos prendeu... Depois nos transformou em animais, assim nos tratando igual os mesmos... Depois nunca mais consegui fugi e gostaria que Kuro tivesse escapado... Ele não merecia isso... – Kurai começa chorar e Kuro que estava em seu colo acorda.

Lilian fica quieta, pensando a respeito da história de Kurai.

- Não chore... Você não teve... Ah... Culpa... – Kuro falava quase sem voz e acariciava Kurai que estava soluçando.