Pessoa Certa

Capítulo 9


Vou falar com o sindico ainda hoje. Meus joelhos doem tanto que parece que estão soltos nas minhas pernas.

Último lance de escadas. Paro segurando no corrimão e tiro os sapatos. Olhei para cima e ele estava la, me encarando. Não estava sorrindo como todas as outras vezes. Estava de camisa. Isso era estranho.

- Oi Jake.

- Ola Callissa.

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Ops. Tinha algo muito, muito errado aqui. Voltei a subir as escadas mais rapidamente. O que será que tinha acontecido?

Flashes encheram a minha mente: “Jake, está tudo bem. Pode entrar!” “Tudo bem, tudo bem! Cam, você vai embora. AGORA! E Jake, você entra!”

Será que ele ficou magoado?

- Jake...

Parei de frente para ele. Jake colocou as mãos nos bolsos da calça e me olhou fixamente.

- Jake, você não ficou...

- Chateado?

- É.

- Não. Chateado não. Acho que fiquei mais para, sei La, surpreso.

O que ele quis dizer com isso? Espera, não vai me dizer...

- Você não está pensando que...?

- Que você nunca terminou com ele só estava me usando para brincar? É, estou pensando exatamente nisso.

Não pode ser.

- Jake, eu...

- Não me vem com desculpinhas Callissa.

- Como assim desculpinhas? Você pensa o que? Que só porque a sua ex, se é que é ex, ficava mentindo pra você, todas as outras vão mentir também? E me diz, o que eu ganharia me aproximando tanto de um cara que eu só iria brincar?

- Não sei! Talvez você soubesse que eu sou rico...

- Ah é? Então me mudei pra cá quatro anos antes, construi uma vida só pra poder me aproveitar de você? O que você pensa que eu sou?

Eu estava furiosa. Como ele podia pensar algo assim de mim? Logo eu!

Meu Deus, que raiva!

- Eu... Eu não pensei por esse lado.

Ele tirou uma mão do bolso e passou pelo cabelo avermelhado.

- Não pensou? Não pensou?! Jake faz um favor e some da minha frente.

- Calli, eu...

- Jake! Não! Saia daqui! Eu não quero mais saber.

Passei por ele e fui em direção a minha porta. Ele ainda tentou me segurar pelo braço, mas eu estava tão furiosa que consegui me soltar e abrir a porta.

- Calli!

- Jake, eu já disse que não! Qual é o seu problema?

Bati a porta na cara dele. Sai chutando minhas botas e larguei o casaco no chão e a bolsa no sofá.

Fui para a cozinha e comi cereal direto da caixa. Quando escutei um miado.

- Ah, meu Deus! Eu me esqueci de você!

Abaixei-me e apeguei a gatinha raquítica nos braços.

- Desculpe Charllote! Vou te dar leite e amanhã eu vou comprar ração e uma cama pra você.

Peguei uma tijelinha de vidro no armário e a enchi de leite. Coloquei no chão e pus Lotte de frente para ela.

- Cheiro estranho... Ah, ah é.

Coco de gato.

Limpei a cozinha e fui tomar um banho. De chuveiro. Porque tudo o que eu não queria agora era ele arrombando meu apartamento para me salvar.

Troquei de roupa e fui pro meu computador. Escritores precisam de notebooks. Mas se eu tivesse um notebook acabaria levando-o para a cama e dormiria sem escrever nada. Ou na pior das hipóteses me esqueceria de por para carregar.

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Sentei e comecei a escrever. Mas não o meu livro quase acabado. Comecei outro. Com novos lugares e novos personagens. Novas vidas.

Eu nem sei quanto tempo fiquei sentada ali digitando, com uma postura que no primário me faria levar bronca. Passei horas apenas bebendo o café que aparecia magicamente na minha xícara.

O que me faz para pensar em como foi que aquilo apareceu ali.

- Calli.

Não conseguia parar de digitar. Meus dedos estavam batucando o teclado na mesma velocidade da minha mente.

- Calli!

Esse é o meu nome. Callissa. Callissa Miler. Uma história de Callissa Miller.

Senti uma sacudia no meu ombro. Outra em seguida mais forte. Mas eu só conseguia encarar a tela a minha frente. O meu livro terminado. Um pouco mais de trezentas paginas na tela.

- Calli! Por favor, você está me assustando!

Virei-me devagar para encará-la. Tinha total consciência de que estava parecendo um zumbi medonho.

- Ola Ally.

- Como assim “ola Ally”? Você quase me matou de preocupação!

- Eu terminei Ally.

- Eu percebi! Você não se mexe a quatro dias!

Fique em alerta. Minha mente começou a trabalhar normalmente. Como assim quatro dias?

- O-o que?

- Você nem percebeu, não foi?

Fiz que não com a cabeça. Ally suspirou e se abaixou para me olhar nos olhos.

- Há quatro dias você entrou nesse apartamento e não deu sinal de vida. Eu te liguei várias vezes, mas só caia na caixa eletrônica.

Minha respiração ficou pesada. Comecei a me lembrar do que tinha acontecido nos últimos dias. Mas minha mente só me levava de volta ao Jake me chamando.

- Então eu vim aqui e pedi pro sindico abrir e te encontrei nessa situação dois dias atrás. Então te alimentei e a sua gatinha também.

Gata. Jake.

- Cadê o Jake?

- Calli...

- Onde ele está?

Ally segurou minhas mãos e as apertou. Me olhou de um jeito estranho.

- Eu o encontrei ontem. Ele estava horrível, me disse que estava arrependido pelo que tinha feito.

- Ele te disse o que ele fez?

Ela assentiu e apertou meus dedos de novo.

- Acho que ele está mesmo arrependido.

- Não.

- Calli, ele parecia...

- Ele não estava arrependido Allyson. Jake Adams não se importa com mais ninguém a não ser ele.

Ally se levantou me fazendo ter que erguer a cabeça para olhá-la.

- Se você acha isso mesmo então você não é a pessoa que eu pensava que fosse.

- Como?

- Callissa, o Jake me disse que ia voltar para a asa dele por que não queria ficar aqui tendo que te ver todo dia e sentir que nunca mais poderia te ter.

- O que?

- Ele gosta de você, Calli.

Jake gosta de mim? E foi embora por minha causa? Volteou para o sol pra não me fazer sofrer?

- Não... Não pode ser! Ele o déia o sol!

- É verdade.

- Mas a ex mulher dele vai trucidá-lo!

- Parece que sim.

- Porque você está tão calma?

- Por que sim. Não tenho porque ficar nervosa, meu Olie está me esperando em casa.

Tapa na cara da minha alma.

- Ally, eu acho que posso está apaixonada por aquele imbecil.

- Eu tenho certeza que está.

Ah, droga! O que eu iria fazer? Eu não sabia nada sobre a vida dele na Phoenix. Só tinha um nome e mais nada,

Quantos Jake Adams devem ter espalhados pelo Vale do Sol?

Soltei minhas mãos das de Ally e cliquei inúmeras vezes no ícone da internet. Várias janelinhas se abriram e usei apenas uma para in no site de busca. Digitei Jake Adams, Phoenix.

- O que? Mais dê seis milhões de Jake?

Coloquei minhas mãos na cabeça e comecei a ficar desesperada.

- Eu nunca vou achá-lo, Ally.

- Calli, se acalma. Venha, tome um banho e troque de roupa. Vamos à boate e pedimos ao Olie, ele é bom em encontrar pessoas.

Deixei que ela me arrastasse ao banheiro e me empurrasse porta adentro. Tirei minhas roupas e me enfiei de baixo do chuveiro.

Como eu pude ser tão burra e tê-lo deixado ir embora?

Me abaixei e coloquei o queixo nos joelhos enquanto a água escorria pelo meu corpo.

No meio do barulho do chuveiro tive a impressão de ouvir a impressora.