O Feiticeiro Parte III - O Medalhão de Mu

VII.8 Recompensa merecida.


O corpo de Pan escaldava nos meus braços e eu entrava, lentamente, em desespero. O silêncio que me rodeava era espantosamente massacrante. Pelo menos, os tremores de terra e as explosões brilhantes tinham terminado e ousei pensar que o combate já tinha terminado e que tinha terminado bem para o lado dos bons. Gohan viria para nos salvar, a mim e à filha.

Claro que viria…

Mais uma vez, o triângulo dourado ao meu pescoço ajudou-me a conciliar a calma necessária para enfrentar aquela situação. A espera, a doença da miúda, o meu desamparo. Agarrei-o, marquei as arestas na palma da mão. Aconcheguei Pan no meu colo o melhor que pude, beijei-lhe os cabelos. Estavam molhados de suor.

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A floresta que nos rodeava era estranhamente repousante e, quando me apercebi, tinha dormitado.

Despertei de repente e pus-me de pé. Vi-o a correr para nós.

- Gohan! - Exclamei.

E depois arrepiei-me porque ele estava magoado e tinha o dogi esfarrapado.

- Ganhaste?

Não me respondeu. Os olhos abriram-se muito ao ver que eu tinha a filha dele nos braços.

- Pan-chan! Onde é que a encontraste?

Claro que tinha ganhado, pensei. Senão, não estaria ali. Respondi-lhe:

- Ela é que me encontrou. E se não o tivesse feito… não sei onde estaria eu neste momento.

No fundo de um abismo, esborrachada, adiantei, mas só para mim.

Passou uma mão pela testa da miúda. Franziu o cenho.

- O que é que se passa com ela? Está tão quente.

- Ficou assim, de repente. Levava-me com ela, a voar, quando perdeu os sentidos e caímos nesta floresta. O que acabou por ser uma sorte, pois as árvores amorteceram a queda.

- Ela estava ferida?

- Hai, tinha um ferimento na cara. Lavei-o com água e o ferimento… desapareceu. Não deixou sequer uma cicatriz. Mas depois ficou com febre.

Ele apertou os dentes, ficou tenso. Tinha um aspeto desolador, todo arranhado e ensanguentado, mas com aquela expressão tornou-se temível e recuei um passo.

- Kucris. Pan sempre esteve no Templo da Lua. Kuso!...

- Nani?

- E dizes que lhe deste água? Mas deveria ter-se curado totalmente. Não percebo como é que apareceu esta febre…

- Curado só com água?

Respirou fundo.

- Ana-san, não podemos perder mais tempo neste lugar. Estamos demasiado perto do Templo da Lua e não desejo enfrentar-me aos demónios do feiticeiro ou ao saiya-jin que ele comanda. – Reparou no medalhão e fez um esgar de desagrado. – Ainda por cima, tens contigo a segunda metade do Medalhão de Mu.

- Decidi usá-lo.

- Hum… Não sei se é uma decisão acertada, mas não quero discutir isso agora. Vamos embora!

Concordei com um aceno de cabeça.

Passou um braço pela minha cintura.

- Arigato – disse-lhe eu.

Ficou atrapalhado.

- Nani?... Porque é que me estás a agradecer, Ana-san?

- Lutaste por mim… Salvaste-me.

Sorriu-me com uma candura desarmante e senti o meu coração dar um salto.

- E tu também salvaste a minha filha. Eu é que te devo agradecer.

Sorri-lhe e ele corou. Fletiu os joelhos, a preparar o impulso e foi então que me lembrei.

- Espera! Pan trazia com ela aquele livro que está ali. Não o largava nem por nada. Se dizes que ela esteve no Templo da Lua, então o livro veio de lá e deve ser importante.

Sem me soltar a cintura, dobrou-se, apanhou o livro e entregou-mo, perguntando-me se eu conseguia carregar com Pan e com o livro, ao mesmo tempo. Respondi-lhe que sim. Gohan agarrou-me com mais força e eu preparei-me para a viagem.

Levantámos voo e dirigimo-nos para a Capsule Corporation.