My Sister's Crush

Capítulo 8


O vento frio entrava pela janela. Rei deixou o livro que estava lendo em cima do sofá e foi fecha-la, pouco tempo depois voltando a acomodar-se nele. Suspirou por um instante, deixando o livro no colo. Estava sozinho, como quase sempre. Rui estava trancada no quarto a um bom tempo. Ele se perguntava o que ela estaria fazendo, mas, de qualquer forma, não queria incomodar.

Deitou-se no sofá, voltando a ler, tentando se concentrar. Ultimamente, não conseguia plenamente... Len por algum motivo aparecia constantemente em seus pensamentos, ainda que não fosse intencional. Coisas simples, como: “Sobre o que será que ele escreveu o texto que a professa de Literatura mandou entregar?” ou reflexões sobre o que tinham conversado na escola.

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Novamente, sem notar, já estava pensando nele de novo. Quando se deu conta, tentou espantar os pensamentos, focando-se em qualquer outra coisa. Começara a dar certo, até que ouviu seu celular vibrar na mesa ao lado do sofá. Uma mensagem. De ninguém menos que o próprio Len. Rei ficou um pouco surpreso, depois se lembrou que havia dado seu número no dia anterior, mas... Ainda assim, não imaginava mesmo que fosse receber alguma mensagem.

“De: Len Kagamine
Rei-kun! O que tem pra fazer hoje? Final de semana... Hmm... Se não estiver muito ocupado, quer sair pra algum lugar?”

Rei sentiu um frio na barriga e corou de leve. Sair pra algum lugar? Sozinho com ele? Por que Len iria querer chama-lo? Quem mais iria? Ainda que se perguntasse diversas coisas, não conseguia negar que queria estar com ele... Pegou seu celular, e começou a digitar devagar.

“De: Rei Kagene
Não estou ocupado... Então acho sim. Pra onde iríamos?”

“De: Len Kagamine
Etto, tem uma cafeteria que eu adoro. Servem lanches também! É bem quentinho~ Compensa esse frio. Ah, mas se quiser outro lugar, estou às ordens.”

“De: Rei Kagene
Tudo bem, sem problemas. Vai mais alguém?”

“De: Len Kagamine
Não...”

Rei não conseguiu evitar corar mais um pouco. Mudou a posição em que estava no sofá e voltou a digitar:

“De: Rei Kagene
Mas onde é isso?”

“De: Len Kagamine
Não precisa se preocupar. Posso ir te buscar? Preciso do Seu endereço.”

“De: Rei Kagene
Anexo de Imagem: Endereço.jpg
Sim... Que horas?”

“De: Len Kagamine
Daqui a meia hora, ok?”

“De: Rei Kagene
Ok. Então nos vemos daqui a pouco”

“De: Len Kagamine
Hai~ Bye”

O garoto de cabelo preto estava nervoso. Não sabia muito bem o que fazer, nem o que pensar. Estava feliz, ainda que não admitisse para si mesmo. Ficou atônito encarando o celular, para saber se tinha mesmo recebido aquilo. Pouco tempo depois, foi se arrumar, afinal, não queria se atrasar.

...

– Rui?
Rei bateu de leve na porta do quarto da irmã, que veio atende-lo, tirando os fones de ouvido.
– Eh? O que foi? – Sorriu ela.
– É que eu vou sair. Não tem problema ficar sozinha um pouco?

A garota pareceu chocada.

– Sair? Mas pra onde?
– Comer alguma coisa em uma cafeteria – Ele se encolheu um pouco.
– Vai sozinho? – Estava achando aquilo estranho.
– Com um amigo meu...
– Rei.
– Hai?
– Que amigo? Você não é de sair.
– B-Bem, é que me chamaram e eu não queria negar. Vou com o... Len...

Pareceu demorar um tempo para analisar a informação, depois olhou para o lado.

– O-O L-Len?
– É...
– Então tá... Divirtam-se – Sorriu, mas provavelmente estava se perguntando várias coisas no momento, que não sugeriam apenas um sorriso.

...

Já estava esperando na porta de casa, sentindo-se um tanto constrangido.
“Pareço uma garotinha esperando o namorado para um encontro...”, pensava Rei. Condenou-se por pensar assim. Só ia lanchar com seu amigo, não era tão anormal assim (ainda que, para ele, de fato fosse raro). Estava ficando mais nervoso a cada instante que passava, até que, não muito tempo depois, o vulto de Len foi se destacando do resto, se aproximando aos poucos.

– Yoo, Rei-kun! – Disse ele dando um grande sorriso e fazendo um gesto com as mãos.
– Len... – Rei sorriu de leve também.
– Desculpa a demora – Posicionou-se ao lado dele, para que começassem a andar.
– Não tem problema mesmo.

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Estava tão nervoso que abaixou a cabeça, para não precisar o encarar. Seu coração estava acelerando.
“Que estranho... O que foi isso? Ah, Rei, tente atuar normalmente, você nunca teve problemas com isso”, pensou ele.

Foram conversando sobre coisas simples, rindo um pouco, e Rei foi ficando menos nervoso. Estavam ambos, de fato, felizes. Rei estava feliz por se sentir tão a vontade do lado de alguém e Len estava feliz por sentir ter “cumprido sua missão” de conseguir ser amigo de Rei e... Simplesmente por poder ver um sorriso no rosto dele. Era incrível, finalmente conseguira dissipar a expressão fria que Rei carregava desde sempre (antes de começarem a se falar).

Era uma lanchonete pequena, porém confortável. Len assegurava que tinha o melhor café da tarde que conhecia. Rei se sentou ao lado de Len e segurou um pequeno panfleto que parecia uma espécie de cardápio.

– Hmm...
– Já decidiu? – Disse Len, se inclinando sobre Rei, tentando olhar o panfleto, fazendo o garoto de cabelo preto ficar vermelho.
– N-Não. Tem alguma sugestão?
– Eu gosto deste – Len apontou para a opção número quatro da lista.
– Então vamos ver se é bom – Afastou-se um pouco, para poder conseguir agir mais normalmente. Por alguma razão, não conseguia ficar normal ou evitar corar quando ele se aproximava... Não que não gostasse... Gostava... O que era um belo problema.

Depois de alguns minutos, a comida chegou, e Len não tocou na sua. Estava muito ansioso encarando a Rei.

– Eh... Len?
– Estou esperando ver a sua reação – Estava com os olhos fixos no outro garoto, que segurava um pequeno pão recheado nas mãos.

Rei balançou a cabeça e deu um mordida de leve.

– Sugooooi! – Acabou soando um pouco mais animado do que o de costume.
– Eu disse que iria gostar! Eu disse que aqui era o melhor lugar! – Len se vangloriava.

Uma das cozinheiras os olhou com uma cara estranha por entre uma fresta entre o local onde os lanches eram preparados e onde as pessoas ficavam.

– Valeu moça, cozinha muito bem! – Len acenou para ela, feliz. Ela apenas desviou o olhar.
– Ficou no vácuo, isso que dá falar com qualquer estranho – Rei falou enquanto comia mais um pedaço.
– Você também era um “estranho” e agora está aqui. Não é tão ruim assim, é? – O abraçou.
– N-Não é... – Rei engoliu o que estava comendo e sorriu, abraçando de volta.

Continuaram assim por alguns segundos, até que notaram que não era exatamente normal para dois garotos e se separaram, voltando a comer o que tinham comprado.

...

Após Len o deixar em casa e se despedirem, Rei se jogou em sua cama e fitou o teto. Sentou-se e segurou um travesseiro contra o corpo.

Se questionava sobre o que seria “normal” ou não quanto a ele e Len. Era normal que dois amigos saíssem ou que se abraçassem de vez de quando. Mas por algum motivo, o modo como seu coração acelerava ao pensar nele, o modo como corava ou ficava nervoso quando estava perto dele e uma espécie de frio da barriga definitivamente não pareciam normais para dois amigos. O que ele sentia quando o abraçava era diferente do que sentia quando abraçava Rui. Fazia-o quase querer... Mais que um abraço...

Rei virou para o outro lado na cama, segurando o travesseiro mais forte.

Parecia que justamente a pessoa que um dia mais lhe despertara desgosto (por conta de sua irmã), estava lhe despertando algo diferente, que nunca tinha sentido antes e não tinha certeza do que era.

“N-Não pode ser... Aquele... Maldito...” Rei pensou, enquanto vários outros pensamentos giravam sem parar em sua cabeça.

– L-Len... – Sussurrou, antes de desligar a luz para tentar dormir.