Capítulo 10

Drixy acordara por volta das oito da manhã. Se despreguiçou na cama e permaneceu na mesma. Ficou pensando no dia anterior, a família Hint já sabia parte da história dela, será que isso mudaria algo? Afetaria em alguma coisa? Há possibilidades... Essa foi a conclusão da adolescente.

No quarto ao fim do corredor, Flávia estava na cama também pensativa. Por que ela se importava tanto com a orfã? Por que escolheu a mais problemática? Será que ela estava sendo uma péssima mãe? Desistiu de se "afogar" em pensamentos, desceu e pegou uma caneca com café e foi até o atelier improvisado no segundo andar, ficou costurando diversas peças, era assim que ela se distraía enquanto o marido trabalhava e o filho estudava. Esse era mais um dos motivos da mulher desejar tanto ter uma filha menina: para lhe fazer companhia.

Teo permanecia no quarto dele, lendo uma revista em quadrinhos do seu super-herói favorito: Batman. O motivo de sair de lá foi quando ouviu um barulho vindo do quarto ao lado. Percebeu que Drixy acordara, bateu duas vezes na porta dela e a abriu. Se deparou com a garota de joelhos recolhendo os lápis que ela provavelmente derrubara. Ele se agachou e foi a ajudar.

– Já acorda fazendo besteiras... - disse o garoto.

– Bom dia pra você também! Veio pra ajudar ou pra me encher?

– Os dois.

Ele juntou os lápis no estojo e colocou em cima da escrivaninha do quarto.

– Hey! Me ajuda a levantar. - disse Drixy.

Ele ajudou. E a garota sentou-se na cadeira giratória.

– Bonito pijama. - disse a menina.

Ele olhou e viu que usava o pijama do Batman e corou as bochechas.

– Ficou com vergonha! Que bobo! - disse a ruiva rindo.

– Não tem graça! E a sua roupa? - também brincou Teo sobre o vestido florido que ela vestia.

– Hoje eu estou vestida igual uma menininha tá?

– Por isso to estranhando...

– Não enche...

Ele sentou na cama já arrumada dela.

– Você sabia que a Márcia arruma as camas?

– Eu sei, mas eu gosto de fazer isso.

– Que seja! Vai pra escola hoje?

– Claro, eu não morri!

– Se eu fosse você usaria esse gesso como desculpa...

– Já fez isso antes?

– Não, nunca quebrei nada, mesmo querendo.

– Você é louco!

– Louco? É porque você não estava aqui na época. Minha mãe sempre foi super protetora, o chão do meu quarto era um tapete revestido de espuma, se eu caísse não me machucaria. Ela quis fazer isso na escada, mas meu pai a convenceu que era loucura.

Drixy riu.

– Filhinho da mamãe! - ela brincou.

– Hey!

– Que seja! Hoje vai ser meu segundo dia na escola, tenho que pegar a matéria com a Paola.

– Quem é essa?

– Aquela que veio aqui.

– Aquela gata?

– É, deve ser.

– Tá certo que ela é bonita, mas eu já disse, você tem que andar com as populares.

– Não tô a fim.

– Não tem que querer! É o manual de sobrevivência!

– Faz isso você!

– Eu sou da turma dos Geeks!

– Aff, agora sai daqui, quero estudar!

– Se precisar me chama!

– Já estou precisando...

– O que?

– Tô com fome!

– Vou pegar uma coisa pra você lá embaixo...

– Valeu.

Ela ligou o notebook e fez login no Facebook, Paola estava online, então Drixy a chamou no bate-papo:

Drixy: Oi Paola.

Paola: Drixyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyy! Tudo bem?

Drixy: Tudo e você?

Paola: Tudo! Por que você faltou ontem?

Drixy: Quebrei a perna...

Paola: Meu Deus!!! Você tá bem?

Drixy: Estou, só engessei a perna.

Paola: Nossaaaaaaaaaa!

Drixy: Tem como você vir aqui trazer a matéria que eu perdi?

Paola: Claro! Já estou indo aí, até mais! Beijoooos!

Drixy: Beijos.

A garota fez logout e desligou o notebook. Logo após Teo chega com duas tigelas cada uma com uma colher dentro. Cereal e leite seria o café da manhã dos dois.

Drixy pegou uma tigela e disse:

– Fico aliviada por não ser um daqueles sanduíches loucos.

– São deliciosos tá?

– Claro que são! - disse sarcasticamente a ruiva.

Eles comiam e conversavam. Depois Teo desceu para levar a louça para a cozinha e a campainha tocou, ele atendeu e viu a morena.

– Oi Teo! - disse Paola.

– Paola, entra.

– Adorei o pijama do Batman.

– Porque não ri disso com a Drixy? Ela está lá em cima no quarto dela. - disse o garoto correndo para se esconder da vergonha que acabara de passar.

Paola subiu as escadas e foi até o quarto da amiga.

– Cheguei! - disse a morena.

– Que bom. - disse Drixy.

– Toma, tá tudo aí. - disse Paola entregando o fichário lilás.

Drixy pegou e colocou por cima da escrivaninha.

– Bem, já vou indo quero dar uma passadinha na casa do Ed.

– Vai lá, obrigada pelas matérias.

Elas se despediram e a menina desceu e foi até a casa de Edgar, tocou campainha trocentas vezes e ninguém atendeu, ela desistiu e foi pra casa.

Drixy ficou agradecida por ter algo pra fazer no momento, estudar era uma coisa que despertava interesse nela. Estudou até chegar perto da hora que o ônibus escolar passaria, depois procurou uma roupa no armário, não poderia ser calça comprida muito menos legging pois estava com a perna engessada. Escolheu um vestido confortável, se arrumou, pegou a mochila e com a ajuda de Teo, desceu as escadas e os dois entraram no ônibus escolar. Drixy chamara muita atenção por estar com a perna engessada e também por estar linda. O arquinho no cabelo destacara a linda pele dela. E o gloss transparente que usara a deixou mais linda.

Parece que a terça-feira vai ser mais agitada do que eu imaginei. - pensou a menina ao ver o lindo garoto popular da escola pedindo para ela se sentar ao lado dele. Se ela aceitou? Não queria, mas Teo deu um empurrão nela, sem escolhas, aceitou.