Sonhos

Sonhos

Estava em um ambiente todo branco, vestida num quimono também branco com desenhos rosa claro de flores. Kaoro não entendia. Por que estava ali? O que era aquele lugar? De onde vinha o quimono? A última lembrança que tinha era estar dormindo em um futon com seu marido, Kenshin. E agora estava nesse lugar estranho, completamente branco e vazio. Ou quase vazio. Kaoro notou um vulto se aproximando. E, assim que este tomou forma, sussurrou um nome:

- Tomoe. – Ela nunca havia visto Tomoe. Mas sabia que era ela. Simplesmente sabia que aquela moça de longos cabelos negros era a primeira paixão de Kenshin. A moça usava um quimono branco como o seu, mas com flores tribais vermelhas. Os cabelos negros estavam presos num rabo de cavalo baixo. Tomoe sorria.

- Você é Kaoro? – A Kamiya se surpreendeu. – Sim, você é Kamiya Kaoro.

- Hai.

- Você é bonita, Kaoro-chan. – Tomoe parecia se divertir – Mas é tão nova. Quem diria que uma criança conquistaria o coração de Battousai?

- Battousai?

- Hai. Battousai se casou com uma criança. Pergunto-me se já se esqueceu de como matou milhares de pessoas. Duvido que tenha conseguido. Afinal, uma de suas vítimas fui eu. – Kaoro não acreditava nas palavras que ouvia. Como aquela mulher ousava? – Mas, pela rapidez em se casar, acho que já se esqueceu de tudo. – Aquela frase foi a gota d'agua.

- Como você pode dizer isso? – Kaoro perguntou indignada – Kenshin nunca se esqueceu daqueles que matou! Nunca se esqueceu de você, Tomoe! Ele te amava! É verdade que ele ainda tem a espada, mas agora Kenshin protege as pessoas com ela. Abandonou a espada que mata e aderiu à espada que protege! Kenshin carrega o peso dos assassinatos que cometeu.

- Tchi. E como você sabe que ele ainda se lembra de mim?

- Porque até o dia em que resolvi me declarar, ele nunca se aproximou de mim. Kenshin tinha medo de me ferir com seu passado! Tinha medo de que o que aconteceu com você se repetisse!

- Ora, então eu sou um tipo de rival pra você? Afinal, Battousai ainda gosta de mim.

- É verdade. – Tomoe arregalou um pouco os olhos – Ele ainda gosta de você. Tomoe-san foi o primeiro amor de Kenshin. Você e ele têm um passado, não posso negar. Mas eu também tenho o meu tempo com Kenshin. Eu não me importo se ele ainda sente alguma coisa por você, Tomoe-san. Eu amo Kenshin, tanto o rurouni quanto o Battousai! Se ele foi feliz com você, ótimo. Eu não preciso tê-lo só para mim! Se Tomoe-san o faz, ou fazia, feliz, então também ficarei feliz! – Tomoe perecia surpresa – Tomoe-san, eu não te odeio por isso. Não importa a escolha de Kenshin, eu o amarei e o apoiarei. É verdade que dói, mas tudo que eu quero é ver Kenshin feliz! Quero que ele esqueça o peso do passado e siga em frente! – A Kamiya tinha lágrimas escorrendo pelo rosto – Entendeu? – Tomoe deu um pequeno sorriso.

- Acho que sei por que Battousai, não, Kenshin se apaixonou por você, Kaoro-chan. Sua alma é bondosa, assim como seu coração. Você aceitou o hitokiri mais famoso do Japão em sua casa e ainda se apaixonou por ele.

- Não conheci nenhum hitokiri. O homem que conheci era um rurouni chamado Himura Kenshin.

- Kaoro-chan, pode me prometer uma coisa?

- Claro.

- Faça Kenshin feliz. – Tomoe sorriu e a mestra assistente percebeu que era um sorriso verdadeiro – Faça-o feliz. Não como eu teria feito, mas sim como você fez até agora. Porque eu sinto que ele está feliz ao seu lado.

- Hai! Arigatou, Tomoe-san. – Dito isso, a moça na sua frente começou a sumir. O branco escureceu e Kaoro abriu os olhos. Fora um sonho.

- Kaoro-dono? – Kenshin pergunta sonolento – Estava tendo um pesadelo, de gozaru ka? – Apertou o pequeno corpo contra o seu.

- Não. – Kaoro se aconchegou no abraço – Era um sonho bom.

- Bom, de gozaru ka?

- Hai. No começo era meio ruim, mas melhorou depois.

- Como era o sonho, de gozaru ka?

- Sonhei com Tomoe-san. – Kenshin ficou surpreso – Antes que você fale alguma coisa, quero dizer que não e importo nem um pouco com o que aconteceu entre você e ela.

- Oro?

- A Tomoe-san de meu sonho era como eu a imaginava quando você me contou sobre ela: Fria. Mas, agora eu sei, que se a gente se conhecesse, seríamos boas amigas. – Kenshin deu aquele sorriso doce que reservava apenas para sua Koishii.

- Eu também acho, Koishii.

- Kenshin, você é feliz?

- Oro? É claro que eu sou feliz, de gozaru yo.

- Sério?

- Hai. Eu sou feliz porque sei que o seu mais belo sorriso pertence só a mim, de gozaru na. – A moça corou.

- Que bom.

- Por que perguntou, Koishii?

- Prometi a Tomoe-san que faria você feliz.

- Koishii, você me fez feliz desde a primeira vez que a vi, de gozaru yo.

- Arigatou. Boa noite, Kenshin.

- Boa noite, Koishii.