Prólogo: Fantasma do Passado

É noite em Kinkow.

As luzes do castelo real já estão apagadas. Todos estão dormindo.

E na escuridão o vento é o único que continua a cantar, adentrando pelo salão real, deslizando pelas frestas e cantos, alcançando até o quarto real, trazendo consigo aventuras e mistérios da calada da noite.

Apenas um dos dois reis está no quarto. Boomer dorme enrolado em seus cobertores. Ele está sozinho, e está falando sozinho também:

— Não Rebecca, hihihi, sim Rebecca, hehehe...

Rei Boomer não sabe mas sua paz está prestes a ser quebrada.

Da varanda surge um invasor. Silencioso como o vento ele adentra o quarto real, sobre a ponta de seus pés. Ele se aproxima do centro do quarto, sua espada brilha como um relâmpago quando desembainhada. A lâmina descreve movimentos rápidos enquanto faz sua arte. Quando termina ele olha para a mensagem que entalhou sobre a mesa de sinuca e não pode deixar de sussurrar orgulhoso:

— Voalá!

O invasor dá alguns passos para trás, e habilmente sua mão acerta o vaso real, o barulho da porcelana se quebrando preenche o quarto, o rei Boomer mexe-se em sua cama. O invasor desesperado não sabe para onde fugir, ele acaba pisando em um caco do vaso e seu grito soa do profundo de sua garganta:

— ÁAOU!

O invasor perde o equilíbrio e tropeça no sofá, sua cabeça acerta a televisão, desorientado ele gira pelo quarto derrubando o que se encontra no caminho até adentrar o mar de camisetas do Boomer e se perder lá dentro.

— Mas o que? — Boomer acorda assustado, seus olhos saltam para suas roupas do closet que estão se mexendo. Boomer é um rei experiente e sabe o que fazer em momentos como esses: — Aaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh!

As luzes se acendem, Mason e Mikayla adentram o local com seus facões nas mãos.

— Meu rei... Oooohhhh! — Mason e Mikayla escorregam próximos à mesa de sinuca.

Abaixo de seu pai, Mikayla consegue dizer irritada:

— Já não tínhamos proibido os reis de terem brinquedos tão perigosos? — Ela mostra algumas das bolinhas de gude que estão espalhadas pelo chão, e sopra uma mecha de cabelo que havia caído sobre seus olhos.

Boomer continua gritando:

— Ahhh! Ladrão!

O invasor consegue se levantar desorientado e recoberto por camisetas ele se dirige sem saber para a varanda. Mikayla se levanta a tempo de puxar algumas das camisetas que revestem o invasor, felizmente ou infelizmente tal movimento o faz cair.

— EEEAAAAOOOOOOUUUUUU!!!!!!!

Todos no quarto fazem caretas ao ouvir o baque do invasor ao atingir o pátio. Mikayla corre até a sacada da varanda a tempo de ver o invasor se jogar em direção ao mar. Por um breve instante ela vê o invasor, mas o que ela vê só a faz pensar que está ficando maluca. Porque o intruso era nada mais nada menos do que Sirocco, mas Sirocco era Brady e Brady estava em Chicago.

*Cena de Abertura*