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Se eu achava que não poderia dormir depois daquilo, eu estava completamente enganada.

Eu estava de volta ao meu sonho anterior. Como se ele apenas tivesse congelado naquele momento.

– Alec? – sussurrei, mas não me afastei. Muito pelo contrário. Aconcheguei-me em seus braços. – Estava com saudades.

– Eu disse que voltaria logo – ele revirou os olhos vermelhos, fazendo-me rir. Suas mãos brincavam em meu cabelo e ele beijava meu rosto, levemente. Momentos depois, seus lábios tocaram os meus.

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Era exatamente como o beijo da noite passada. E de certo modo, eu sabia que sonhava, mas me recusava a acordar. Eu não sabia quando Alec me beijaria novamente. Mas eu queria.

Seus lábios se separaram, sua língua contornando os meus, pedindo passagem. E eu cedi. Exatamente como quando foi real. Lentamente o beijo queimava, se consumia. Não era como nenhum outro que eu já tivesse experimentado – ainda que isso se reduzisse aos beijos de Demetri e Jake. Era melhor. Eu tinha a vontade de passar horas ali, sentindo o cheiro – e gosto – de menta que Alec possuía. Quase dois minutos depois, ainda estava sentindo seus lábios nos meus. E eu queria continuar ali. Ele me pegou em seu colo, como se lesse meus pensamentos e sentamo-nos na cama.

E ele se afastou.

Acordei, notando que já se passava do fim da manhã. Desde que havia chegado ao castelo, eu nunca dormira tanto quanto essa noite. Provavelmente se devia ao fato de ter passado a outra noite em claro. Procurei ao meu redor qualquer vestígio de minha babá, mas eu não o via desde ontem à noite, quando interrompemos o beijo ao ouvir a batida na porta. O moreno havia saído do quarto com Felix, e não havia dado sinal de vida até agora.

Tomei banho e me arrumei. Foi quando levei um susto que me derrubou no chão. Meus olhos estavam... Vermelhos. Não vermelhos como os de um vampiro completo, mas levemente avermelhados. O que era aquilo, afinal? Respirei fundo, tentando manter a calma. Um bip chamou minha atenção. Era o meu computador. Eu mal havia percebido que já se passaram sete dias. E a cada sete dias – sempre no sábado – minha família se comunicava comigo. Corri até lá e abri o aparelho. Alice sorria.

– Você está um arraso! – sua voz estridente chamou a atenção de todos da casa. Rapidamente, todos os vampiros estavam do outro lado da tela – Com certeza herdou de mim o senso de moda.

– Pra que tudo isso? – Edward falou, irritado – Você está em treinamento ou indo... Ah, prefiro nem comentar. – Bella o cutucou com o cotovelo, fazendo-o se calar. Foi Carlisle quem notou.

– Nessie... Seus olhos. – ele tinha uma cara de espanto.

– Não tenho ideia, antes que me pergunte. – dei de ombros – Apareceu agora cedo.

– Mas e aí, gata – a voz de Emmett interrompeu qualquer coisa que o médico falaria – Quem está te ensinando a grandiosa arte do nada dessa vez?

– Alec – mostrei a língua, rindo – Mas admito, o quarto dele e bem confortável. – dei de ombros.

– Você está dividindo o quarto com um garoto? Renesmee Carlie Cullen, isso é completamente-

– Cale-se, Edward – foi a vez de Rosalie – A garota sabe se cuidar. E tem mais, é A-L-E-C. Se fosse Demetri, bom...

– Não quero nem pensar nisso – meu pai balançou a cabeça – Chame sua babá que precisamos ter uma conversa.

– Pai! – exclamei.

– Renesmee – a voz de Bella soou mais rouca que o normal – Faça.

Revirei os olhos, bufando. Ótimo, eu teria que encontrar Alec. Saí correndo como nunca, mas assim que fechei a porta do quarto, dei de frente com o moreno. Seus olhos percorreram todo o meu corpo, e ele me encarou novamente. Eu corava dos pés a cabeça.

– Eles querem falar com você – respirei – Isto é, meus pais. – O vampiro congelou. Não respirava, piscava nem se movia. Comecei a rir – Sobre o treinamento, idiota.

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– Ah – seus músculos relaxaram e nós entramos novamente, tentando parecer o mais normal possível: desprezando um ao outro. – Era só o que me faltava. Além de ter que te aturar, tem que aturar todos os Cullen. – ele revirou os olhos e eu segurei uma risada.

– Garoto, escute-me. – meu pai parecia realmente bravo – Se encostar um dedo sequer na minha filha...

– Assim? – Alec colocou seu indicador no meu braço e eu soltei uma risada. – Sim, prossiga.

– Você está morto - os olhos dourados de Edward o fitaram com desprezo, e ele apenas riu.

– Já estou, Cullen. – suas sobrancelhas se arquearam e ele entrou no banheiro.

– Conversa longa a de vocês – Bella riu – De qualquer forma, se cuide, filha. Nunca confie num Volturi.

– Mãe – revirei os olhos – Como se eu não soubesse. – agradeci o fato de meu pai estar distante o suficiente pra não saber o que eu pensava.

– De qualquer forma, tem alguém que quer falar com você – os vampiros saíram e deram lugar à pessoa que eu menos queria ver nesse mundo.

Jake.

– Nessie – ele começou.

– Renesmee, pra você – fui ríspida. Ele merecia depois do que tinha feito comigo.

Renesmee, me perdoa, por tudo. Eu fui um idiota, eu deixei essa coisa de lobo me subir à cabeça. Eu não devia ter... Terminado, não sei. – seus dedos passaram nervosamente por seus cabelos pretos – Eu preciso de uma segunda chance.

– Jacob. Eu te perdoei, sabe disso. Mas não te darei uma segunda chance. – Os Volturi não dão uma segunda chance, pensei. Era tão comum não ter uma segunda chance pra mim, que não a vi razão pra ele merecer.

– Isso tem a ver com aquele vampiro de merda, não tem? Com o arrogante dos olhos vermelhos. Ele mata as pessoas, Nessie.

– Eu também mato se elas não aceitam a realidade – desliguei o computador e me deitei. Maldito fosse o lobisomem. Não bastasse acabar com a minha vida, ele tentava me derrubar quando finalmente eu conseguia me erguer. Não. Eu não aturaria isso.

– Você está bem, Cullen? – Alec saiu do banho vestindo apenas uma calça jeans. Seu cabelo molhando estava desgrenhado e eu via perfeitamente as gotas prateadas de água escorrerem pela lateral de seu pescoço, passando por sua clavícula. Sua boca formou um sorriso quando ele notou que eu o observava. Sua aproximação me tirou de meus devaneios.

– Estou – suspirei, fitando minhas mãos. Nada de joias. Claro, eu havia sido interrompida. Por um milagre havia terminado a maquiagem. – Volturi – completei, sorrindo, mas sem encará-lo.

– Mostre-me – suas mãos pegaram as minhas, levando-as para seu rosto. Por alguma razão, eu o fiz. Mostrei minha conversa com Jacob e fui além. Mostrei o motivo de nossas brigas, o término. Tudo. Quando finalmente terminou, eu senti seus braços se moverem, puxando-me para seu colo.

– Alec... O que você... – seus lábios tocaram os meus suavemente.

– Não fique assim. Eu sei como você se sente, porque de um jeito ou de outro, você consegue me mostrar isso também. E, por favor, não fique assim. – suas mãos apertavam minha cintura com força – Eu sei que posso ser apenas um vampiro de merda, um arrogante de olhos vermelhos, mas eu nunca faria isso com você. Nunca.

– Foi o que Jake disse, Alec. – encostei minha cabeça em seus ombros, e ela se encaixava perfeitamente lá – E olha o que aconteceu.

– Eu não estou dizendo. Eu vou cumprir. Não precisa acreditar. – agilmente ele me deitou no sofá, ficando por cima de mim, de um jeito a não me machucar – Não até eu te mostrar que é verdade.

– Eu tenho todo o tempo do mundo – sorri, passando a mão em seus cabelos. O sol estava a pino e minha barriga roncou, quebrando o clima – Merda – cochichei e o vampiro riu.

– Venha, vamos comer algo – ele me levantou, colocando-me de pé no carpete de madeira. Seus lábios tocaram minha testa e saímos do quarto, mantendo certa distância. Nenhum dos dois estava muito propenso a admitir a certa relação que ocorria aqui.

– Vamos? – perguntei. – Nós dois?

– Claro – ele sorriu – A não ser que você faça questão de algo... De humanos.

Estremeci. Alec estava me oferecendo sangue? Mandei-lhe um olhar preocupado, mas segundos depois ele riu, entendendo mais uma vez o que eu pensava.

– Pode ser de animal, se preferir. Ou podemos passar no bar. Sem ferir ninguém. – seu sorriso vencedor fora estampado em seu rosto.

– Podemos ir ao bar – sorri também – Você bebe e eu como. Simples. – coloquei a touca de minha capa e Alec fez a mesma com a dele. Por mais que não houvesse sol, era melhor não arriscar.

O vampiro olhou ao redor e, não vendo ninguém, beijou-me mais uma vez. Juntos, saímos pela florida Volterra.