A Volta Da Borboleta
1- Memórias por todo lugar
Fechou os olhos e deu uma baforada, não gostava de fumar, mas já havia se tornado um mau hábito. “É tudo culpa sua.” Pensava ele com um sorriso nos lábios. O cheiro forte da cigarrilha empesteava a sala inteira, e era assim mesmo que ele gostava o cheiro dela por todo lugar. Muito tempo já havia se passado e com medo de ter a memória dela apagada se apegou desesperadamente a tudo que a pertencia, a cigarrilha, o kimono, o péssimo hábito de beber até desmaiar e o jeito enigmático, era agora o novo dono da loja, mas isso não era realmente importante, para ele era um empréstimo, não uma herança, porque a verdadeira dona iria voltar, e ele estaria lá esperando, não importa quanto tempo levasse.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Mokona estava dormindo, Maru e Moro estavam arrumando a casa enquanto cantavam alguma canção aleatória, ele, estava esparramado pelo sofá com uma garrafa de saquê, o kimono entreaberto e encarando o nada. Os últimos 200 anos poderiam ser resumidos em um sorriso mascarado e litros de álcool. Poderia ter deixado a loja há muito tempo atrás, mas não iria, nunca o disseram que ela voltaria, mas não importava, esperaria o tempo que fosse, afinal, ele tinha todo tempo do mundo.
- Maru, Moro tragam mais saquê. – Disse ele levantando a garrafa vazia.
- Sim mestre. – Disseram as duas em uníssono. Apesar de fazer muito tempo, ainda se lembrava de quando a resposta era “sim mestra” e quem estava ali saboreando sua comida e bebendo saquê o dia inteiro era a senhorita de cabelos negros e olhos escarlates, o pensamento o fez sorrir mais uma vez, o mesmo sorriso amargurado que costumava exibir, já que o único lugar que ela estava era em suas memórias.
Não muito tempo depois, caiu no sono, ali mesmo na sala, Haruka, como sempre, o estava esperando na habitual varanda que dava para o jardim.
- Boa Noite senhor Haruka. – Disse cortesmente.
- Boa Noite dono da loja. – Respondeu com um sorriso.
- Já pode sair da loja, por que não sai?
Ele olhou fixamente para o velho amigo.
- Creio que seja uma daquelas perguntas que já sabemos a resposta. – Suspirou e se sentou.
- Apenas queria saber o que responderia, mas não está cansado? Afinal, já faz 200 anos.
- Quero meu desejo atendido, mesmo que leve mil anos.
Haruka lembrou-se da mulher de olhos escarlates, achava que por mais difícil que fosse para aqueles dois, a recíproca era verdadeira, o que era algo surpreendente já que se tratava da egoísta Ichihara Yuuko, finalmente ela se sacrificou por algo que não fosse ela mesma.
- Talvez ele se realize antes do que pensa.
Acordou. Estava ainda no sofá “E mais uma vez me acordou antes de dar as respostas.” Pensou.
- Watanuki está acordado! – Disse Maru
- Watanuki está acordado! – Repetiu Moro.
Watanuki levantou e as acariciou no topo da cabeça.
- Vou fazer algo para comer.
Levantou-se e foi à cozinha. Faria um pouco de Saba oshizushi¹, Mokona poderia comer um pouco quando acordasse, não sabia o porquê, mas pretendia acorda-lo logo, ele não poderia reclamar 50 anos de sono já era o suficiente.
Quinze minutos e já estava pronto, ainda estava de madrugada, mas nunca é uma má hora para comer e beber saquê, alguém o havia ensinado isso há muito tempo atrás.
Ele sorriu mais enquanto comia, era engraçado, ultimamente tudo o lembrava dela, não que ele a esquecesse nos outros dias, mas hoje quase podia ouvi-la chamando seu nome ordenando-o a trazer uma de suas comidas e algumas garrafas de álcool.
Fale com o autor