Um Maroto Apaixonado

Visitas de família


"... NÃO ACREDITO... TEVE A AUDÁCIA... ISSO! NÃO... NÃO... "

Sirius acordou desnorteado com os berros da mãe vindos do primeiro andar da casa; "Mas que diabos, ela não se cansa nunca" pensou. Estava deitado em sua cama olhando para o teto, não conseguiria dormir novamente pois a mãe continuava a gritar, assim se levantou. Foi ao espelho pregado na parede, ao lado esquerdo de sua cama, deu uma boa olhada em seu rosto, seus cabelos estavam bagunçados e os lábios secos, não que isso o deixasse feio, nem um pouco, ele continuava com sua beleza e charme natural. Sentiu um pouco de frio, afinal estava só com uma camiseta e o inverno havia chegado. Foi ao seu guarda-roupa e pegou sua jaqueta de couro preta preferida, que ele não havia levado a Hogwarts.

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Depois de ir ao banheiro e realizar sua higiene pessoal, foi ao primeiro andar para descobrir o porquê dos berros da mãe, que ainda continuava com a gritaria:

– O que eles acham que são? Acham que são dignos de vir a minha casa e me oferecer um simples presente comestível? Ha-ha, como se isso mudasse o que são - sentada na cadeira ao fundo da mesa da sala de jatar, a mulher ainda lamentava-se do que for que tivesse acontecido.

– Minha senhora, acalme-se... Não deixe que esses... esses... trouxas lhe importunem... - ao lado dela, no chão, Monstro pedia para que se acalmasse.

– Então, qual é o problema desta vez, mamãe? - perguntou Sirius irônico.

Monstro lhe lançou um olhar feroz, mas nada disse.

– Nossos novos vizinhos - a mãe pronunciava as palavras pausadamente com certa dificuldade - bateram a nossa porta para nos dar "boas-vindas" e eu tive de atender, era um casal trouxa horroroso e sua cria, uma garota da sua idade mais horrorosa ainda... - falou com nojo.

Sirius teve interesse quando a mãe falou "uma garota da sua idade", mas não seria burro de perguntar sobre como ela era agora, pois saberia a resposta da mãe.

– E...? - ele simplesmente perguntou.

– A mulher estava carregando um embrulho e o empurrou para mim, dizendo que era uma torta de creme. Eu estava horrorizada com a tamanha audácia deles, então disse para nunca mais voltarem aqui e fechei a porta - respondeu a mulher satisfeita com sua atitude.

– Esse era o motivo de toda sua gritaria?! Qual é, só novos vizinhos e você faz um escândalo, como se isso não fosse normal! - debochou - Se você me fizer o favor de ficar quieta, eu vou voltar a dormir... - fez um gesto de se virar, mas a mãe o interrompeu.

– Nada disso Sirius! Vá colocar uma roupa descente e esperar aqui embaixo o resto da família chegar! - disse autoritária.

O filho nada respondeu, não fez questão de trocar de roupa e apenas se dirigiu a sala de estar e lá se sentou no sofá. A sala era de um tamanho médio e como o restante da casa, a pintura era escura, possuía um sofá, no qual Sirius se sentara, e uma poltrona. Era decorada com objetos de valor antigos, (Sirius achava que a maioria eram objetos das Trevas, mas nunca perguntou), tinha apenas duas janelas que estavam sempre fechadas e cobertas pelas cortinas. Mais ao canto da sala, na parede, encontrava-se a tapeçaria Black, era a árvore genealógica da família, ali tinham todos os nomes de todos os familiares e seus cônjugues, normalmente os primos e primas casavam-se entre si na família, por isso eram poucos os cônjugues de "outros sobrenomes". O nome de Andrômeda, observou Sirius, estava queimado e embaixo estava escrito "deserdada", o nome de seu marido aparecia ali, apesar de estar queimado também e embaixo estar escrito "bruxo nascido trouxa".

Passado 10 minutos, Sirius que estava com um Lembrol, (um objeto mágico redondo, do tamanho de uma bola de tênis e transparente bastante útil para pessoas esquecidas) em suas mãos, olhando o objeto sem muito interesse, ouviu quatro "cracks!" vindos do hall de entrada. "Ótimo, meus queridos familiares chegaram" pensou irônico e de má vontade levantou-se do sofá, largando o Lembrol ali mesmo e indo ao encontro das visitas.

– Olá Walburga! - ouviu a voz de seu tio, Cygnus cumprimentando a irmã. Ele era um homem não muito alto, careca de olhos cinzentos, não era "inteiramente" gordo, mas em vez de barriga, possuía uma enorme pança.

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– Olá querida! - agora era a voz de sua tia, Druella, esposa de Cygnus, cumprimentar sua mãe. Ela era um pouco mais alta que seu marido, era loira e tinha olhos castanho-escuros - Onde está Sirius e Régulo? - perguntou com pouco interesse varrendo os olhos pelo local.

– Eu estou aqui - respondeu Sirius com indiferença.

– Régulo saiu com os amigos, provavelmente chegará no mesmo horário que Orion, quando sair do trabalho - disse Walburga.

– Ah, olá Sirius - os dois se cumprimentaram com um aperto de mão. Ele cumprimentou seu tio do mesmo jeito.

– Então Sirius, você não saiu com seus amigos também? - provocou sua prima, Bellatrix com sua voz fina e irritante - Ou você não tem amigos? - Bellatrix era mais velha que o primo, era magra e não mais alta que ele, tinha cabelos escuros e desgrenhados, olhos pretos e um ar arrogante.

– Desculpe priminha, mas acho que você deve ter se confundido com você mesma - retrucou calmamente; Os adultos conversavam sem perceber a provocação entre os primos.

Bellatrix iria responder quando sua irmã mais nova a cortou:

– Olá Sirius - Narcisa disse elegantemente, ela era mais alta que sua irmã e magra, era loira e muito branca e tinha olhos azuis. Seria bonita se não tivesse a expressão de que tem algo fedendo embaixo de seu nariz.

– Eae - o garoto respondeu fazendo com que a prima fizesse uma expressão de desaprovamento com o uso da gíria.

– Meu elfo levará vocês a seus quartos, deixem as malas aqui mesmo. Monstro, venha cá! - assim que a Sra. Black chamou pelo Elfo ele apareceu - Indique para meus convidados onde irão ficar e depois leve suas malas a seus respectivos quartos!

– Sim, senhora. Venham, Senhor e Senhora Black, é por aqui! - Indicou Monstro, subindo as escadas.

Cygnus e Druella ficariam no quarto do segundo andar, que ficava mais ao fim do corredor, bem longe do quarto de Sirius. Já Bellatrix e Narcisa dividiriam o quarto do primeiro andar.

Após todas as instalações, os tios ficaram na sala de estar conversando com Walburga e esperando Orion e Régulo. As duas irmãs ficaram no quarto conversando.

Sirius sabia que só essa parte da família viria para passar o Natal e também sabia que, se saísse rapidinho, ninguém sentiria sua falta. Então resolveu fazer uma coisa que estava pensando desde que sua mãe mencionou os novos vizinhos; Foi para o banheiro, lavou o rosto e escovou os dentes, despenteou um pouco o cabelo para dar um ar sensual e estava pronto. Não teve dificuldade em sair de casa, ninguém percebera.

Já era noite. Ele caminhou até a casa ao lado e parou na frente do gramado, adivinhou que era ali que os vizinhos novos agora moravam pois vários caixotes de mudança se encontravam ao lado da lata de lixo. A casa devia ter dois andares, como a dele, a pintura por fora era da cor Cardo, um pouco mais escura. As janelas do primeiro andar indicavam que as luzes estavam acesas. Sirius deu um suspiro confiante e murmurou:

– Vamos lá então.

Caminhou pelo gramado até a porta da casa e tocou a campainha.

***********

Melinda Moore e seu marido, David, estavam sentados abraçados no sofá assistindo TV quando a campainha tocou. David olhou para trás procurando a filha, que estava no balcão da cozinha preparando um sanduíche. Esta não teve reação alguma quando a campainha tocou, talvez porque estivesse com seus fones de ouvido ouvindo alguma música no volume máximo.

– Filha, você pode ir atender a porta? - falou alto para chamar a atenção da garota.

– Oi? - ela perguntou tirando os fones de ouvido.

– Pode ir atender a porta? - ele perguntou de novo.

– Ah, claro.

A campainha tocou novamente.

– Já vai! - a garota gritou.

Quando ela abriu a porta, seus olhos se focalizaram apenas em um par de olhos cinzentos.