Um Maroto Apaixonado

Aulas Particulares


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Capítulo Anterior

Ainda deitada na cama e em meio ao seus devaneios, a garota ouviu um estrondo forte e um berro de dor vindos do andar de baixo da casa.

E esse berro era de seu pai.

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Sem pensar duas vezes, Grace se levantou num pulo e foi correndo escada abaixo procurar pelo dono do grito, que ela sabia ser seu pai.

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Chegou à sala de estar, porém não viu ninguém. Onde estava sua mãe? Ela se perguntava. Ouviu vozes do lado de fora da casa e percebeu que a porta desta estava entreaberta. Colocou a cabeça para fora e se deparou com uma cena um tanto surpreendente: seu pai conversava com quem ela menos esperava ver no momento, Sirius.

"Oh, que ótimo! Agora vou ter que aguentar esse convencido tentando persuadir meu pai" pensou enquanto punha-se totalmente para fora de casa e caminhava em direção aos dois. O pai segurava a própria mão e esta sangrava.

- Hã... Oi.

- Grace! - David exclamou - Pensei que você iria dormir até mais tarde hoje.

- Acordei com seu grito. O que aconteceu? - ela perguntou ignorando totalmente Sirius.

- Ah, não foi nada demais, eu estava levando uns caixotes para o pátio dos fundos quando um prego caiu e raspou na minha mão - ele mostrou-a - E por sorte, Sirius estava passando por perto e viu que eu ia deixar o caixote cair no chão e me ajudou.

Sirius a cumprimentou com um aceno de mão.

- Oi - a garota respondeu seca, olhando rapidamente para ele e depois voltando sua atenção ao pai.

- Não parece que o prego só raspou na sua mão, parece que furou, por que ela ta jorrando sangue.

Os dois riram.

- Garotas, sempre exageram! - exclamou David.

- Novidade...

-Ok, se você acha que é exagero, mas depois não venha me irritar quando a sua mão não parar de sangrar!

- Não se preocupe... A propósito, já que você acordou cedo, vá estudar!

- E tomar café?

- Depois de tomar o café – o pai se corrigiu.

- Estudar? Mas já não acabaram as aulas? – Sirius perguntou.

- Sim, sim. Mas Grace ficou de recuperação em 3 matérias e...

- E você não precisa contar isso pra meio mundo – Grace cortou-o.

- Acalme-se, só estou comentando com Sirius.

“Qualquer pessoa e ele vai comentar isso logo com o Black?!” Grace pensou indignada.

- E eu não tenho interesse em contar a ninguém – respondeu Sirius.

- É melhor não ter mesmo... – a garota sussurrou mais para si mesma do que para o vizinho.

- E você, Sirius? Passou direto ou ficou em recuperação em alguma matéria? - David perguntou curioso.

Sirius não entendia realmente o que David queria dizer com “ficou em recuperação em alguma matéria”, pois não estudava numa escola trouxa, então apenas respondeu:

- Passei direto.

- Passou?? – Grace o indagou curiosa e perplexa e o garoto aproveitou esse momento para tirar com a cara dela.

- Passei – disse com um sorriso convencido.

A garota levantou uma sobrancelha, duvidosa, porém seu pai falou antes que ela pudesse dizer alguma coisa:

- Mas não havia alguma matéria que você tinha dificuldade?

Sirius não poderia dizer que tinha dúvida, pois provavelmente David o perguntaria qual matéria era e ele não poderia dizer sobre a escola bruxa e não conhecia nenhuma matéria trouxa para dizer.

- Não, nenhuma.

Grace ficava cada vez mais perplexa.

- Você parece ser um ótimo aluno, Sirius... O que você acha de dar algumas aulas extras à Grace? Até a recuperação é claro. São apenas três matérias: Biologia, Matemática e História.

Sirius nem sabia o que significavam aquelas palavras e nem sabia se gostaria mesmo de gastar uma parte de suas férias ajudando-a à estudar, porém , o exposto tom de desespero na voz dela quando esta disse “NÃO!” fez com que ele tivesse vontade de contrariá-la e respondeu:

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- Sem problema.

Grace lançou-lhe um daqueles seus olhares mortais que fuzilam a pessoa.

- Ah ha ha... Realmente não precisa, viu? Eu sei bem as matérias, sei o que tenho que estudar, não preciso de ajuda.

- Eu sei que você não é burra! Mas eu e sua mãe não vamos ter tempo de te ajudar e nos sentiríamos melhor se você tivesse a quem recorrer se estivesse com dúvidas.

- Eu já disse, não preciso de ajuda - sua voz soou mais dura.

E, ignorando completamente a filha, David virou-se para Sirius e perguntou:

- Quais são os dias que você pode?

Novamente, o desespero e a raiva de Grace, desta vez expostos nos olhos, fizeram Sirius responder totalmente o contrário do que ele responderia se estivesse numa situação destas:

- Qualquer dia.

Ele estava a contrariando e contrariando a si mesmo também.

- Que tal amanhã? E depois vemos os dias certinhos.

- Claro.

- Opa! Opa! Eu já disse que não preciso de ajuda!

- Querida, você acha que não precisa de ajuda, não seja orgulhosa - o pai sorriu - Com licença, vou continuar levando os caixotes para o pátio dos fundos. Até mais.

"Orgulhosa?! Eu orgulhosa?! E você que ta sendo burro de acreditar que esse idiota do Black é inteligente?! Eu mereço, hein!".

Grace ficou encarando o rapaz a sua frente com aquele seu olhar fuzilante.

- Cínico. Você é cínico.

- Eu?

- Não, meu cachorro!

- Mas você não tem um cachorro, Grace.

Ela parou e começou a encarar novamente Sirius.

- Qual é Moore, não vai ser tão ruim assim como você pensa! – ele disse descontraído.

- Vai ser pior.

- Não seja pessimista.

- Eu to sendo realista.

- Você acordou hoje de mau-humor?

- Você nem é inteligente - ela ignorou a pergunta dele.

- Você que acha.

- Eu tenho certeza.

- Quer parar de contrariar tudo o que eu digo?! Qual seu problema? Eu to sendo legal - disse Sirius com um pouco de drama na voz.

- HA HA HAH! Quer ser legal? Desista desse negócio de tentar me ajudar, ok? - respondeu Grace sem um pingo de pena na voz e decidida, virou-se voltando para casa.

Sirius realmente pensava em desistir de tentar ajudá-la, afinal a garota o odiava e ele não aguentaria muito tempo seu gênio forte e teimoso. Valia a pena fazer todo esse esforço para ganhar aquela aposta com Remo? Ele poderia muito bem tentar encontrar outra garota, sim, Grace era linda e gostosa, mas havia muitas outras garotas na cidade que cairiam aos pés dele. Valia realmente a pena todo esse esforço?

Mal sabia ele que mais a frente, esse esforço teria valido muito a pena.

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- Alô? Carrie?

- Grace?

- Eu mesma.

- O que foi?

- Você não vai acreditar.

- Meu deus, o que foi?? Seus pais vão te mudar de escola e eu nunca mais vou te ver?? Ou você ta com uma doença grave e vai morrer?? Ou você encontrou um garoto super gatinho na rua e vai sair com ele?? Ai Grace, fala logo!

- Se você me deixasse falar...

- Ah... Ok, ok, desculpa me empolguei demais, pode contar.

- É o seguinte, eu tenho um novo vizinho muito irritante que se acha e o meu pai simpatizou com ele e quer que ele me dê aulas até as provas de recuperação! Como se eu fosse burra e não soubesse estudar sozinha!

- E...?

- E que esse vizinho é chato e se acha!

- Ele é gatinho?

- Oooi? Você acha que eu ligo pra isso?

- Tenho certeza que você liga.

- Ok, eu ligo... Mas ele é chato e se acha!

- Ta, mas ele é gatinho?

Grace deu um suspiro frustrado, sabia que a amiga ia continuar insistindo nessa pergunta.

- Ele é...

- Fala a verdade.

- GG – era um código que as duas usavam que significava “gato e gostoso”.

- AHHH SUA VADIA!

- Hã?

- VOCÊ TEM MUITA SORTE!

- E você pirou. Sorte da onde?

- Você tem um vizinho gato e ainda vem reclamar que ele vai te dar aulas particulares!

- Isso é sorte?

- Isso é muito mais que sorte.

- Óbvio que não! Ele se acha o último biscoito do pacote.

- Ué, por quê? O que ele disse?

- Ele não disse, ele fez.

- Fez o quê?

- Tentou me agarrar achando que eu ia ceder só porque ele é gato.

Carrie começou a gritar palavrões aleatoriamente e Grace teve de afastar o telefone de seu ouvido.

- ELE TENTOU TE AGARRAR E VOCÊ NÃO DEIXOU?!

- É.

- VOCÊ É UMA COMPLETA VADIA!

- Nossa, com certeza.

- É MESMO!

- Olha, se você conhecesse ele ia me entender, ele se acha o gostosão e...

- E nada mais!

- Tudo mais! Você não ta enten...

- Cala a boca e me escuta Grace: amanhã eu vou aí na sua casa pra tentar ver esse seu vizinho, ok?

- Mas amanhã ele vai vir aqui pra me dar aula.

- Perfeito! Vou até poder falar com ele! Agora eu tenho que ir, minha mãe ta me chamando. Ah, e vê se para de reclamar da sua sorte, tchau, beijos! - e então Carrie desligou.

Grace largou o celular em cima de sua cama e saiu do seu quarto, indo para o banheiro tomar um bom banho quente. Ela não queria nem pensar no inferno que seria o próximo dia.