How To Be A Heartbreaker

Rule Number Two


Dominique estendeu o livrinho de capa rosa choque saído como sempre do nada. Ela deu seu melhor sorriso ao abrir na página onde se lia, com aquelas letras cheias de fru frus:

Regra #2

Não se apegue a alguém que você pode perder

–Dominique... -eu comecei, e ela me olhou feio.

–Shhh. Você sempre entende as coisas errado. Eu sei que a regra um era se divertir sem sentimentos, mas agora isso- ela apontou para o livrinho e deu uma sacudida. Eu temi que todo o glitter colado ali começasse a cair- quer dizer não se apague de jeito nenhum. Sem amizade, sem nada.

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Eu balanço a cabeça.

–Ainda não... não entendi. Você parecia tão feliz pelo quase beijo.

Ela se sentou de novo no pufe em forma de coração de pelúcia vermelho.

–Rose, Rose. É claro que eu estou feliz. É um grande avanço para o plano- ela disse, simplesmente.- Seria melhor ainda se você tivesse a intenção de, sabe, ficar com ele. Namorar e etecetera. Mas isso aqui- ela voltou a erguer o livrinho- é a bíblia de quem quer quebrar corações, e para isso deve ser feito tudo que é necessário.

Tentei controlar o impulso de arregalar os olhos, e tirei uma mecha da minha franja ruiva dos olhos.

–Mas... Dominique. Isso chega a ser cruel. Você fez isso com, com todas essas pessoas? Com todos esses garotos? Tudo em dois anos? Por quê? Eu não...

Dominique se levantou, irritada.

–Vocês querem minha ajuda ou não? E, francamente, Rose, não foram tantos assim... - ela me encarou com seu melhor olhar gélido, que é impressionantemente desagradável porque o azul dos olhos dela fica igual gelo e chega a doer no nosso interior de tão frio.

Levantei-me também.

–Eu só não entendo por que. Porque você age assim. Isso não é legal! Não que eu me importe, é só uma aposta idiota mas mesmo sendo com o Malfoy eu me sinto mal! Você usa as pessoas.

O olhar gelado dela quebrou, e ela jogou o livro no chão.

–Você não... Você não entende Rose.

E então ela saiu. Eu fiquei ali, parada, com as regra dois girando na minha cabeça. Não é como se isso fosse acontecer, certo? Ele é Scorpius Malfoy. Só meu arqui-inimigo desde antes de nascermos e tudo o mais. Não é como se fosse possível, ou viável, que eu desenvolvesse algum sentimento por ele. Odiar Malfoys tecnicamente está no sangue Weasley, mesmo que todos os meus primos insistam em ir contra seus instintos e se bandear para o lado negro da força. Até mesmo minha mãe tinha mudado de ideia, e achava que Scorpius era “até que um garoto razoável”. Mas é. É impossível que qualquer coisa possa me atingir. Eu sou completamente a prova do charme de Scorpius Malfoy e... Espera. Desde quando ele é charmoso? Oh, meu Merlin.

Nesse momento, Lily Luna e seu quase sempre feliz estado de espírito entram.

–Hey meninas... Ou menina?- ela diz, parando no meio de sue passo saltitante- Cadê a Nicki?

Eu coloquei a mão na cabeça.

–Hum, é, nós meio que brigamos. De novo.

Lily arregalou os olhos. Ela colocou as mãos na cintura.

–BRIGARAM? Como assim, brigaram? Rose Jean Granger Weasley, nós precisamos de Dominique e...- Lily parou de gritar e respirou fundo.- O que exatamente você disse à ela?

Eu bufei antes de contar uma versão resumida dos acontecimentos. Lily balançou a cabeça, em negação.

–Rose, essa foi umas coisas mais estúpidas que você já fez. Eu vou... - ela parou de falar e suspirou- Vou tentar concertar isso. E você- Lily ergueu ameaçadoramente o dedo em minha direção- trate de não derrubar nenhuma xícara da próxima vez.

Ela saiu dali pisando forte. Eu não conseguia entender por que. Hoje cedo, as duas estavam brigadas, e agora Lily saía em defesa de Dominique... Com certeza elas estão escondendo algo. Mas não é como se eu não tivesse problemas maiores.

E, é claro, esses problemas atendem pelo nome de Scorpius Hyperion Malfoy.

P.O.V Scorpius, salão comunal da Sonserina

Eu não conseguia me concentrar no xadrez de bruxo, então observava (ou fingia que observava) o jogo voraz de Alvo e Anthony Zabine, o ex de Lily Potter e assustadoramente ainda amigo de Alvo. Na verdade, eu ainda revivia aquela cena na minha cabeça.

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Até tinha marcado um encontro com Kayla, mas eu não tinha certeza se apareceria. Girei o anel da família nos dedos, distraído. Tudo era um jogo, certo? Eu apenas precisava beijar Rose e bingo, provaria que conseguia qualquer garota e a Weasley não era uma exceção a essa regra universal. Mas havia algo naqueles segundos que parecia... certo demais. Não deveria parecer certo com Rose.

Suspirei, enquanto Alvo fazia sua ridícula “dancinha da vitória” e Anthony estreitava os olhos e pedia um novo jogo.

–Eu hm vou sair.- disse, para ninguém, já que os dois ainda discutiam sobre jogar de novo ou não, já que Alvo insistia que iria ganhar de qualquer jeito e Anthony discordava. O mesmo de sempre.

Os dois ignoraram, continuando sua discussão. Jogar ou não jogar, eis a questão. Qual é, eu li sim Shakespeare. Ou talvez só metade de alguns livros. Minha mãe é adora cultura trouxa, e dizia que se eu terminasse como “um Lucius Malfoy” ela ficaria “totalmente decepcionada”, então em fez ler clássicos trouxas. Obrigou meu pai também, mas ele entendeu menos do que eu.

Pensando em absolutamente nada (ou na metade de Hamlet que eu li), saí andando pelo castelo. Posso não ter o mapa do maroto dos Potters, mas tenho uma sorte absurda e quase nunca fui pego.

É claro, que seria muita comédia romântica forçada se Rose Weasley estivesse fazendo a ronda hoje. Mas ela não estava. Isabel Bresling, uma lufana de cabelo loiro sujo que nunca era cortado, estava fazendo a ronda.

Dei algumas voltas no castelo, mas não conseguia aparar de pensar... ahn, bem, na mesma coisa de antes. Vocês sabem. Mas o sono sempre cura, certo?

|| DOIS DIAS DEPOIS ||

Eu acordei com o insistente barulho do Alvo cantando (cantando! CANTANDO! Sim, eu disse cantando) enquanto rodava a blusa do uniforme em cima da cabeça. Eu sei, uma cena medonha.

–Potter!

Ele levantou o olhar.

–Vocês atrapalhou meu momento de go go boy.

Cocei os olhos, sonolento.

–Tenho a impressão de que não quero saber o que diabos é um go go boy.

Alvo fez uma careta.

–Meu irmão que falar com você. Algo sobre “a lição dois”- ele fez aspas no ar, como um grande idiota.

–Pessoas que fazem aspas no ar são idiotas. - eu disse, me arrastando para fora da cama.

Ele parou de rodar a camisa do uniforme e vestiu.

–Ah, cale a boca. Te espero lá fora.


Minutos depois, estávamos tremendo em um dos jardins. Parecia que ia nevar mais tarde, mas por algum motivo James tinha marcado ali. Eu bati os pés impacientemente enquanto o próprio Potter mais velho caminha até nós despreocupadamente.

–Você não está com frio?- Alvo perguntou, encarando o irmão com seu péssimo olhar mortal.

James deu um sorrisinho de canto.

–Não.

–Sério, James, por que não podíamos falar lá dentro?- eu perguntei.

Ele respondeu como se fosse óbvio.

–Primeiro, não somos da mesma casa e segundo, alguém poderia ouvir.

–James, ninguém presta atenção no que você fala, as garotas só acham você bonitinho sem nenhuma razão.- Alvo provocou, mas foi ignorado.

–A palavra da regra número dois é não se apegar. Não só de sentimentos. Não se apegar de jeito nenhum. - James foi claro- Eu sei que você ficou hum incomodado com o episódio do quase beijo. Pare. Se isso continuar...

–Eu nunca sentiria nada assim pela Weasley!- eu disse, por impulso. Uma vozinha irritante na minha cabeça questionava (sempre questionou na verdade) se era verdade ou não.

James apenas balançou a cabeça de leve.

–Não se apegue a nada que possa perder.- disse, e foi embora.

Alvo bufou.

–Odeio os insights de inspiração do James. Ele se sente.

Mas aquilo girava na minha cabeça.

Não se apegue a nada que possa perder. Eu podia perder o que nem tinha?