P.O.V Rose

–Eu vou sentir sua falta- mamãe dá um sorriso triste, me abraçando. Hugo já sumiu dentro do trem, provavelmente está com Lily Luna. Olho para o meu pai, que vem me tratando bem mais friamente do que antes agora- Não se preocupe, Rose. Ele vai superar isso. Está sendo um idiota tão grande, pior do que quando éramos adolescentes e ele não me considerava uma garota. – ela riu.

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Desviei o olhar do meu pai.

–Tudo bem. Eu só queria que ele entendesse, sabe?- respondi. – Eu estou feliz. É isso que devia importar.

Minha mãe sorriu.

–É isso que importa, filha. Agora vai lá. Todo mundo já deve estar te esperando. Inclusive seu namorado.

Ela piscou para mim enquanto o Expresso de Hogwarts soltava seus apitos e eu pulei para dentro. Passei por corredores cheios, todos ainda se despedindo dos pais ou se reencontrando depois do recesso de inverno. Apesar de amar estar em casa, Hogwarts se tornava tanto uma parte de todos nós que era impossível não sentir falta do castelo.

–Cheguei- anunciei para todos do nosso vagão.

Fred me ofereceu um sapo de chocolate.

–Cadê seu loiro?

Eu dei de ombros.

–Deve estar com Alvo ou com o Zabine.

James riu.

–Ele anda tanto com Alvo que você deveria ter ciúmes, Rose.

–Também não entendo como a Dominique não tem ciúme de você com o Fred- respondo, e os dois explodem em gargalhadas.

–Acredite, ela tem. - James diz e Dominique cruza os braços.

–E com razão, James Sirius. Você ás vezes passa mais tempo com ele do que comigo...

Ele passou um braço e puxou Dominique para perto. Fred fez uma careta.

–E agora quem tá sobrando sou eu. R.I.P bromances que chegam ao fim quando um dos amigos arruma uma namorada gostosa.

James quase derrubou seus doces.

–O que você quer dizer com “namorada gostosa”?

Fred parecia muito despreocupado e piscou escondido para nós, do outro lado da cabine.

–Eu quero dizer isso mesmo. A Dominique é uma...

James ficava mais vermelho de raiva a cada palavra. Era engraçado. Dominique, do meu lado, parecia despreocupada também.

–Oh, obrigada Fred- ela agradeceu, com um sorriso perfeito. - Quem está com ciúmes agora, Sirius?- completou, sentando ao lado de James e batendo carinhosamente na bochecha dele.

Eu revirei os olhos enquanto eles começaram a se beijar.

–Ugh, começou a...

–Sem palavrões, Fred- Lily reclamou, tampando os ouvidos.

–Lily é meio sensível demais- Hugo completou e eu continuei a observar as discussões dos dois enquanto Fred dizia que “chega, abandonarei vocês, casais” e sumia para sei lá onde.

–Demoramooos?- Alvo perguntou, escancarando as portas duplas da cabine, com Scorpius logo atrás. Eu sorri, tanto pelo jeito de Alvo quando pelo olhar do meu namorado ali atrás. Meu namorado. Meu namorado. Gostava tanto de como isso soava.

–Onde vocês estavam?- perguntei também tirando as pernas do banco para que eles se sentassem. James e Dominique agora discutiam quadribol (do que acreditem se quiserem, ela também era fã).

Scorpius se sentou do meu lado, largando um pouco do peso em cima de mim.

–Resolvendo assuntos de sonserinos, numa cabine repleta de sonserinos. – respondeu, sem na verdade me responder nada. Dei um soco de leve no seu braço e ele riu.

–Ah, o amor é lindo!- Lily suspirou, encostando a cabeça em Hugo e tirando logo depois. Os dois ficaram vermelhos. Ela olhou para mim com um sorriso sem graça e indicou silenciosamente James, que ainda parecia entretido numa discussão com Dominique.

Alguns minutos depois, os dois saíram da cabine, deixando eu e Scorpius, Dominique e James. Minha prima nos encarou, rindo.

–Acho que vocês deviam procurar uma cabine também.

Eu engasguei no meio da frase.

–O-o que? Dominique, nós não somos você e o James...

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–Ei!- ele protestou, mas todos ignoramos.

–... que ficam de agarramento por aí. Somos comportados. Civilizados.

–Infelizmente, né ruiva?- Scorpius disse eu dei uma cotovelada muito bem dada nele. – Ai, Rose. Mas é verdade, oras. Você podia ficar um pouco menos certinha, hã.

Eu corei, mesmo sem motivo. Qual é, não é como se eu nunca tivesse pensado em bem, hã, nisso. Mas eu ainda acho tudo muito cedo. E nós sabemos a fama do Scorpius. Não custa nada não arriscar, agora que eu admito: isso não é mais uma aposta. E eu não sou capaz de quebrar o coração de Scorpius Malfoy porque isso também quebraria o meu. Pois é, eu segui o livrinho de conselhos da Dominique todo errado.

–Eu acho que vocês deviam pelo menos comprar os próprios doces. – James resmungou, enquanto Scorpius pedia mais um feijãozinho de todos os sabores.

Dominique fez cara feia.

–Deixa de ser um gordo egoísta, James.

Scorpius ergueu as mãos em rendição. Depois em encarou, com aqueles olhos cinza e piscou.

–Não, não, ele está certo. Vamos, Rose. Vamos comprar alguns doces. - e me puxou pela mão para fora da cabine.

–Você não precisava ter ouvido Jam... - ele me deu um selinho me fazendo parar a frase.

–Como você pode ser um gênio e ainda assim... - ele riu, balançando a cabeça e me colocando na sua frente no corredor estreito. Eu me virei para ele, de braços cruzados, anda de costas.- Não faço bico, Rose. Eles queriam uns minutos sozinhos.

–Era só pedir.

–Seria falta de educação praticamente nos expulsar de lá.

–Assim é mais educado?

Ele me puxa para mais perto e está prestes a me beijar de novo quando uma cabine se abre. Alicia Summers com um horripilante sorrisinho de canto. Ah, não. Eu não mereço isso. Do céu para o inferno.

–Rose! Eu estava mesmo procurando você.

–Desde quando você chama a Rose de Rose, não de Weasley?- Scorpius perguntou, e eu desejei mais do que nunca que ele não se metesse. Os olhos de Alicia brilharam do que eu só posso classificar como pura maldade.

–Seu namorado que formalidade, não é Weasley? Tão fofos... - ela soltou mais um risinho de escárnio. – Ah, se ele soubesse... Já estamos em janeiro, Weasley. Muito bem, eu devo dizer. Eu não esperava que fosse realmente conseguir... Quem esperaria? Mas, tudo bem. Você venceu.

Scorpius olhava de uma para outra, confuso. Em qualquer outra situação, eu pararia para apreciar como ele fica fofo confuso, com aquela ruguinha na testa e a boca meio aberta. Mas não dessa vez. Eu ainda não tinha pensado como (e se) contaria para ele. Não é assunto legal, ou fácil. “Ei, namorado, eu só comecei a sair com você por causa de uma aposta, mas eu me apaixonei de verdade, então está tudo bem”. Não. Nem pensar. Eu devia ter imaginado que ela iria atrás de mim.

–Scorpius, vai comprar os doces.

–Não, Rose. Eu não vou deixar você aqui com ela.

–Scorpius, por favor, faz o que eu disse só dessa vez... - eu implorei, mas ele continuou no lugar e ainda delicadamente me empurrou para trás, protetor.

Toda a culpa que eu acumulava desde que me peguei amando esse garoto estava começando a me sufocar, a criar aquele incomodo no peito que faz o ar difícil de respirar. Meus olhos se encheram de lágrimas, sem eu querer.

–Alicia, por favor... Por favor, eu juro que eu faço eu faço qualquer coisa, por favor, não...

Ela jogou os fios loiros escuros para trás.

– Você contou a ele, não contou? Oh, Rosie...- ela balançou a cabeça. Camila Belle, atrás dela, compartilhava do sorrisinho cínico.

–Contar o que? Rose, o que está acontecendo aqui, de verdade?

Alicia riu de novo e aquilo foi como furar meus ouvidos.

–Ele quer a verdade, Weasley. Você conta a ele... Ou eu que vou fazer as honras?

Puxei o braço de Scorpius, em vão. Ele continuou parado, petrificado ali. Alicia viu nisso um incentivo para começar a falar.

–Nunca se perguntou, Scorp, por que ela se aproximou de você? Por que, já que dois que se odiavam tanto? Um interesse repentino? Isso não é um conto de fadas... Rose Weasley está te usando. Te usando para provar que sim, ela consegue quebrar um coração de um garoto como você.

Scorpius parecia não acreditar. E isso podia ser bom, não podia? Eu poderia dizer que era mentira, e seria minha palavra contra a de Alicia...

–Vamos, Weasley. Diga a ele. Ou você vai mentir de novo?

Scorpius se afastou. Os olhos dele também estavam cheios de lágrimas, e o monstro da culpa se agigantou ainda mias dentro de mim.

–Rose... Se isso for verdade, por favor, me diga se isso for verdade... Por favor.

Eu não respondi. O ambiente parecia estar encolhendo encolhendo, não tinha mais espaço eu não conseguia respirar, eu não conseguia respirar. Mas meu silêncio falou por mim.

–Não. –ele disse. – Não. Rose, eu não acredito... Foi tudo uma mentira, então?

–Não! Quer dizer, não, Scorpius, não foi uma mentira... Em algum momento dessa loucura eu me apaixonei, e eu não poderia fazer isso, eu não poderia quebrar o seu coração... Porque quebraria o meu também. E nós fazemos de tudo para não nos quebrar.

–Então, você só não quebrou meu coração por sua causa?- ele gritou, nós dois gritávamos. E que se dane se todos estavam ouvindo.

–Por Merlin, você entendeu tudo errado! Eu achava que você era um monstro que só brincava com os sentimentos das garotas, mas você não é, não é um monstro. Você é incrível, Scorpius Malfoy. Em algum momento disso tudo eu te amei, e eu te amo e eu não posso ficar sem você... E eu me sinto tão mal por isso tudo!

Ele passou a mão no cabelo, nervosamente.

–Tudo que eu queria era acreditar no que você diz, mas não consigo. Não agora. Só me dê, um tempo está bem?- se aproximou e beijou a minha mão.

Eu não conseguia levantar e encarar todos aqueles olhares. Olhei para o chão, em vez disso, tentando me afundar no carpete vermelho desbotado. Sabia que olhos perplexos me encaravam. Sabia que Alicia Summers tinha um sorriso vitorioso nojento e que acreditava que agora o Scorpius seria dela. Sabia que não ia desistir. Mas naquele momento, não tinha força para mais nada além de sentar ali, e chorar. Eventualmente, ia passar a graça e parariam de me encarar.

*****

Lily Luna me encontrou ali, dez minutos depois, a cabeça entre as pernas. Não fez perguntas, só me ajudou a levantar e me levou para uma cabine. Dominique estava lá, e apertou minha mão antes de sair. As duas se foram.

Eu precisava ficar sozinha um pouco. Sozinha. Só eu, minha culpa e meu coração partido.