As ruas antes desconhecidas, tornaram-se claras a partir de um ponto, finalmente fiquei ciente de minha localização, não estava mais perdida…

Sabia que minha casa não era tão longe de onde eu estava, porém o caminho parecia se alongar e serpentear incontrolavelmente.

Assim que consegui chegar em casa, meu primeiro impulso foi agarrar a maçaneta da porta e tentar girá-la, porém ela não girou. Puxei-a com mais força e a porta nem ao menos se estremeceu.

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Julgando que a porta estivesse trancada devido as altas horas da noite, corri até a janela da sala de onde pude ver minha mãe, deitada sobre o peito de Fernando e Danita deitada de atravessado sobre o colo de ambos. Eles sorriam, enquanto assistiam um filme na televisão… Tal qual uma família.

Sorri, inebriada por vê-los assim…

Abobalhada bati novamente na porta na esperança que eles viessem abri-la… E a porta se abriu, fazendo-me arregalar os olhos. Tudo o que vi foi escuridão, tentei voltar mas uma força sobrenatural sugava-me para dentro. A temperatura caiu rapidamente e logo comecei a tremer de frio…

Senti o peso de minha cabeça sobre meu pescoço, meus olhos teimavam em fechar e meu corpo estava exausto demais para qualquer movimento. Encostei em algo que talvez fosse uma parede e deixei meu corpo escorregar de encontro ao chão. Diversas imagens correram em minha mente como se estivessem fugindo e um sentimento de que algo havia sido deixado incompleto insistia em me atormentar. Fiquei quieta, apenas os ouvindo os barulhos de minha mente e sentindo os roncos do meu estômago, por um tempo imensurável. Não havia nenhum barulho, senão os meus e os de uma goteira d’água que respingava ao meu lado…

Permaneci ali por semanas ou talvez meses, até perder completamente a noção do tempo e do espaço, até começar a ver na escuridão, até que a pequena goteira enchesse o local de água, derrubando quaisquer que fossem as barreiras e se transforma-se em uma correnteza.

Desci por ela violentamente, debatendo-me, tentando sobreviver… Me agarrei em tronco que descia correnteza abaixo comigo e outras milhares de coisas…

Para meu total desespero, logo a frente avisto uma queda d’água, para a qual a correnteza estava me levando com violência… Fecho os olhos, apertando-os com força, rezando em silêncio. Uma voz familiar ecoa pela minha mente, distante, chamando incessantemente pelo meu nome. Grito o mais alto possível para responder. E sinto meu corpo gélido despencar cascata abaixo…

Aspiro fortemente pelo nariz fazendo com que ruídos estranhos saiam pela minha boca. Abro os olhos bruscamente, mas sou obriga a fecha-los devido aos fortes raios de sol. Meu corpo começa aquecer lentamente sobre uma superfície macia e ouço o barulho da correnteza novamente… Uma mão acaricia meu rosto de maneira suave, mas assustada reajo tentando impedi-la.

— Calma Sage… Eu estou aqui. Agora tudo ficará bem, estamos em casa outra vez…

Abro os olhos lentamente e vejo um campo verde maravilhoso ao meu redor. Uma magnífica flamboyant vermelha tentando impedir os raios solares de atingir meu corpo, um riacho deslizando serpenteante e Álvaro carinhosamente me envolvendo em seus braços.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.