Tiago Sirius Potter ainda estava parado olhando para o ponto em que o pomo de ouro fora capturado. Alvo montou novamente à vassoura e voou até o irmão.

-Vamos? –perguntou. Tiago se virou. Seus olhos estavam apertados, o que Alvo associava ao mais perto que ele chegava de chorar. Ele concordou e os dois desceram ao chão.

Nenhum dos jogadores disse nem uma palavra a caminho do vestiário, embora Alvo tivesse certeza de que tivessem trocando olhares furtivos às suas costas.

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Todos ficaram pelo menos cinco minutos sem falar, até que Patrícia tomou a iniciativa.

-Então é isso, não é? Acabou...

Alguns concordaram com a cabeça, mas o silêncio reinou no vestiário novamente.

-Por que não a derrubou? –perguntou Scorpius de repente.

Tiago encarou Scorpius, abriu a boca, mas não conseguiu dizer nada.

-Diferente de você, Malfoy, meu irmão não bate em meninas. –respondeu Alvo. Não sentia raiva do irmão, pelo contrário, o admirava ainda mais.

Scorpius revirou os olhos.

-Nunca bati na Weasley. –retrucou Malfoy, depois voltou-se para Tiago. –Era só um jogo. Ela sabia do perigo que estava correndo. Você já deve tê-la derrubado uma vez, não?

-Não. –respondeu Fred. –Ele sempre ganhava por que chegava primeiro, nunca a derrubou.

Scorpius fez cara feia e o silêncio reinou mais uma vez.

Pedro andou de lá para cá várias vezes antes de falar.

-Esse jogo foi...

-Uma vergonha. –completou Malfoy.

-Talvez se você derrubasse alguém da vassoura, poderia ser menos vergonhoso. –desdenhou Alvo.

-Eu quebrei o queixo do Payell! –defendeu-se Scorpius.

-Nossa, foi uma grande coisa mesmo, tanto que ele voltou cinco minutos depois, não foi? –respondeu Alvo.

-Cale a boca, Potter!

-Dá para os dois calarem a boca?! –gritou Pedro. Suas mãos tremiam, juntamente com uma veia saltada em sua testa. – Já não foi ruim o bastante o que aconteceu hoje? Escutem aqui, não seria verdade se eu dissesse que não treinamos o bastante, porque passamos mais tempo nesse estádio do que todas as Casas! O único problema é que...

-O Potter quis bancar o cavalheiro e não quis derrubar a Anderson! –Fayel praticamente gritou.

-É porque eu não sou um brutamonte feito você! –Tiago finalmente se defendera.

Novo silêncio. Tiago e Marcos se encararam, mas como Alvo já esperava, o goleiro logo sentou-se, afinal, não era louco para fazer algo mais contra Tiago Sirius Potter.

-Então é isso... –disse Pedro, as mãos na cintura. –Espero... Espero ver todos vocês no time ano que vem.

E foi embora. Um a um, os outros jogadores foram fazendo o mesmo. Patrícia deu um tapinha solidário nas costas de Tiago antes de sair.

O vestiário foi se esvaziando até sobrarem apenas Fred, Alvo e Tiago, que estava sentado com a cara apoiada nas mãos. Os dois garotos se entreolharam antes de falarem alguma coisa.

-Sabe, não foi tão ruim assim. –disse Fred.

-Ruim? –repetiu Tiago levantando a cabeça. –Eu fui horrível.

-Você foi nobre. –Alvo corrigiu.

-Fui um idiota, isso sim. –retrucou Tiago. –Fiz a gente perder o Campeonato! Eu nunca perdi o Campeonato!

-Para tudo há uma primeira vez. –lembrou Alvo.

Tiago sacudiu a cabeça e levantou as mãos para o alto.

-Vocês dois não entendem? Eu fiz a gente perder todo o trabalho de um ano de treinamento! Foram noites que passamos montados nessas vassouras perambulando pelo campo para chegar na hora do grande jogo e eu estragar tudo!

-O que você fez foi o certo. –retorquiu Alvo.

-Não apanhar o pomo? –perguntou Tiago, zangado.

-Bom... Isso foi errado, quer dizer, você podia ter continuado, sabe, mas não ter derrubado a Amy. É isso que te faz diferente. E faz parte da sua reputação não bater em meninas, certo? E eu... Eu te admiro por isso. –respondeu Alvo.

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Tiago olhou desconfiado para o irmão, como se ele tivesse dito algo muito suspeito, depois baixou os olhos. Não parecia muito convencido de que o que ele fizera fora certo, e Alvo o entendia. Lembrou-se de quando um menininho de sua escola quisera brigar com ele por causa que Alvo fizera, sem querer, a cadeira que ele ia sentar desaparecer.

-O que você fez foi o certo. –a mãe o consolou quando ele chegou em casa.

-Mas ele ficou me chamando de covarde. Tiago disse que eu devia ter topado a luta. –ele respondeu, e a mãe lançou um olhar zangado ao filho mais velho.

-Será que podem me deixar sozinho? –perguntou Tiago, apontando para o Mapa que acabara de tirar do bolso. Ele sempre gostava de ficar olhando as pessoas pelo Mapa quando estava zangado ou chateado, o ajudava a pensar nos outros, e não nele e seus problemas.

Alvo e Fred concordaram e saíram. Demorou para Alvo perceber que havia alguma coisa errada acontecendo. Não havia sequer uma pessoa nas arquibancadas ou no estádio. O campo estava completamente vazio, assim como os jardins da escola. O que era muito estranho visto que era dia de jogo, ainda mais sendo um final de Temporada. As pessoas deviam estar gritando pelos jardins e comemorando a vitória da Corvinal. Mas antes que ele pudesse pensar em mais alguma coisa, viu uma pessoa correndo em sua direção.

-MENINOS! MENINOS! –berrou Clodeck, o Auror, ofegante. –Aí estão vocês... Precisam ir... Para o castelo... Rondres... Aqui...

-Bob Rondres está aqui? –exclamou Fred.

Clodeck fez uma careta e confirmou. Uma sensação estranha perpassou o corpo de Alvo. Bob Rondres estava aqui, tão perto dele, seria esse o seu fim? Como o bruxo conseguira passar pelos Aurores? Várias perguntas surgiam na cabeça do garoto, mas antes que ele pudesse as fazer para Clodeck, o Auror o agarrou com a mesma rapidez com que viera até eles.

-Espera! –Alvo gritou.

-Não temos tempo! –resmungou Clodeck, lutando para arrastar os dois meninos.

-Mas o meu irmão! Ele está no vestiário! –disse Alvo, tentando se desvencilhar.

-Seu irmão ficará seguro. –Clodeck respondeu, olhando para os lados. –É você que ele quer.

Alvo e Fred foram o caminho todo até o castelo tentando se soltar dos braços de Clodeck, mas o Auror insistia em arrastá-los. Será que ele não entendia que para Bob Rondres não fazia diferença se a pessoa era ou não o Escolhido pela Profecia? Tiago corria tanto perigo quanto Alvo, afinal, os dois eram filhos de Harry Potter, de quem Rondres sentia um profundo ódio por ter acabado com seu mestre.

-Meu irmão! Você tem que busca-lo! –Alvo gritou.

-Escuta aqui, Potter! –Clodeck se zangou e empurrou Alvo contra a parede. –Seu irmão ficará bem, temos que nos preocupar é com você, entendeu?

Alvo e o Auror se encararam por um tempo.

- Onde está o meu pai? –Alvo perguntou, preocupado.

-Ele está bem. –respondeu Clodeck, mais calmo. –Está com os outros alunos no Salão Principal. Agora precisamos encontrar um refúgio.

-Um refúgio? –repetiram Fred e Alvo juntos.

-É, um refúgio. –confirmou Clodeck, olhando para os lados outra vez, como se esperasse que Bob Rondres fosse saltar de um arbusto e ataca-los. –Você não pode ficar com os outros alunos. Os colocaria em perigo.

-Ótimo, então eu vou indo. –disse Fred, mas antes que ele pudesse dar o primeiro passo, Clodeck o agarrou pelo ombro.

-Você vem comigo. É... Perigoso andar por aí.

Alvo trocou um último olhar com Fred e ele teve certeza de que o primo também gostaria de poder avisar Tiago.

Clodeck os levou para o Saguão de Entrada e depois praticamente correu com os dois para a escadaria de mármore.

O caminho todo, Alvo sentiu uma estranha sensação no estômago, seu coração batia forte, parecia que havia voltado no tempo um ano atrás e estava andando pela Floresta Proibida com Carlos e Rosa à procura do Túnel.

Em todo o lugar que paravam, o Auror dava uma espiada em cada canto dos corredores. Isso fazia o medo de Alvo aumentar.

Eles deram voltas e mais voltas pelos corredores até chegarem a um conhecido corredor, em frente a tapeçaria de Barnabas, o Amalucado.

-O que estamos fazendo aqui? –perguntou Alvo,

-É, achei que íamos procurar um refúgio. –disse Fred. –A Sala Precisa não vai deter Rondres, vai?

Mas Clodeck não respondeu. Andava de um lado para o outro. Na terceira vez que ele foi e voltou, apareceu uma porta gigante na parede. Clodeck abriu-a, olhou para os lados e, parecendo atordoado, fez sinal para os dois entrarem.

Alvo e Fred trocaram olhares antes de, juntos, atravessarem o arco. A primeira coisa que Alvo viu foi que já havia alguém na sala.