Não quero que você vá

Derek parou o carro em frente de casa. Tínhamos acabado de sair do restaurante. Olhei pra ele.

- Não acha que a gente precisa conversar? – Perguntei e ele olhou pra mim.

- Sobre o que?

- Você tá tão estranho, Derek.

- Eu to normal. – Mordi o lábio inferior por dentro.

- Parece que você não se importa com nada. É como se você tivesse em outro lugar. Parece que você não se importa...

- Me importar com o que, Lily?

- Comigo, ué. Com quem mais?

- Claro que eu me importo com você.

- Eu sei, mas... Não parece. – Ele não falou nada e eu não saí do carro. – Eu entrei no seu facebook ontem de tarde. – Ele olhou pra mim.

- Você fez o que?

- Foi curiosidade só.

- Isso já é invasão de privacidade, Lily.

- Você entra direto no meu e eu nunca falei nada.

- Entrou lá pra que?

- Já disse que foi curiosidade. E estranha aquela tua amiga né? – Ele riu irônico.

- Não acredito que foi por ciúmes.

- Não foi por ciúmes.

- Ah não?

- Tá, foi. Mas não só por isso. E outra, parece que a sua namorada é ela e não eu.

- Para de drama, Lily.

- Não é drama. Eu só to falando a verdade.

- Acho que você tá ficando as namoradas malucas que fuçam em tudo.

- Eu to falando da menina, Derek. Não porque eu entrei lá. E qual o problema nisso?

- Agora eu que te pergunto, qual o problema em eu falar com ela?

- Já reparou no jeito que ela fala com você? Fica toda de nhenhenhe... – Disse fazendo uma careta.

- Não quero mais você entrando lá.

- E por que não?

- Não quero, Lily.

- Tá jogando a culpa em cima de mim agora?

- Culpa de que?

- Da sua ceninha só porque li a sua conversa com a tal Amanda. – Ele respirou fundo. – Ah, quer saber, tchau, Derek. – Saí do carro batendo a porta e entrei em casa.

(...)

- Lily? – Me chamaram batendo na porta. Bufei. Era o Derek.

- Que?

- Deixa eu entrar?

- Tá aberta, ué. – Ele abriu a porta e sentou do meu lado na cama.

- Não vai ficar com ciúmes né? – Olhei pra ele. – Ela não é importante pra mim.

- Ela é sua amiga.

- É. Mas obviamente eu prefiro você do que ela. – Ele disse fazendo uma careta e me fazendo rir. – Tudo bem?

- Tudo. Mas... Vamos voltar a ser que nem éramos antes de eu ir pra Londres?

- Claro. - Ele disse sorrindo. - Amo você. – Sorri.

- Também amo você.

- Chega mais pra lá. – Ele disse tirando o tênis e colocando o lençol mais pro lado. Fui pro lado e ele deitou comigo.

(...)

- Não acredito que você já vai. – Disse fazendo bico. Pois é, Derek tá indo hoje. Drew e Megan foram pra Londres três dias atrás. Eu estava junto com a mãe e avó do Derek, Ryan e Katy.

- Eu volto. – Revirei os olhos e ele riu.

- Foram só duas semanas.

- Eu sei... Mas até o começo das minhas aulas eu volto.

- É, tem o meu aniversário também.

- É... Eu sei. – Juro que se ele não vier pro meu aniversário, eu mato o Derek.

- Se meu pai resolver me dar dinheiro, eu vou lá te ver.

- Tudo bem. – Ele me selou.

- Não quero que você vá. – Disse agarrando ele, que riu.

- Eu tenho que ir.

- Promete me ligar quando chegar?

- Prometo.

- Não vai ficar com medo? – Ele fez cara de confuso.

- Medo de que?

- Do avião. – Ele engoliu em seco e eu ri fraco.

- Um pouco só.

- Não vai surtar.

- Não vou. – Ele me beijou. – Te ligo quando chegar. – Assenti.

(...)

- E o voo como foi? – Perguntei pro Derek. Ele tinha chego a, mais ou menos, meia hora. Estávamos no telefone. Eu estava vestindo a blusa que ele deixou pra mim aqui. Era tão confortável. E cheirosa. E perfeita... Ok, menos.

- Foi... Normal.

- Tomou calmante e dormiu né?

- Ah... – Ri fraco. Já imaginei ele passando a mão na nuca tentando encontrar alguma maneira de dizer que ficou calmo.

- Conheceu algum vizinho já?

- Mas eu acabei de chegar.

- Mas não viu a cara de nenhum?

- De um casal do andar de cima.

- Eles têm cara de que são simpáticos?

- Qualquer casal de velhinhos tem cara de simpáticos.

- Que meigo! – Ele riu.

- A senhora Johnson me deu uma torta de limão.

- Só porque eu não to aí pra comer também. – Ele riu. Eu amo torta de limão.

- Quando eu for pra aí, te compro muitas tortas.

- Eu vou cobrar!

- Pode cobrar.

- Você nem comprou comida ainda né?

- Mais tarde eu vou.

- Quando seu carro vai chegar aí?

- Disseram que amanhã.

- Sua mãe tava quase morrendo quando estávamos voltando. – Ele riu. – Ela quase chorou!

- Ela chorou antes de a gente sair de casa. Ela acha que eu vou morrer morando sozinho.

- O que não é difícil levando em conta suas experiências na cozinha.

- Hey, eu sei fazer doce!

- Não quero um namorado obeso, obrigada.

- Eu me viro.

- Com miojo?

- Hm... Também. Me deu vontade de comer agora.

- To com fome também. – Disse vendo o que tinha na geladeira.

- Aquele sanduíche de bacon que você faz é uma delicia!

- Me inveje. Tem bacon aqui em casa.

- Sacanagem isso, Lily. – Ri.

- Não sei mais o que coloco no sanduíche. Um pouco de pepino fica bom.

- Credo, garota.

- É sério. Fica bom mesmo. Mas continuando, alface...

- Tomate, queijo... Tem que tomar com Coca.

- Mas é lógico. Acho que já chega de coisa gostosa no meu sanduíche. Apesar que to sentindo que tá faltando alguma coisa.

- Falta eu.

- Palhaço. – Disse rindo e ele riu também.

(...)

- Ryan, dá pra levar a Valentina pra viajar né?

- É só comprar aqueles troços que colocam os animais dentro pra transportar. Tá pensando em ir pra onde?

- Califórnia. Onde mais? To pensando em ir pra lá um dia antes do meu aniversário.

- Uma coisa só de vocês. Tá. Já entendi.

- Credo, que mente poluída. Mas enfim, lógico que a Valentina vai comigo.

- Ela não vai morrer por um dia, Lily.

- O pai iria cozinhar a coitada. – Ele revirou os olhos e me empurrou pra deitar no sofá. – Nossa, quanta gentileza da sua parte.

- Obrigado. – Revirei os olhos e sentei no outro sofá, me juntando a ele e assistindo a qualquer coisa que parecesse interessante na TV.