Ring - Ring

Peguei meus livros e deixei a sala de aula. Caminhei pelos corredores lotados com alunos deixando suas salas de aula.
Eu vim para a porta, descendo as escadas e comecei a andar ate a minha casa.
Eles estavam reformando o parque, eu notei quando eu passei, esse parque. Foi o meu parque. Jogava com meus amigos depois da escola. Permaneci ali parada olhando, tantas lembranças...

Olá– disse alguém tocando meu ombro com os dedos trêmulos.Virei a cabeça um pouco para me encontrar com aqueles olhos dourados que foram se tornando mais familiar para mim.
Olá– eu digo,caminhando novamente.
Você mora lá?– Disse, apontando a direção que eu sempre ia, mas mesmo não vendo,sabia que ele estava apontando pra la.
Sim.
Você se importa se te acompanho? - Eu pensei um segundo e então balancei a cabeça. Caminhamos lentamente, sem falar, só andamos um quarteirão quando eu ouço um: Guilherme!Guilherme!

E pela voz, eu sei que é Carolina. Ele para, mas eu continuo andando, pega o meu braço e sussurra: "Espere um minuto." Ele se vira e olha Carolina, que por seus passos esta muito perto.

Guilherme, eu estive te procurando – disse a voz.
Saí rápido da escola.
Sim, já percebi– riu -. Vamos dar um passeio na praça, eu e os meninos,você quer vir?– Aparentemente eu sou invisível, como si isso fosse estranho.
Não... Acho que não. Prometi a Isabella acompanhá-la ate sua casa – Eu exalto um segundo e começo a andar, mas ele adivinha meus pensamentos porque ele pega meu braço.
Mas ela pode ir sozinha... Não?– E o seu tom de voz que está pedindo em sua mente que eu não decida neste momento ser a mesma Isabella de antes. Quando isso nunca vai acontecer.
Absolutamente sim– digo. Tentando me soltar, mas ele aperta meu braço novamente.
Mesmo assim, eu disse algo e eu vou cumprir.
Mas não...
Outro dia, talvez, Carolina.
Eu lhe disse para me chamar de Cah. Carolina soa tão... Eu não sei, tão formal. Eu não gosto – Levantei minha sobrancelhas, ate onde eu sei,ela ama seu nome.
Não gosto de colocar apelidos nas pessoas.
Mas é um apelido carinhoso. Todo mundo me chama assim.
Mesmo assim.
Oh...ok – não vejo,mais sei que ela esta com uma cara de cachorro abandonado -.Melhor irmos, nós esta esperando.
Carolina,hoje eu não vou. Talvez outro dia.
Bem, hey você me deve– disse ela e correu na direção oposta à nossa. Eu tentei caminhar, mas ele ainda estava me segurando pelo braço.
Pode me soltar?– Eu perguntei e imediatamente fez - Obrigada– eu disse e continuei caminhando.
Obrigado, por não ter ido– disse ele.
Mesmo se eu quisesse, eu não podia, você esta me segurando pelo braço– disse a ele sem olhá-lo.
Mesmo assim, obrigado. Se você tivesse ido não teria uma desculpa para não ir com eles.
Então eu sou uma desculpa– digo.
Você sabe que não é o que eu quero dizer. Mas entenda como quiser– Apenas revirei os olhos e continuei andando.

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