Primeira aula do dia: Biologia. E com quem: Rian.
Depois do tombo, de ontem, nele e em seus “amigos” não acredito que se atreva a sequer olhar para mim, mas como sempre, ele olha, e, além disso, está ficando mais perto de minha mesa. São duas mesas de novo e espero que não tenha a idéia de sentar comigo.

Oi– disse, e colocou sua mochila em cima da mesa.
Você quer levar outro tombo?
Uau, que agressiva. Assim, ninguém vai se aproximar de você.
Não tento isso.
Bem,eu estou aproximando de você– se sentou no assento ao meu lado.
Faça o que quiser– eu disse e abri meu livro, enquanto o professor começava a aula.
Bom dia alunos. Hoje vamos falar de Vitaminas– foi a primeira e última vez que ouvi ,como eu liguei meu Ipod e aumentei o volume,fico fingindo estar interessado no livro.

Após cerca de 30 minutos de aula com Rian,ele pegou minha mão e colocou uma bola de papel amassado. Eu olhei e ele apenas piscou.

Ring - Ring

Eu guardei o meu livro na minha mochila e fui direto para a saída, mas antes eu parei um momento no lixo e olhei para Rian, joguei o papel, sem abrir, no lixo…

–—

Tomei um suco de Laranja e fui para a entrada do refeitório, onde todos estavam comendo.
Cheguei ao muro que estava do lado das escadas de entrada e sento.
Balançando minhas pernas.
Quer dizer, era um muro alto, cerca de um metro de altura e tinha muitas plantas em baixo, a parede era colada com uma coluna circular que leva ate as escadas.
Abri o suco e tomei um gole.
Olhei para o céu, minha mãe estava me vendo. E se me vê-se como a menos social do colégio? Afinal, ela nunca gostou de meus amigos. Ela sempre me disse que eles não me valorizavam o suficiente. E, afinal, ela estava certa.
Eu fechei meus olhos e senti uma brisa suave em meu rosto, é claro, a parte que não estava coberta pelo capuz e pela minha franja.
Senti que a porta foi aberta, em qualquer outra época teria olhado, mas… Não, não.

Olá– disse alguém. Aquela voz… Eu conheço. Não, não pode ser. Olhei. E sim, poderia ser. Aqueles olhos dourados… Tão familiares. Idênticos aos Da… Assenti com a cabeça -. Eu não sei se você lembra, eu sou o Guilherme da aula de Inglês.
Sim, eu lembro.
Oh, bem– ele se aproximou da parede e se sentou ao meu lado, mas não me olhou -. Você também esta fugindo do barulho que tem lá dentro?
Não fujo, só não gosto de estar perto de pessoas– eu disse. Em outro momento somente teria negado com a cabeça, mas esse menino tem alguma coisa… Eu não sei exatamente, mas isso me faz sentir… Diferente.
Nem eu– disse ele, e pude sentir a sinceridade em sua voz -. Eu nunca fui muito bem em me socializar com as pessoas.
Bem… Há sempre uma primeira vez. Não demorou muito para se dar bem com o grupo popular. Carolina gosta de você, e isso é o bastante.
Eu não me importo muito em ser popular– Olhei em seus olhos. “Escutei bem? “Não quero ser popular?”Desde que tenho memória, a escola sempre foi uma luta entre si para ver quem é mais popular -.Estou interessado em ser eu, Guilherme.
Uau– foi à única coisa que eu disse.
E você? Em que grupo você pertence?
Nem um em especial– suspiro fortemente -. Eu sou mais do grupo “Não me incomoda”
Então eu acho que nós nos damos bem– Olhei em seus olhos e sorriu.Olhei para longe e sussurrei um “Aham”.

Não falamos mais, apenas se ouvia o som dos carros passando na avenida.

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