Born To Die.

Near...


Três batidas.

Que diabos estava acontecendo do lado de fora daquele apartamento? Naquela maldita rua, que nem perante seu momento de reflexão melancólica se dignava a silenciar?

Algum arruaceiro por acaso tentava lhe destruir a janela?

E com tantos outros dias para fazê-lo tinha mesmo que ser justo agora, no meio dessa chuva?

Pouca coisa detestava tanto quanto chuva.

Sentimentos ruins sobre memorias boas...

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Arrancou mais tufos do cabelo branco. Presos entre as mãos pálidas, os fios eram patéticos como a sua postura.

Era só chuva.

Era só medo.

Era só Mello.

E as batidas continuavam, incomodando o chiado da TV, a chuva e a goteira no teto.

Menos ele.

Ele não se incomoda.

Não sente, certo?

Fala de insensibilidade e melancolia como se fossem próximas, e ainda se acreditava um gênio, ainda se propunha a dizer levar as coisas por um caminho lógico. Tudo que fazia era esconder bem, e de alguma forma, isso bastava. Bastava trazê-lo ao primeiro lugar, deixando-o no segundo e também para sua destruição gradativa.

Alguém tem noção de como se manter impassível a coisas que perturbam? Isso não é coragem, inteligência ou força, no máximo, masoquismo.

Claro... Vencer essas coisas significava mais que virar-lhe as costas. Por momentos, até tinha pensando em fazer isso, por momentos, havia conseguido.

Vidro caiu sobre o chão como confete.

Nate olhou pra o canto o oposto da sala, irritado a ponto de apatia, levantou-se a contragosto e rastejou até a cozinha. Voltando com um copo plástico transbordando cubos de gelo, as mãos em volta dele com cuidado, o cuidado não dado aos cabelos.

–ESTÁ FELIZ AGORA?! – Grita o albino, o rosto vermelho. Da sua janela no quarto andar, despeja o conteúdo sobre quem quer que esteja ali para recebê-lo.

–Near?- Balbucia a criatura bêbada, estranhando o comportamento, os fios loiros colados ao rosto.

Silêncio.

Fora o resto da rua.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.